Vida moderna pode estar por trás
do aumento da doença em todo o mundo; especialista orienta sobre como prevenir
crises
Uma das doenças crônicas mais comuns, a asma pode
ter um importante agravante: a urbanização. "Os estudos mostram que a taxa
de incidência da patologia aumenta quando as comunidades passam a adotar um
estilo de vida ocidentalizado, com hábitos menos saudáveis, e se tornam
urbanizadas, com altas concentrações populacionais", afirma o
otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Marcelo Mello. Atualmente, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam 300 milhões de asmáticos
no mundo, sendo que o Brasil ocupa a 8ª colocação em prevalência da doença, com
cerca de 10% da população afetada.
A vida moderna, evidentemente, não é a única
culpada. O crescimento populacional e a melhoria no acesso e qualidade dos
serviços de saúde permitem que o diagnóstico chegue para mais pessoas. "Se
os médicos forem um pouco mais a fundo podem perceber que os pacientes que
referem a primeira crise depois de idosos já apresentavam a doença na infância,
eram crianças cansadas, que não gostavam de esportes, que faziam muita
inalação, viviam gripadas", detalha. A enfermidade carrega também um
importante fator genético. Existem ainda os gatilhos, que desencadeiam o
problema, como as infecções virais, a exposição à poeira, aos ácaros, pelos de
animais, fumaça de cigarro, estresse, variações climáticas e exercícios
físicos.
A asma é caracterizada por uma inflamação crônica
das vias aéreas, que provoca uma limitação do fluxo respiratório, graças ao
estreitamento dos brônquios e espessamento da árvore respiratória. Há também
aumento da produção de muco. O resultado é chiado e aperto no peito, falta de
ar e tosse. Esses sintomas vão variando de intensidade ao longo do tempo e
podem ser desencadeados pelos gatilhos relacionados acima.
Algumas patologias alérgicas, como rinite e
dermatite atópica, também podem estar por trás da asma. "Essas
enfermidades foram englobadas como manifestações de uma mesma doença e podem se
apresentar de modo isolado ou coexistirem, com intensidade variável de cada uma
delas. Considera-se que 80% dos asmáticos manifestem também rinite e 50% dos
pacientes com rinite sejam asmáticos. Quem sofre com dermatite, normalmente,
apresenta a asma de forma mais intensa", explica o especialista do
Hospital CEMA.
Apesar de a doença não ter cura, atualmente os
tratamentos estão cada vez melhores. Geralmente são ministrados medicamentos
para controle da asma. No entanto, o mais indicado é sempre evitar os gatilhos.
Por isso, o médico lista alguns cuidados que podem ajudar a prevenir as crises:
- Encapar colchões e travesseiros;
- Lavar semanalmente as roupas de cama;
- Retirar cortinas, tapetes, carpetes;
- Manter animais domésticos fora de casa;
- Promover a ventilação do ambiente;
- Não fazer atividade física quando tiver excesso
de poluente ou baixa umidade do ar;
- Não fumar ou frequentar locais com fumantes.
Instituto CEMA