Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista |
Exames preventivos, adoção de medicamentos
específicos e até mudança no estilo de vida podem prevenir a trombofilia, um
problema que afeta mulheres de todas as idades
Trombofilia
é uma predisposição, genética ou adquirida, para desenvolver a trombose, um
defeito na coagulação do sangue que leva à formação de coágulos – os trombros –
que podem provocar abortos e outras complicações à saúde materna, como
tromboses em todo o corpo.
O
problema ocorre com mais frequência na gestação porque, neste período, o
organismo está mais propenso a coagular para evitar a hemorragia, mas algumas
mulheres têm a tendência a desenvolver os coágulos que, na circulação, podem
atingir os membros e órgãos como coração, pulmões, intestinos e cérebro,
principalmente.
Para
a Dra. Mariana Rosario, o problema pode ser evitado na maioria dos casos. Ela
diz que pacientes que estão planejando engravidar, mesmo não tendo indícios de
trombofilia, podem investigar se estão propensas à trombose. “Isso se faz com
exames que identificam geneticamente algumas mutações genéticas”, explica
a médica, ginecologista, obstetra e mastologista, membro da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e do corpo clínico do
hospital Albert Einstein e pesquisadora da Faculdade de Medicina do ABC.
A
mutação do gene MTHFR – Metiltetrahidrofolatoredutase é uma delas. Havendo essa
mutação, o tratamento consiste em aumentar a suplementação do folato, em dose
maior do que a habitual porque o gene, além de facilitar e aumentar o risco de
trombose, pode dificultar o metabolismo do folato. Assim, se houver
suplementação em dose menor na pré-gestação, pode-se não suprir corretamente as
necessidades de folato. O importante é fazer a correção da dosagem. Essa
suplementação, em alguns casos, pode ser mantida em toda a gestação, a critério
médico, e não apenas na pré-gestação.
Há,
ainda, a possibilidade de mutação do Fator V de Leiden e a do gene da
Protrombina. Nesses casos, é necessária a adoção da Clexane, uma heparina que
ajuda a evitar a trombose.
Abortos e outras complicações para o feto e
para a mãe
Dra.
Mariana explica que a trombofilia causa aborto pela redução do fluxo sanguíneo
que chega à placenta. Consideram-se abortos de repetição dois eventos ocorridos
com a mesma mulher ou, em mulheres com mais idade, investiga-se a possibilidade
de trombofilia por mutação genética ou mesmo adquirida já no primeiro aborto.
Nesses casos, é indicada a adoção de uma medicação chamada Clexane, uma
heparina utilizada assim que o bebê apresenta batimento cardíaco, para que se
garanta o correto fluxo sanguíneo durante toda a gestação e se evite um novo
aborto.
Já
o óbito embrionário causado pela trombofilia é um evento ocasionado pelo
desprendimento de um trombo, que causa o entupimento dos vasos da placenta,
levando à parada cardíaca do feto. É um problema comum, ocorrido geralmente no
começo da gestação, enquanto o infarto placentário é o entupimento dos vasos
que chegam à placenta em idade gestacional maior, causando a morte daquela
parte da placenta. Como aquela parte da placenta para de funcionar, ocorre a
redução do envio de sangue e nutrientes ao bebê, causando o mau desenvolvimento
dele, além de pouco líquido e alteração no doppler fetal. O quadro pode causar
parto prematuro e até morte fetal.
A
trombose gestacional na mãe pode ocorrer no cérebro, membros, intestino e
outras partes do corpo. O tratamento deve durar durante toda a gravidez e após
ela. Em alguns casos, é necessária a utilização de um anticoagulante, a
heparina, para a dissolução dos trombros, e pode haver necessidade de
internação.
Contracepção após o parto
Depois
do parto, a contracepção deve ser feita com medicação sem estrogênio, que é o
hormônio que mais favorece a trombofilia. Algumas pacientes podem utilizar a
progesterona, outras não. É possível utilizar DIU de cobre e, em alguns casos,
o Mirena, mas é necessário avaliar caso a caso. A nova mãe jamais deve fazer a
adoção do método sem orientação médica, para não colocar sua saúde em risco.
Dra.
Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE
Masto: 42874. RQE GO: 71979.