Entenda a meningoccemia, seus sintomas e formas de
prevenção
A doença meningocócica é uma doença súbita,
potencialmente fatal, da qual, em média, uma pessoa pode morrer a cada oito
minutos no mundo.1 Tipicamente, ela se manifesta como meningite
bacteriana – uma infecção das membranas que recobrem o cérebro e a medula
espinhal; ou sepse – uma infecção da corrente sanguínea, também chamada
de meningoccemia2.
Atualmente a sepse é a principal causa de morte nas
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e uma das principais causas de mortalidade
hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Tem alta
mortalidade no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em
torno de 30-40%. Segundo um levantamento feito pelo estudo mundial conhecido
como Progress, a mortalidade da sepse no Brasil é maior que a de países como Índia
e a Argentina.3
A meningite e a septicemia (sepse) são doenças
graves e podem afetar qualquer pessoa de qualquer idade, mas bebês, crianças e
jovens estão em maior risco. A meningite e a septicemia não são comuns, mas
podem matar em horas. Por isso, uma forma muito importante de prevenção é
a vacinação. Pode-se contrair meningite e septicemia ao mesmo tempo.4
A sepse é um conjunto de manifestações graves em
todo o organismo produzidas por uma infecção. A sepse era conhecida antigamente
como septicemia ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção
generalizada.3
Na verdade, não é a infecção que está em todos os
locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um
órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta
inflamatória numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa inflamação
pode vir a comprometer o funcionamento de vários órgãos do paciente.3
Por isso, o paciente pode não suportar e vir a
falecer. Esse quadro é conhecido como disfunção ou falência de múltiplos
órgãos. É responsável por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil.3
A doença é a principal geradora de custos nos
setores público e privado. Isto é devido à necessidade de utilizar equipamentos
sofisticados, medicamentos caros e exigir muita dedicação da equipe médica.3
De acordo com o software ILAS online, em 2015 aconteceram 7.733 casos de
pacientes com sepse grave e choque séptico no Brasil. Em 2005 o número de casos
registrados foi de 171.5
De acordo
com o grau de evolução, a síndrome pode ser classificada em três diferentes
níveis: 6
1) Sepse – a
resposta inflamatória provocada pela infecção está associada a pelo menos mais
dois sinais. Por exemplo, febre, calafrios, falta de ar etc; 6
2) Sepse grave
– quando há comprometimento funcional de um ou mais órgãos; 6
3) Choque
séptico – queda drástica de pressão arterial que não responde à administração
de líquidos por via intravenosa. 6
Sintomas6
Os sintomas
variam de acordo com o grau de evolução do quadro clínico. Os mais comuns são:
febre alta ou hipotermia, calafrios, diminuição na eliminação de urina,
respiração acelerada dificuldade para respirar, ritmo cardíaco acelerado e
alteração no nível de consciência.
Outros
sinais possíveis da síndrome são o aumento na contagem dos leucócitos e a queda
no número de plaquetas.
Diagnóstico6
O
diagnóstico da sepse depende de avaliação clínica e laboratorial criteriosa
para identificar e tratar a doença subjacente que deu origem ao processo
infeccioso.
Com esse
objetivo, são realizados exames de sangue, como a hemocultura, exames de urina
e, se necessário, a cultura das secreções respiratórias. Exames de imagem, como
radiografia, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética, podem ser
úteis para esclarecer o diagnóstico.
Recomendações7
O risco de
contrair infecções será menor se forem respeitados os seguintes princípios
básicos:
* lavar as
mãos com frequência com água e sabão;
*
manter o esquema de vacinação atualizado;
Vacinas
Atualmente existem 4 vacinas disponíveis para
imunização ativa contra os 5 principais sorogrupos causadores da doença
meningocócica no Brasil, são elas:8
- Vacina Adsorvida Meningocócica C
(Conjugada), a única disponível gratuitamente no Programa Nacional de Imunização
(PNI), na rede pública. 9,10
- Vacina Meningocócica ACWY (Conjugada).
Esta vacina ACWY é conjugada à proteína carreadora CRM197. 11
- Vacina Meningocócica ACWY (Conjugada).
Esta vacina ACWY é conjugada ao toxóide tetânico.12
- Vacina Adsorvida Meningocócica B
(Recombinante).13
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Referências:
1. Naghavi M, et al. (2013). Global, regional,
and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240
causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of
Disease Study. The Lancet,
385, pp.117-171.
2. CASTIÑEIRAS,
TMPP. Et al. Doença meningocócica. In: CENTRO DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE PARA VIAJANTES. Disponível em:
Acesso em: 07 ago. 2015.
3. INSTITUTO
LATINO AMERICANO DE SEPSE. O que é sepse. Disponível em: <http://www.ilas.org.br/o-que-e-sepse.php>.
Acesso em: 08 ago. 2016.
4. MENINGITES
RESEARCH FUNDATION. Meningite e Septicemia. Disponível em: <http://www.meningitis.org/assets/x/50246>.
Acesso em: 08 ago. 2016.
5. INSTITUTO
LATINO AMERICANO DE SEPSE. Relatório Nacional
PROTOCOLOS GERENCIADOS DE SEPSE - Sepse grave e choque séptico – 2005 a 2015.
Disponível em: <http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/relatorio-nacional/relatorio-nacional.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2016.
6. ASSOCIAÇÃO
DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA. Consenso brasileiro de sepse. Revista
Brasileira Terapia Intensiva, 16(2), 2004. 256 p. Disponível em: <http://www.amib.org.br/fileadmin/ConsensoSepse.pdf>.
Acesso em: 01 set. 2016
7. CENTRO DE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA – CVE/SES-SP. O que você precisa saber
sobre
meningite. 2013. Disponível em: <ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/RESP/MENI_SOBRE.pdf>.
Acesso em: 01 set.2016
8. Pesquisa
realizada na revista Kairos, usando o termo “MENINGOCÓCICA” na busca comum do
site. Disponível em:<http://brasil.kairosweb.com/resultado_busq.html?prodname=MENINGOC%D3CICA>.
Acesso em: 06 fev. 2016.
9. Moraes JC,
Kemp B, de Lemos APS, Gorla MCO, Marques EGL et al. Prevalence, Risk Factors
and Molecular Characteristics of Meningococcal Carriage Among Brazilian
Adolescents. Pediatr
Infect Dis J 2015; 34: 1197-1202
10. BRASIL. Portal da Saúde. Calendário
nacional de vacinação. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>.
Acesso em: 15 fev. 2016.
11. Menveo [Vacina Meningocócica ACWY
(conjugada)]. Bula da vacina.
12. Nimenrix® [Vacina Meningocócica
ACWY (conjugada)]. Bula do produto.
13. Bexero [Vacina Adsorvida
Meningocócica B (recombinante)]. Bula da vacina.
BR/VAC/021/16 Setembro de 2016