Situação da Doença Renal
Crônica no Brasil
O mundo enfrenta uma epidemia da doença renal crônica
(DRC)1. O número de pacientes em estágio terminal da doença renal (DRCT) no
mundo está crescendo e o maior potencial de crescimento encontra-se nos países
em desenvolvimento2, como o Brasil.
Ambas as modalidades de diálise crônica, hemodiálise
(HD) e diálise peritoneal (DP), são disponibilizadas pelo sistema de saúde.
Deve-se mencionar que a vasta maioria dos pacientes que recebe tratamento
crônico de diálise origina-se de atendimentos de emergência em hospitais
públicos ou clínicas pré-diálise do sistema público de saúde. A partir daí,
estes pacientes são redirecionados para o centro de diálise mais próximo às
suas residências; em muitos casos, após terem iniciado um tratamento dialítico
como pacientes internados. Uma pequena fração é encaminhada individualmente dos
consultórios médicos.
Números de pacientes no Brasil
A doença renal crônica atinge 10% da população mundial
e afeta pessoas de todas as idades e raças. Dados da Sociedade Brasileira de
Nefrologia indicam que 122 mil pessoas fazem diálise no Brasil. Atualmente,
existem 750 unidades cadastradas no País, sendo 35 apenas na cidade de São
Paulo. Os números mostram ainda que 70% dos pacientes que fazem diálise
descobrem a doença tardiamente. A taxa de mortalidade para quem enfrenta o
tratamento é 15%.
O impacto da doença renal crônica terminal
(DRCT) no Brasil
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A DRCT é subdiagnosticada no Brasil: a prevalência de pacientes em terapia
renal substitutiva (TRS) no Brasil é inferior à observada em países
desenvolvidos (metade da observada na Europa e 1/3 da registrada nos Estados
Unidos), e mesmo em comparação a outros países latino-americanos, como
Argentina, Chile e Uruguai3-5.
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O fato acima, aliado aos dados de prevalência de fatores de risco para doença
renal observados no Brasil6, indica que a IRCT é subdiagnosticada em nosso
país.
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A atual estrutura de clínicas e equipamentos de diálise não tem sido suficiente
para atender à demanda: enquanto o número de pacientes em TRS aumentou em 4,5%
ao ano entre 2000 e 2009, o número de unidades dialíticas aumentou apenas 1,2%
no mesmo período.
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Dados recentes do IBGE mostram que menos de 500 cidades no Brasil têm
atendimento adequado aos pacientes realizando diálise. A cobertura de tratamento
em municípios menores abaixo de 200.000 habitantes é de apenas 5%.
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Outro dado preocupante é a queda do percentual de pacientes em Diálise
Peritoneal entre 2014 e 2015 tanto no SUS (de 9% para 7%), quanto entre os
pacientes de operadoras de saúde (de 12% para 8%), segundo o Censo de 2015 da
SBN.
A importância da Diálise Peritoneal (DP) no
Brasil
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A importância da implantação de programas de DP não reside, apenas, nas observações
de que mais de 90% dos pacientes incidentes em TRS não apresentam
contraindicação médica para realização de PD de acordo com diretrizes
recém-publicadas, mas, também, no fato de que aproximadamente 15% dos pacientes
em HD necessitarão, ao longo do tempo, de transferência para DP por falha da
técnica, especialmente por problemas de acesso vascular e hipotensão
pós-diálise. Outro aspecto reforça a necessidade de manter programas regulares
de DP nas unidades de diálise: a observação recorrente na literatura de que um
maior volume de pacientes tratados sob DP assegura ao serviço de TRS uma maior
qualidade e adequação no uso da técnica, refletindo na melhor evolução clínica
dos pacientes assistidos.7-9
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A DP proporciona uma maior capacidade de absorção de pacientes com necessidade
de TRS em um cenário de provável aumento da prevalência de pacientes com IRCT
bem como consiste em uma opção viável para expandir o acesso aos pacientes em
áreas remotas, sendo uma solução adequada e economicamente atrativa de cuidado
sem necessidade de instalação de novas unidades de tratamento e com menor
necessidade de recursos humanos adicionais.
Portaria do Ministério da Saúde
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A Portaria de número 389 de 13 de março de 2014, publicada pelo Ministério da
Saúde, que define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa
com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio
destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico, estabelece como meta que, em
dois anos após a implementação da política, haja um paciente em DP para cada 4
pacientes em HD, ou seja, uma participação de 20% da DP no total de pacientes
em terapia renal substitutiva. Atualmente, segundo o Censo de 2014 da SBN, este
número é de apenas 8,4% no Sistema Público de Saúde (SUS).