Em matéria publicada em sua coluna (“Até
vacina homeopática integra rol de absurdos e boatos sobre febre amarela”),
na Folha de São Paulo, do dia 30/01/2018, a jornalista Cláudia Colucci
apresenta uma crítica à homeopatia, quando expõe uma “suposta vacina e uma
prescrição homeopática” para proteção contra a febre amarela, orientada por um
profissional da área através de conversa gravada em seu WhatsApp.
Infelizmente, não consegui
postar uma resposta na própria matéria porque seria necessário ser assinante do
veículo de informação para expor minha opinião. Segundo a matéria, o médico
entrevistado pela jornalista forneceu informações sem embasamento científico,
completamente infundadas para quem conhece a homeopatia, tais como:
"... graças a uma
metodologia combinada de avaliação clínica e laboratorial é possível ter muito
mais segurança e sem efeitos colaterais, promover a resposta imune para que a
pessoa tenha condições de se defender contra a virose".
"Em muitos casos, em
que simplesmente a pessoa toma a vacina comum, sem avaliar se, por exemplo,
poderá ter reação vacinal, juntamente com alguma deficiência orgânica, a
evolução pode ser muito negativa e até mesmo fatal."
"[A vacina homeopática]
é um paliativo, um reforço complementar à vacina da febre amarela", disse.
Ainda segundo a matéria, “será
instaurada uma sindicância para apurar a conduta do médico.”
Tenho recebido perguntas e
dúvidas a respeito dessa postura de alguns médicos e farmacêuticos homeopatas
que divulgam através de áudios, e-mails, WhatsApps, sem se identificar, sem apontar
embasamento científico algum, a prescrição da homeopatia para “substituir” a
vacina da febre amarela.
É importante e fundamental
compreender que a Homeopatia, com mais de 200 anos de prática, é uma das 53
especialidades médicas, reconhecida desde 1985 pela Associação Médica
Brasileira (AMB) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Há embasamento
científico e prático suficientes para sua aplicação.
A homeopatia é um curso de
pós-graduação, aberto a quem quiser entendê-la e aplicá-la, que requer 3 anos
de aulas e uma vida inteira de aprendizado além de uma relação médico-paciente
estável e de confiança. Medicina, Farmácia, Veterinária e Odontologia são
formações básicas necessárias para se candidatar a esse curso.
A Associação Médica
Homeopática Brasileira (AMHB)
e a Associação Paulista de Homeopatia (APH) se manifestaram, no dia 23 de janeiro, em relação a
“esses supostos tratamentos” veiculados na mídia.
“Reiteramos que essas
formulações não contam com o apoio oficial da Associação Médica Homeopática
Brasileira (AMHB). A utilização sistemática de medicamentos homeopáticos,
conforme vem sendo divulgada amplamente, que não foram testados
cientificamente, é incompatível com a boa prática homeopática. Além disso,
essas postagens incitam a automedicação, atitude reprovável e que pode colocar
em risco a saúde da população. A AMHB está de acordo com as normas do Conselho Federal
de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Ministério da Saúde
quanto à prevenção e ao manejo dessas enfermidades.”
Dessa forma, fica um alerta
que faço sempre que vivenciamos situações de risco à saúde que fragilizam a
população. Não há milagres. A homeopatia tem suas especificações. É uma ótima
prática a se procurar sempre, mesmo em épocas de epidemia. A homeopatia é uma
ciência séria, que tem no paciente, em sua totalidade, o centro de suas
atenções e pode ser usada em qualquer tipo de situação, após uma consulta
médica especializada, e receitada por profissionais habilitados, éticos e
atualizados.
Entretanto, não há nenhum
estudo científico conhecido que comprove sua validade na substituição das
condutas básicas de imunização recomendadas pela Organização Mundial de Saúde,
(OMS), pelo Ministério da Saúde, pela Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm) ou pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
E que fique claro: a
homeopatia não tem absolutamente nada contra as vacinas. Não existe NENHUMA
declaração de Samuel Hahnemann, criador da homeopatia, que sequer sugira que a
vacinação não deva ser aplicada de acordo com os critérios recomendados.
Dr. Moises Chencinski – CRM.:
36.349 - Médico Pediatra e Homeopata