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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O LUXUOSO BERÇÁRIO DA MISÉRIA


 “Quanto mais te cavo, e em ti me aprofundo, mais descubro que em ti não há fundo”. Henrik Ibsen.

       O que pode ser muito pior do que a corrupção, esse câncer financeiro e moral que tanto dano causa ao país? Que obra nefasta sepulta mais oportunidades, desemprega mais, afasta maior número de investidores, e desqualifica a educação tanto quanto, ou ainda mais do que os desvios de finalidade a que é submetida?
        Refiro-me à irresponsabilidade fiscal. Ela é companheira de um setor público que se agigantou sobre os ombros da sociedade. Aliás, o Estado brasileiro não leu Esopo e sacrifica, todo dia, poedeiras de ovos de ouro. Nos altiplanos na pátria, os poderes de Estado se expandem incessantemente, acumulando uma casca sobre a outra, qual cebola, como talvez a descrevesse Ibsen com a analogia da frase em epígrafe.
        Os números da corrupção vão dos milhares de reais aos bilhões de reais. É dentro dos limites bem amplos dessa escala que eles podem ser contados. Já os números do gasto público financiado com endividamento se medem em trilhões de reais. Se amortizados, como deveriam ser, consumiriam metade do orçamento da União; se rolados, custam a cada virada de folhinha, centenas de bilhões de reais. Todo ano, fazem sumir valor muito superior ao da corrupção acumulada em muito tempo.
        Uma face visível desse monstro pode ser apreciada nas 12 mil obras paradas (metade das quais sob responsabilidade da União). Mas há outra, mais pérfida, que se expressa na indigência, no abandono e na miséria a que vivem submetidos dezenas de milhões de brasileiros que deveriam ocupar o foco da atenção desse mesmo Estado, desse mesmo setor público. Isso é injustiça que dói na pele da mais tosca sensibilidade.
        No entanto, em que pesem os números, chamou-me a atenção a falta de eco, por exemplo, às manifestações de uns poucos novos congressistas por austeridade, por redução das despesas autorizadas e de seus quadros de assessores. Os montantes assim obtidos fazem pouca cócega no fundo em que se cava, para dizer como o poeta norueguês, mas atitude – ah, a atitude! – elegeu Bolsonaro, mobilizou dezenas de milhões, e tem poderoso efeito multiplicador.
        Pense na força das poderosas corporações funcionais; pondere o modo leviano como medidas saneadoras dormem nas gavetas de alguns ministros do STF; reflita sobre como, em tantos níveis, o Poder Judiciário e seus órgãos auxiliares expedem determinações que envolvem gasto público sem qualquer cobertura; imagine a barragem que desaba quando 11 ministros majoram os próprios vencimentos; avalie a facilidade com que se criam conselhos nacionais, conselhos superiores, órgãos colegiados, agências nacionais, que logo terão seus palácios em Brasília e extravagantes folhas de pagamento; dê uma olhada no preço final das vinculações e isonomias; atente ao quanto tem custado comprar apoio parlamentar mediante favores prestados com recursos públicos; calcule os preços de deliberações parlamentares arrancadas por lotadas galerias cujo único interesse é enviar a todos os demais a conta de suas postulações.
        Vejo no governo e vi em alguns congressistas atitude avessa a isso. Mas falta testemunhá-la no recinto dos grandes privilégios, no âmbito das grandes decisões. Ou seja, no luxuoso berçário da miséria. Diante do Palácio da Alvorada, a escultura “As Iaras” (duas mulheres puxando os próprios cabelos), talvez representem, sem querer, uma antevisão do desespero que, por tanto tempo, se iria abateria sobre sucessivas gerações de brasileiros.



Percival Puggina  - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Professor da FGV diz que governo e população devem ficar atentos ao mau uso da IA


O coordenador do MBA de Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, pondera que apesar dos benefícios da Inteligência Artificial (IA), o mau uso desta tecnologia pode produzir efeitos nocivos sobre a sociedade e, por isso, a população e seus governantes devem estar atentos às finalidades de aplicação da IA.

"Um algoritmo já pode escolher o que vamos ler na internet, nos manipular politicamente e aumentar ainda mais a discriminação na sociedade, além de julgar quem tem mais chances de viver ou morrer. Avaliar os riscos é fundamental para combater impactos que podem ser extremamente perigosos. 

Portanto, é essencial trabalhar para minimizar esses impactos negativos de iniciativas que podem facilitar o nosso dia a dia", ressalta André Miceli.

O especialista em Tecnologia da Informação cita como exemplo a China, país líder na tecnologia de reconhecimento facial. Miceli afirma que milhões de pessoas já foram mapeadas, sendo foco de alertas disparados para instituições governamentais e particulares. "Esse tipo de informação pode ser usado por governos autoritários para criar alguma imposição de comportamento. Um exemplo simples é que alguns trens públicos do país asiático já não abrem suas portas quando alguém reconhecido como devedor tentar entrar. Isso seria mais ou menos um SPC Chinês", destaca o professor da FGV.

André Miceli ressalta que esses algoritmos, além de analisar créditos bancários, podem estabelecer quem pode ou não comprar um imóvel ou entrar em um clube social. "Neste caso, eles podem entregar pontuações de efeito preconceituoso, como, por exemplo, o caso do chatbot da Microsoft que se transformou em uma ferramenta racista e foi desligado pela empresa", cita o especialista.


Risco à democracia - André Miceli lembra que algoritmos já escolhem que tipo de informações temos acesso nas redes sociais e que chatbots maliciosos podem ser criados para discutir política com a possibilidade de recorrer a dados mais rápido que os seres humanos. "Essa customização pode trazer riscos à democracia porque pode potencializar e beneficiar um determinado candidato. As eleições deste ano na África do Sul e na Nigéria estão propensas a sofrer interferências desse tipo de tecnologia", explica o professor da FGV.

Miceli pondera que até vídeos e áudios já podem ser manipulados. Segundo ele, já é possível criar escândalos e falsas acusações. "Essa prática pode gerar alertas e notícias falsas especificamente para um grupo de pessoas em busca de benefícios de algum candidato. Aconteceu um fato na índia marcante no ano passado. Pessoas foram linchadas e mortas por falsas acusações de pedofilia", descreve o especialista.


Vida ou morte - O professor da FGV acrescenta que a Inteligência Artificial já reconhece quem tem doença transmissível. Portanto, a tecnologia pode controlar epidemias e, ao mesmo tempo, excluir pessoas que são um risco para a sociedade. "Outro uso é em situações de guerra. Os Estados Unidos têm drones que avaliam percursos com imagens cedidas pelo Google. Qualquer erro pode ser fatal para a morte de um inocente", avalia André Miceli.

Por fim, o professor da FGV recorda o caso do carro autônomo de um aplicativo de mobilidade que atropelou e matou uma mulher apesar da falha humana. Segundo Miceli, essa tecnologia também pode ser fatal, portanto precisa de aperfeiçoamento. "Em uma situação adversa e hipotética, o algoritmo poderá ter que escolher em atropelar um jovem ou idoso. Quem ele vai escolher? Na Índia, uma vaca é sagrada e no resto do mundo? Essa tecnologia já é uma realidade e no Brasil deve começar pelo agronegócio."


Papel da sociedade – André Miceli diz que ao longo dos anos, vimos diversas tecnologias transformarem a história da humanidade, no entanto, ela deve ser usada para promover avanços e desenvolvimento para os seres humanos. "Para que as coisas não saiam do controle, é imprescindível que pesquisadores e cientistas eduquem a sociedade quanto ao uso responsável da Inteligência Artificial. Ao fazer isso, não vamos colocar a vida humana em risco e aproveitaremos todos os pontos positivos que esses avançados tecnológicos podem nos proporcionar", propõe o professor da FGV.


Mitos e verdades do consumo virtual


O comércio eletrônico continua em ascensão no país e a perspectiva para esse ano é positiva. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o setor deve crescer 16% em comparação a 2018, atingindo um volume de vendas de R$ 79,9 bilhões.

Para ajudar consumidores e lojistas, listamos alguns mitos e verdades preparados por especialistas no setor. Confira!


Mitos 

Boleto é a forma de pagamento mais segura para compras on-line

Pouca gente sabe, mas há vários tipos de golpes na internet envolvendo o pagamento com boleto bancário. "Quando um cliente paga uma compra no boleto bancário, o banco não se responsabiliza em devolver o dinheiro no caso de aquela transação ser de origem fraudulenta. Na verdade, o cartão de crédito é a forma de pagamento mais segura para compras on-line - o portador do cartão está protegido por contrato, tanto em casos de fraude como de desacordos comerciais", afirma Tom Canabarro, co-fundador da Konduto, empresa brasileira especializada em análise de fraudes. 


Foi a loja on-line que clonou o meu cartão

Quando você não identifica uma transação no seu extrato de cartão, é normal achar que a culpa foi da loja virtual que aparece na fatura. Na verdade, aquele e-commerce é tão vítima quanto você do golpe. Segundo Canabarro, o seu cartão de crédito foi clonado por algum estelionatário e utilizado para uma compra fraudulenta naquela loja - muito provavelmente o estabelecimento só vai saber dali a alguns dias que aquela compra é criminosa e arcará com o prejuízo.


Pagar no Boleto sempre é mais barato

Segundo o co-fundador do Promobit, social commerce que reúne as melhores ofertas da internet, Fabio Carneiro, apesar de muitas lojas realmente concederem descontos especiais para pagamento no boleto, essa não é uma regra. "Muitas vezes, o valor menor pode ser conseguido tanto com o boleto quanto em 1 vez no cartão de crédito, explica.


A loja abaixa o preço e aumentam o frete

"A precificação de um produto não leva em consideração os custos com o transporte, que são calculados separadamente. Até porque a variação dos gastos para enviar o produto irá depender do CEP do destinatário e não há como prever esse custo", comenta Carneiro.


Verdades

Quando o cliente tem o cartão clonado, o banco sempre estorna o valor de compras fraudulentas

Sim. Quando o cliente não identificar alguma transação em sua fatura do cartão, ele tem por contrato o direito de solicitar o estorno daquele valor. De acordo com o Tom Canabarro, co-fundador da Konduto, este direito também se aplica quando há algum tipo de desacordo comercial entre consumidor e lojista: casos de atraso na entrega, produto não enviado ou enviado de maneira errada, produto avariado - dentre outros.


Ter um sistema de ERP eficiente ajuda o lojista enxergar seu e-commerce em 360º

Para Sidney Zynger, Diretor de Marketing do Bling, sistema de gestão empresarial (ERP) 100% online para micro e pequenas empresas, investir em um sistema de ERP eficiente ajuda o lojista enxergar a loja em 360º, ou seja, eles têm em um único local todas as informações importantes do seu negócio. "Ter uma plataforma que integre todas as áreas do seu negócio reduz riscos de fraudes e ajuda os empresários a organizarem a gestão com controle total sobre vendas, finanças, estoque, produtos, clientes, pedidos, comissões de vendedores, entre outras funcionalidades", explica o empreendedor.


O cadeado na aba de URL do site informa que ele é seguro

Sim, é verdade, o cadeado ou "https" na aba de URL do seu navegador indica que aquele site é seguro. Além disso, todos os sites certificados contam com um selo de segurança, mostrando que a loja é confiável e autêntica. Para que isso aconteça o site precisa estar com o SSL, que é uma tecnologia que protege seus clientes e as informações trocadas entre eles e a loja no ato da compra, validado. "Com essa tecnologia o consumidor tem a total clareza para onde onde os seus dados estão indo. Tendo a garantia que esses dados estarão totalmente seguros", garante Alfredo Soares, fundador da Xtech Commerce.


Nem sempre comprar online é o mais barato

Preço baixo não tem um meio específico. É possível encontrar boas promoções tanto online quanto offline. "A maior vantagem da internet nesse aspecto é permitir o acesso de forma mais ampla às ofertas de várias lojas de uma vez e sem as restrições em relação a tempo e espaço", explica o co-fundador do Promobit.


O comprador possui até sete dias para realizar uma troca sem custos

"O Código de Defesa do Consumidor é bastante claro quanto a isso. O Artigo 49 do CDC garante que o consumidor tenha direito de desistir da "contratação de fornecimento de produtos e serviços, quando ela ocorrer, fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio", finaliza Carneiro.



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