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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Já pensou numa dieta ou num vinho criados exclusivamente para você a partir do seu DNA?



Fonte da imagem: ISRAEL21c


Não há mais dúvidas: o futuro, cada vez mais presente, está na personalização. Um vinho criado especialmente para você. Uma dieta desenhada exclusivamente para sua necessidade nutricional. Um tratamento de saúde que seja mais eficaz particularmente para seu caso. Até mesmo aquele amor perfeito, sua metade da laranja que tanto procura, não será mais platônico. Entramos na era da genomização de produtos e serviços.

O fascínio pela ancestralidade deu à luz um boom de negócios especializados em DNA, criando uma nova geração de startups no segmento healthtech. Estima-se que esse mercado irá explodir de US$ 70 milhões em 2017 para US$ 340 milhões até 2022, de acordo com a Medical Device and Diagnostic Industry (MD+DI).

Quem diria que o projeto Genoma – iniciado em 1990 e finalizado em 2003 com o intuito de identificar e mapear nossos genes – nos levaria para muito além de meramente definir com precisão a filiação de uma pessoa? O conhecimento do mapa genético, tanto de humanos como demais espécies, vem permitindo avanços importantes em áreas como beleza, saúde, boa forma, bem-estar e até mesmo em relacionamentos.
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Embora esse novo nicho ainda seja dominado por grandes corporações, como a AncestryDNA, que anunciou recentemente ter alcançado 4 milhões de usuários em seu banco de dados, ou ainda a 23andMe, que tem apoio do bilionário do Facebook Yuri Milner e da Google Ventures, novas startups genômicas estão surgindo a cada dia oferecendo uma grande variedade de produtos e serviços totalmente exclusivos, pois são desenvolvidos a partir da análise do DNA.

Essa nova onda de startups, é importante sublinhar, foi amplamente favorecida pela redução no custo de sequenciamento de DNA, o que permitiu que empresas nascentes conseguissem comercializar seus produtos para um público maior a um preço muito mais acessível.

Uma delas é a Helix, um spin-off da Illumina, grupo de San Diego considerado um dos mais ativos em genômica no mundo, de acordo com dados da CBInsights, e um dos grandes responsáveis por revolucionar o acesso ao DNA. A startup é uma usina de genes de mais de US$ 20 bilhões. Suas máquinas ajudaram a transformar a genômica numa ferramenta indispensável, usada para tratar doenças, prever respostas a medicamentos e identificar quais mutações genéticas aumentam nosso risco de doenças graves.

Por US$ 80, seus clientes encaminham amostras de saliva e têm acesso ao seu diversificado portfolio, que inclui desde o tipo de vinho ideal de acordo com sua sequência genética até um programa de condicionamento físico apropriado para seu biotipo. Ao todo, são 18 produtos personalizados e oferecidos a partir de uma pequena amostra genética.

A Helix foi a responsável por sequenciar o DNA de Steve Jobs pelo valor de US$ 100 mil na época. De acordo com o biógrafo do empresário, Walter Isaacson, o mapeamento forneceu informações sobre possíveis tratamentos e permitiu que os médicos personalizassem seu tratamento medicamentoso. Quase 7 anos após sua morte, esse mesmo tipo de sequenciamento está amplamente disponível e custa apenas alguns milhares de dólares - ou menos.

Atualmente, há basicamente três níveis de tecnologia disponíveis para decodificar o DNA humano. No topo, está o sequenciamento completo do genoma (o mesmo feito por Steve Jobs), um processo robusto que fornece um grande volume de informações. A genotipagem mais barata e mais utilizada é a que envolve o exame de um conjunto predeterminado de locais no genoma a partir dos quais se pode inferir ancestralidade, relações genéticas e alguns riscos de doenças.

No meio do caminho está o exoma sequenciamento, que geralmente custa menos de US$ 1 mil e fornece um retrato considerável da genética de uma pessoa, mapeando toda a região codificadora de proteínas do genoma humano. É esse tipo de sequenciamento - mais rápido e mais barato - que parte destas startups está conseguindo explorar comercialmente.

Outra startup de destaque nesta nova onda é a DNAFit. Idealizada por Avi Lasarrow, ela também oferece exercícios e dietas baseados em DNA com algumas diferenciações. Por meio do mapeamento, é possível ter acesso a informações sobre habilidades físicas e exercícios mais apropriados para cada indivíduo, quais alimentos precisam comer mais e quais devem ser evitados.

Para além do mercado de saúde e bem-estar, há também startups que desenvolveram produtos customizados, por exemplo, na área de gastronomia. A Exploragen é uma delas. A empresa lançou um mecanismo de recomendação de vinhos, o Vinome, que, baseado em pesquisas sobre a percepção de preferências a partir do DNA, mapeia o código genético e indica um perfil de sabor que aquela pessoa provavelmente vai gostar muito. Um vinho para chamar de seu.

E o que dizer da possibilidade de encontrar sua alma gêmea analisando a compatibilidade entre seus genes? Que Tinder que nada. A Instant Chemistry, uma startup baseada em Toronto e fundada por Ron Gonzalez em 2013, usa o mapeamento genético para proporcionar uma experiência mais legítima de combinação de interesses. Gonzalez explica que a “química” entre duas pessoas é baseada na biologia e na genética. Mais especificamente, estudos demonstram que as diferenças no sistema imunológico dos indivíduos podem fortalecer ou enfraquecer os níveis de atração.

Não poderia ter personificação melhor da figura de um cupido para o século XXI, não é mesmo?  

Ao aplicar o teste de DNA e uma avaliação psicológica, a Instant Chemistry examina três aspectos da compatibilidade de relacionamentos: biocompatibilidade (ou genes complementares), neurocompatibilidade (ou química do cérebro e comportamento emocional) e compatibilidade psicológica (ou padrões comportamentais).

Com essa abordagem em três frentes, os casais aumentam as chances de fortalecer a compreensão do comportamento e da atração uns pelos outros, melhorando a base do relacionamento. Bem provável que veremos uma queda no número de divórcios nas próximas décadas.

Embora todo esse cenário pareça ainda bastante futurista, ele já é realidade. Os produtos já estão disponíveis no mercado e a preços cada vez mais acessíveis. As opções literalmente com a “nossa cara”, personalizadas ao extremo, devem se popularizar ainda mais nos próximos anos. E os principais beneficiados seremos nós mesmos, que, nesta tendência, iremos nos conectar melhor com nosso corpo, ser mais cuidadosos com nossa saúde e aprimorar nossa qualidade de vida seguindo nossa composição genética.

E você? Está pronto para fazer seu primeiro teste de DNA?





Lima Santos - CEO da 5xmais Holding Business,
empresa de investimento em startups

Fazer certo na primeira vez


Vivemos uma nova revolução industrial com o crescimento exponencial do conhecimento tecnológico. Os sistemas produtivos avançam em direção à chamada Indústria 4.0, que demanda inovações nos campos de automação, controle e tecnologia da informação. A crescente aplicação das novas tecnologias tem levado o desenvolvimento de produtos a patamares mais elevados, com geração de enorme quantidade de dados. 

Novas técnicas de produção, associadas a materiais inovadores, são capazes de proporcionar um considerável aumento da confiabilidade no desenvolvimento tecnológico. Com o advento da Indústria 4.0, cada vez mais tecnologias são lançadas com a finalidade de permitir que as organizações elevem a assertividade do desenvolvimento e – não menos importante – reduzam o famoso time to market.

Embora sejam evolutivas e avancem rapidamente, as tecnologias voltadas para a engenharia automotiva já estão disponíveis e precisam ser mais aplicadas pela indústria. Para tanto, um dos desafios é a necessidade de mudança na formação de engenharia: formar engenheiros com elevada capacidade técnica para utilizar esse tipo de tecnologia ou, melhor ainda, formar engenheiros que sejam capazes de desenvolver e aprimorar esse tipo de tecnologia.

Sofisticadas ferramentas de projeto e desenvolvimento permitem uma grande aceleração na concepção de produtos e no seu aprimoramento. São tecnologias que devem apoiar a engenharia a fazer certo de primeira, uma vez que já não existe lugar na indústria da mobilidade para a ação empírica, que envolve criar um protótipo para posterior avaliação. O foco é ter certeza na fase do desenvolvimento virtual.

O uso de avançadas ferramentas de simulação, capazes de minimizar a quantidade de ensaios em laboratórios e campos de prova, é uma prática crescente. Durante o desenvolvimento de um produto, o objetivo é realizar um único ensaio apenas para comprovar tudo aquilo que já foi simulado. Assim, todos os erros que podem surgir durante o desenvolvimento precisam ser identificados e solucionados ainda na fase virtual. Este é um caminho muito menos trabalhoso e com menor custo envolvido.

Outra tendência é o uso de novas técnicas como a manufatura aditiva com foco em prototipagem rápida, bem como desenvolvimento de peças finais. A manufatura aditiva oferece maiores possibilidades de desenvolver produtos mais leves, resistentes e inovadores, de modo que as empresas não dependam somente de processos consagrados, como estampagem, forjamento, fundição e usinagem.

Esses e outros assuntos serão debatidos durante o 16º Simpósio SAE BRASIL de Testes e Simulações, que reunirá especialistas de renome no mercado, que desenvolvem ferramentas de testes e simulações no Brasil e no Exterior. Toda a comunidade de engenharia está convidada para o encontro, que será realizado no dia 18 de setembro, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.







Leandro Garbin -engenheiro, diretor comercial da VirtualCAE e chairperson do 16º Simpósio SAE BRASIL de Testes e Simulações


E OS VICES VÃO CHEGANDO...


Há muito, li, alhures, que em política o dia seguinte é muito tempo. Ontem (02/08), constatei isso ao redigir um artigo. Mal havia terminado o texto, sobre as dificuldades das chapas presidenciais apresentarem seus candidatos a vice-presidente, leio, no início da noite que Alckmin (PSDB) terá com vice a Senadora Ana Amélia (PP) e que Marina (REDE) terá como vice Eduardo Jorge (PV). Sem desconsiderar que nos próximos dias ou mesmo horas os outros vices serão apresentados, foi, sem dúvida, um enorme ganho político para Alckmin e Marina.

Afirmei, no escrito anterior que “a escolha de um vice-presidente não é questão simples, visto que são muitas as variáveis a serem consideradas, numa ampla gama de questões pessoais, partidárias e institucionais. Muitas vezes, o vice pode ser escolhido por conta da indicação da aliança que formou uma coligação partidária; noutras, o escolhido tem uma dimensão regional, permitindo palanques e a entrada em regiões que o cabeça da chapa – o candidato a presidente – não tem boas perspectivas; às vezes, o recorte é geracional, escolhendo um jovem e, até, uma escolha alicerçada no gênero, como, por exemplo, uma mulher que poderia atrair votos femininos”.

No caso do tucano Alckmin, a escolha de Ana Amélia indica que a candidatura caminha com vigor político que, não faz muito, até aliados próximas não acreditava. O ex-governador de São Paulo conta com uma ampla arca de aliança partidária, especialmente o tão cobiçado Centrão, conta, ainda, com o maior tempo de TV, com recursos do fundo eleitoral assaz considerável e terá palanque em todo o país, visto que milhares de prefeitos e vereadores, bem como candidatos a deputados estaduais e federais dos partidos coligados lutarão por Alckmin (e, claro, pelos seus próprios interesses). Nesse bem construído tabuleiro de xadrez político, Ana Amélia vem contribuir sobremaneira em, pelo menos, dois aspectos principais: retira palanques do Sul do país de adversários do tucano e mira o foto feminino, justamente onde, por exemplo, Bolsonaro tem alta rejeição e Alckmin/Ana Amélia podem crescer. Ademais, a senadora foi dura adversário do lulopetismo e de Dilma, construindo discursos bem articulados à sua atuação senatorial.  Fernando Henrique Cardoso afirmou, certa feita, que Alckmin é corredor de maratona, aguarda o tempo certo de aumentar a velocidade. O historiador Alberto Aggio, por sua vez, lembrou que muitos afirmam que Alckmin joga parado e quem deve correr é a bola. Metáforas esportivas à parte, com tanta estrutura e apoio, Alckmin deverá, ao menos em 10 ou 15 dias de campanha na TV, ter refletido em números um aumento de sua intenção de voto. Caso isso não ocorra, os problemas de desconfiança voltarão à tona e podem contaminar o jogo político em desfavor do candidato do PSDB.

Já Marina Silva, com recall de duas eleições e sem envolvimento em escândalos de corrupção envolvendo a ela ou aos seus, terá, em Eduardo Jorge, um vice afinado com suas ideias e discursos, especialmente no que tange à sustentabilidade. Em que pese o pouco tempo de TV e pouco dinheiro, Marina sempre é uma competidora importante na eleição presidencial.

Ambos – Alckmin e Marina – terminaram a quinta-feira (02/03) fortalecidos, mas, sem dúvida, os ventos inflam mais as velas do barco tucano que, numa eleição que parecia desbussolada, começa a tomar um rumo mais definido. Veremos os próximos vices a chegarem no PT e para Bolsonaro que, até agora, estão em dificuldades.





Rodrigo Augusto Prando - Cientista Político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É bacharel e licenciado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp/FCLAr.


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