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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Calçada sensorial reproduz desafios cotidianos para quem não tem limitações físicas



 Como é andar numa calçada de rua comum, com seus buracos e obstáculos, se você é deficiente visual, enxerga mal, precisa de uma cadeira de rodas ou muletas? Como é enfrentar nessas condições desníveis e desvãos, uma lixeira ou um orelhão (eles ainda existem) no meio do  caminho, um poste desalinhado? Se você enxerga e anda bem, como a maioria das pessoas, basta desviar (se você não estiver olhando a tela do celular...), mas para as pessoas com deficiência visual ou mobilidade reduzida, a calçada é um desafio diário. Idosos fazem parte das vítimas preferenciais do descaso os passeios públicos, e não importa a cidade do país, a calçada descuidada é uma constante urbana.

Para oferecer a experiência de viver esta dificuldade e sensibilizar quem não tem limitações ao desafio diário de deficientes visuais ou físicos, o Instituto Ser Educacional montou uma calçada móvel que simula os obstáculos cotidianos. Vendadas, as pessoas enfrentam buracos e obstáculos, mas não precisam cair como no mundo real. As oito calçadas sensoriais itinerantes, como o projeto de conscientização é chamado, estão percorrendo o país e já foram utilizadas por mais de 50 mil pessoas desde o início das suas atividades. As calçadas são instaladas em shoppings e locais de grande visitação pública pelas instituições parceiras, inclusive já esteve presente no Tribunal de Contas da União, Palácio do Planalto e no GDF, em Brasília. No próximo semestre, estarão circulando por várias partes do país sensibilizando outras milhares de pessoas.

O impacto na saúde pública não é pequeno: um estudo de 2012, feito por Philip Gold, ombudsman, da CET (a companhia de engenharia de tráfego paulistana), estimou em R$ 2,9 bilhões o custo social com resgate, tratamento e reabilitação decorrentes de 171 mil quedas em calçadas da capital paulista por ano, muito acima do custo com os próprios acidentes com veículos. Faz sentido: as quedas foram responsáveis, em 2013, por 15% das internações no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC entre 2009 e 2010. Ambos os estudos são tentativas de tatear o problema, mas a verdade é que os custos sociais das calçadas ruins nem de longe foram mapeados.

O objetivo do projeto Calçada Sensorial Itinerante, que inclusive foi o único projeto destacado  no Relatório de Gestão do Tribunal de Contas da União, é ajudar a mudar essa realidade, delineando melhor os contornos do desafio. "As ruas esburacadas e os móveis urbanos que tomam o caminho das pessoas nas ruas tiram um pouco da cidadania das pessoas deficientes, que são obrigadas a lutar um pouco mais para se locomover. Mas, a verdade é que somos uma sociedade às vésperas de começar a envelhecer, o que amplia muito o alcance da questão. Precisamos transformar nossas cidades e nossa cidadania. Nosso objetivo é sensibilizar o maior número possível de pessoas para a questão, para que elas façam a sua parte, seja pressionando o poder público, seja consertando a própria calçada", diz Sérgio Murilo Jr., coordenador de Responsabilidade Social do Grupo Ser Educacional.

Rio de Janeiro - Praia do Leme
 





















 














Brasília e Recife











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