No Dia Mundial do Rim, o Hospital Pequeno Príncipe mobiliza sociedade em prol da qualidade de vida de crianças e adolescentes com problemas renais
“Tratamos nosso filho não como uma pessoa doente,
mas como uma criança normal que possui cuidados especiais”, conta Cássia
Caroline Silva Guerra, mãe do pequeno Miguel Guerra, de 3 anos, que desde o
nascimento tem o diagnóstico de insuficiência renal crônica. A rotina de
adultos, adolescentes e crianças que sofrem com insuficiência renal não é
fácil. Para a maioria dos pacientes, incluindo os
que dependem de diálise e os transplantados renais,
o tratamento para controlar a doença pode ser desgastante.
A dieta restritiva que exige a exclusão de sal dos
alimentos, o controle da sede e a ingestão de minerais como potássio, sódio e
fósforo, por exemplo, faz parte do dia a dia dessas pessoas. O cotidiano,
especialmente das crianças, também acaba sendo afetado por sintomas como fraqueza, coceira ou inchaços pelo corpo. No caso dos
pacientes que realizam diálise peritoneal ou hemodiálise, há limitação de
determinados tipos de atividades como ir à piscina ou entrar no mar, para
evitar infecções por causa do uso do cateter. Já os transplantados devem evitar
a prática de esportes de contato como o futebol.
Há
mais de três décadas oferecendo o Serviço de Nefrologia, o Hospital Pequeno
Príncipe aproveita o Dia Mundial do Rim, sempre celebrado na segunda
quinta-feira do mês de março, para conscientizar e orientar pais e responsáveis
sobre a possibilidade de melhorar a qualidade de vida dos filhos que sofrem com
insuficiência renal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia,
uma em cada dez pessoas tem algum tipo de comprometimento dos rins, por isso a
campanha deste ano, “Vivendo bem com a doença renal”,
pretende mostrar que, embora medidas eficazes de prevenção e progressão da
doença renal sejam importantes, os pacientes devem sentir-se apoiados, junto
aos seus familiares, especialmente durante a pandemia e outros períodos
críticos.
“É um desafio muito grande que precisa ter o
envolvimento das famílias. Quando a criança vai crescendo, é preciso estimular
que ela não se acomode, não pare de estudar; ela precisa tentar viver uma vida
normal. O Serviço de Nefrologia já tem mais de 30 anos, e desde o início nossa
preocupação foi oferecer bem-estar para as crianças tratadas aqui”, explica a
nefrologista pediátrica do Pequeno Príncipe Lucimary Silvestre.
Miguel é um dos exemplos de que, com alguns
cuidados especiais, é possível manter uma qualidade de vida mesmo com as
limitações de uma doença crônica. Logo nos primeiros dias de vida, ele começou
a fazer diálise e alguns meses depois a família, que era de Londrina, mudou-se
para Curitiba para realizar o tratamento no Pequeno Príncipe. “Foi a melhor
decisão que tomamos para a qualidade de vida dele. Tratamos em uma instituição
que é referência, e eu só tenho a agradecer por todo o cuidado. Hoje o Miguel
brinca, corre e tem uma evolução diária, sempre nos surpreendendo”, relata
Cássia.
De acordo com a nefrologista Lucimary Silvestre, é
preciso adaptar-se à rotina do tratamento e controle. “Em relação à comida,
podemos fazer substituições de temperos para garantir mais sabor. Para as
crianças é importante ainda que, fora da pandemia, elas continuem brincando com
os amiguinhos para estimular a interação. Elas também devem realizar atividades
físicas como caminhada, que está dentro dos seus limites, e até mesmo
participar de viagens curtas com a família. A gente fica muito feliz em saber
que temos vários pacientes que hoje já são adultos, estão se formando em cursos
universitários, têm sua vida profissional e constituíram suas famílias. Isso é
muito bom, porque a gente vê que eles estão procurando também viver da melhor
maneira possível mesmo tendo uma doença que seja crônica”, finaliza a médica.
Serviço
Criado em 1985, o Serviço de Nefrologia do Hospital
Pequeno Príncipe é o único exclusivamente pediátrico do Paraná e também é
considerado um dos mais completos do Brasil. A instituição oferece hemodiálise,
diálise peritoneal, transplante renal, hemodiafiltração, plasmaferese e
urodinâmica, além de ambulatório geral de Nefrologia e ambulatórios
especializados para atender pacientes com doença renal crônica em tratamento
conservador, litíase, tubulopatias, glomerulopatias, bexiga neurogênica e
hipertensão arterial. Mesmo com a pandemia do coronavírus, a instituição
manteve seus atendimentos com excelência técnica, cuidado e humanização. Em
2020, o maior hospital pediátrico do país realizou 13 transplantes de rim, 4.686
sessões de hemodiálise e atendeu 450 pacientes.
Sinais de
alerta
Os rins são responsáveis por filtrar o sangue e
pelo controle da pressão arterial, por isso são fundamentais para o pleno
funcionamento do corpo. Para que as crianças e adolescentes não desenvolvam
problemas renais na vida adulta é importante que se tenha cuidados com o estilo
de vida. É importante que crianças a partir dos 3 anos tenham sua pressão
aferida ao menos duas vezes por ano e sejam incentivadas a praticar exercícios
físicos, beber água e não ingerir muito sal. A doença renal crônica – antes
conhecida como insuficiência renal crônica – não apresenta sintomas durante sua
fase inicial e, por esse motivo, seu diagnóstico, muitas vezes, ocorre
tardiamente, quando a função dos rins já está prejudicada, por isso é
importante ficar atento aos seguintes sinais:
– infecções de urina recorrentes;
– pressão alta;
– presença de sangue e/ou espuma na urina;
– alterações de cor e odor da urina;
– inchaço nos olhos, pés ou barriga;
– dor ao urinar;
– anemia constante;
– problemas no crescimento; e
–
deformidades ósseas.