Os resultados da
pesquisa realizada pelo Chazz mostram que instituições financeiras podem
ampliar de forma expressiva sua carteira de clientes e o volume de negócios ao
inovar para atender às expectativas de uma classe profissional essencial para a
economia
O Chazz, estúdio de design criativo da everis , consultoria especializada em TI e Negócios, do grupo NTT
Data, realizou uma pesquisa com trabalhadores essenciais para entender esta
força de trabalho, seu potencial criativo e os impactos da digitalização em
suas vidas. O objetivo é munir as instituições financeiras com informações
consistentes sobre os diferentes perfis destes profissionais, para que possam
se aproximar e auxiliá-los a se inserirem e serem reconhecidos pela sociedade a
partir da oferta de novos produtos e serviços. Veja a íntegra aqui: http://www.trabalhadoresessenciais.com/ ou http://youtu.be/2o5Kokh9gOg.
"Os trabalhadores informais
representam 41,4% da força de trabalho nacional em 2020, segundo o IBGE, o
correspondente a 38,8 milhões de brasileiros. Eles são responsáveis pela
geração de 1,12 trilhões de reais (17,3% do PIB) e era preciso ter um olhar
mais atento a esta população, que ajuda a impulsionar a economia, e que precisa
ser reconhecida e incluída social e economicamente", afirma Raphael Bueno,
sócio responsável pela área de Digital Strategy da everis Brasil. Segundo o
executivo, uma das formas de auxiliar esses talentos a se sentirem inseridos e
a se fortalecerem profissionalmente é viabilizar sua inserção digital e
bancária. Assim, a everis recorreu ao Chazz para fazer esse estudo a fim de
compartilhar os resultados com seus clientes do setor financeiro.
A pesquisa Trabalhadores Essenciais, do
estúdio de design da everis, cujo título respeita a constatação de que a
maioria desses profissionais considera o termo "informais"
pejorativo, considerou profissionais que trabalham por conta própria sem CNPJ
registrado, não tem carteira de trabalho no setor privado, que trabalham
ajudando parentes em seus negócios e que são empreendedores sem CNPJ
registrado. "O termo trabalhador informal é considerado
depreciativo, porque a informalidade não é uma escolha, é a consequência do
desemprego, de sucessivas crises econômicas, da falta de acesso à educação e
acesso à internet. Se pudessem, eles gostariam de ser assalariados, mas
consideram um privilégio ao qual não têm acesso - afinal só um em cada 10
empregos gerados em nossa economia tem registro em carteira", explica
Luiza Futuro, Head de Ressearch do Chazz.
Em seus resultados, a pesquisa detectou
que as principais tensões que impulsionam o crescimento do mercado informal
são:
• Altos índices de desemprego - taxa de
desemprego subiu para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro, atingindo 12,3
milhões de pessoas em 2020, segundo o IBGE, distribuídos irregularmente nas
diferentes regiões do País. Esse número de desempregados pode dobrar com a
crise da Covid-19.
• Empreendedorismo estrutural - 52
milhões de brasileiros têm negócio próprio e 77% da população sonha um dia
empreender. Além disso, 99% das empresas do País são pequenas e médias empresa,
sendo responsáveis por 27% do PIB e pela geração de 54% dos empregos.
• Digitalização do mercado - ao mesmo
tempo em que quase 45 milhões de pessoas já usaram aplicativos para obter
renda, como prestadores de serviços em aplicativos de transporte e entrega ou
usando as redes sociais ou aplicativos de mensagens para vendas ou prestação de
serviços, somente um em cada cinco lares tinham acesso à internet, seja por
meio de computador, celular, tablet ou televisão, até 2018.
• Inovação exigida pelo capitalismo e
pouca literacia digital, entre outros - 38% da classe C tem alguém próximo sem
acesso à internet, segundo a Consumoteca 2020, e 5,5 milhões de cidadãos, com
renda de até meio salário mínimo, não têm conta em banco ou acesso à internet,
de acordo com o Instituto Locomotiva.
O estudo também identificou insights
sobre como funciona a informalidade brasileira: 1) é uma linha tênue entre o
emprego e o desemprego, pois a maioria gostaria de ter uma ocupação formal; 2)
o produto a ser vendido não importa, porque é preciso dar um jeito; 3) é um trabalho
muitas vezes coletivo ou familiar; 4) os vendedores são camaleões - o mais
importante é não perder a venda; 5) a liberdade é um dos principais atributos
do empreendedorismo, assim como valores e possibilidade de conquistas; 6) é uma
luta pela sobrevivência; 7) o que importa é a performance de venda e não o
lucro ou a margem.
A pesquisa constatou ainda que os
trabalhadores essenciais têm pouca percepção ou relação com o universo digital
e financeiro, ou com as fintechs, consideram o dinheiro físico o melhor meio de
pagamento e são mais orientados à transação do que às maquininhas - que são
boas para viabilizar as vendas, mas não para os vendedores devido às taxas.
Outro fator evidenciado foi que eles
não se identificam com uma única classe trabalhadora também devido à grande
diversidade que compõe a economia informal, que vai de marreteiros (vendedores
ambulantes de alimentos, roupas, acessórios, entre outros produtos),
domésticas, cuidadoras, floristas, costureiras, digital influencers até
profissionais autônomos e empreendedores. "Essa complexidade e diversidade
de perfis dos profissionais essenciais acaba tornando suas condições de
trabalho e sua relevância para a economia invisíveis para a maioria das pessoas
e instituições, o que impede sua ascensão como categoria e melhor integração à
sociedade", reforça a Head do Chazz.
Para se ter uma ideia, na pesquisa
recente realizada pela Desabafo Social e Afrotrampos com 200 pequenos e médios
empreendedores - dos quais 30.8% possuem um negócio sem CPNJ e 60.3% são MEI -,
75.1% não estão conseguindo vender seus produtos ou serviços e 36,7% planeja
pedir empréstimo a amigos e familiares devido à crise da Covid-19. "Esse
dado deixa clara a necessidade de estabelecerem um relacionamento com as
instituições financeiras para conseguirem financiar e dar continuidade aos seus
negócios, o que é uma oportunidade para bancos e financeiras ampliarem sua
carteira de clientes, contribuindo para o desenvolvimento econômico do
País", acrescenta o sócio de Digital Strategy da everis.
Com a maior digitalização da economia,
impulsionada ainda mais pela pandemia, a tendência é que a massa de
trabalhadores essenciais cresça significativamente em volume e amplitude,
especialmente pelo surgimento de novas profissões geradas na Era Digital, assim
como já ocorreu com o aparecimento dos aplicativos de transporte e de entrega
de mercadorias. De acordo com Bueno, por essa razão, a everis solicitou ao
Chazz que, considerando a relevância criativa, econômica e social dos
trabalhadores essenciais, avaliasse como as instituições financeiras podem
abrir novas oportunidades de negócios com essa classe trabalhadora.
Essa solicitação motivou o Chazz a
definir possíveis cenários futuros de atuação do setor financeiro junto a esses
profissionais, considerando o potencial das instituições como players versus o
grau de digitalização social, que são:
•
Novo Mundo - no
qual os novos players aproveitam a alta digitalização da sociedade para
desenvolver novos produtos digitais e mais simples. Neste cenário, o sistema
financeiro tradicional precisa se reinventar, pois a inovação será atrelada a
reconhecer novos nichos comportamentais de consumidores, que se tornam
invisíveis nos modelos convencionais de segmentação (varejo, alta renda e
private).
•
Nova Competição
- com a baixa digitalização, os novos players entram para competir nos produtos
e canais tradicionais, acirrando a guerra de preços entre competidores
tradicionais e novos players.
•
Mais do Mesmo - com
a baixa digitalização e pouca força dos novos players, os bancos tradicionais
se fortalecem, levando a pouca inovação ou mudanças significativas.
•
Guerra de Titãs
- com a alta digitalização e baixa força dos novos players, a inovação no setor
financeiro é impulsionada pelos bancos tradicionais e os novos players se
tornam seguidores.
"Esses cenários nos mostram que
esses profissionais representam um enorme potencial de expansão para os bancos,
viabilizando a ampliação não só do número de clientes, mas a oferta de soluções
inovadoras e diversificadas para atender aos variados perfis dos trabalhadores
essenciais, gerando proximidade e fidelização", avalia Bueno. Essas boas
perspectivas abrem caminho para o ingresso de novos players no mercado, com
diferentes propostas de valor, capazes de desenvolver produtos low cost.
"Mostra também que há espaço para boas parcerias dos bancos com players
digitais não financeiros a fim de ampliar a base de clientes e contribuir para
melhorar o dia a dia de um público não bancarizado", complementa.
A everis acredita que, com esse intuito
de promover a inserção bancária e digital dos trabalhadores essenciais, as
instituições financeiras devem contribuir para a disseminação de conhecimentos
financeiros e digitais junto a esse público, criando comunicações mais claras e
simples de seus produtos e serviços, nas quais detalhe seus benefícios e
eventuais riscos. "Outra iniciativa interessante seria buscar contribuir
para democratizar o empreendedorismo, retirando-os da informalidade e os
incluindo no sistema financeiro e de seguridade social por meio de modelos de
comercialização de produtos e serviços específicos, com taxas e tarifas
financeiras mais acessíveis", diz Luiza.
Entretanto, todos os cenários
vislumbrados são incertos e, assim sendo, incluem também grandes desafios.
"O setor financeiro está em constante mutação. Com a entrada de novos
players (inclusive de outros segmentos econômicos), os bancos precisam ser
ainda mais ágeis em suas estratégias de inovação operacional e comercial, com a
oferta de soluções fáceis de comprar e de usar, bem como na comunicação das
novidades ao mercado informal, para manterem sua competividade. Diante de
tamanho desafio, tecnologias disruptivas e informação assertiva sobre esse
amplo segmento invisível da economia são agora mais do que nunca
imprescindíveis", conclui Bueno
A pesquisa qualitativa
"Trabalhadores Essenciais" foi realizada junto a uma amostra de 69
profissionais informais, em cinco capitais brasileiras (Belém, Florianópolis,
Recife, Rio de Janeiro e São Paulo).
NTT DATA
http://www.nttdata.com