Consultora
empresarial Regina Nogueira alerta para o problema, que afeta mais mulheres do
que homens e põe em risco trajetória profissional e pessoal
Já ouviu falar na síndrome da
impostora? Embora não seja um conceito novo- essa questão é estudada há cerca
de 50 anos, desde a década de 1970- muita gente ainda não compreende bem ao que
se refere o termo. Resumidamente, essa "síndrome" pode ser definida como
uma espécie de bloqueio que impede que a pessoa seja capaz de reconhecer e
aceitar seu próprio sucesso.
Mesmo nos dias de
hoje, esse é um problema que acomete um grande número de pessoas do sexo
feminino, e faz com que a mulher passe a considerar a si mesma "uma
fraude", e a acreditar que só conseguiu alcançar determinada posição ou
patamar na carreira por ter enganado todas as pessoas ao seu redor.
Segundo pesquisa da
plataforma de conteúdo e negócios StartSe, em parceria com a OpinionBox, entre
783 mulheres em posições de liderança de todo o Brasil, 43% apontam o medo de
falhar como um dos entraves para evoluir na carreira, enquanto a dificuldade em
falar sobre conquistas profissionais foi apontada por 52%. Os dois aspectos são
"sintomas" intimamente ligados à denominada síndrome da impostora.
"É um padrão de
comportamento, que geralmente reflete uma baixa auto-estima e insegurança. Com
isso, a pessoa- em sua maioria mulheres, mas também afeta muitos homens- passa
a crer que aquele sucesso que ela está obtendo em sua vida não é real, que foi
um ‘golpe de sorte’ aquilo ter acontecido", explica a consultora
empresarial Regina Nogueira, que também é especialista em reposicionamento de
marca pessoal e corporativa e autora do livro "VOCÊ É UMA MARCA. Descubra como o Personal Rebranding
pode mudar a sua vida por meio das marcas".
Regina acrescenta
que trata-se de um processo de autossabotagem, em que o indivíduo não aceita o
próprio sucesso e acha que não tem competência para executar bem e ter êxito em
determinada área ou cargo. "É algo muito complexo, porque a pessoa
realmente dá ênfase e ‘joga luz’ sobre o lado negativo, e não no lado positivo
daquilo que ela realiza. Assim, não consegue enxergar sua potência".
Na visão da
especialista, não é surpresa que tal "síndrome" acometa mais as
mulheres. "Durante séculos, fomos educadas para servir, e, culturalmente,
o homem sempre ocupou um lugar de muito mais destaque que a mulher. Isso é uma
barreira difícil de quebrar, porque ainda hoje a mulher sofre pressão social e
enfrenta preconceito no mundo corporativo, simplesmente por ser mulher. Apesar
de todos os avanços, ainda estamos longe de ter um ambiente igualitário. Os
homens, de forma geral, ainda ganham salários maiores e tendem a ser mais
respeitados", diz.
Regina lista algumas
dicas para as mulheres deixarem de lado esse "complexo":
1- Faça uma retrospectiva das suas conquistas
Essa é uma medida
simples e eficiente, pois ajuda a relembrar cada passo da história daquela
mulher, e faz com que ela visualize melhor como chegou lá. "Ao fazer esse
exercício, a mulher pode se dar conta de que não chegou onde desejava da noite
para o dia. Isso ajuda a valorizar mais cada desafio que ela enfrentou, e
entender que se hoje ocupa um determinado cargo, é porque merece",
comenta.
2- Liberte-se do medo de errar
Outro cuidado
importante, na visão de Regina, é permitir-se ser imperfeita e não ter medo de
se mostrar vulnerável. "A mulher não pode se esquecer de que, acima de
tudo, ela é humana e, como tal, não tem a obrigação de saber tudo, nem de
acertar sempre. Libertar-se dessa imposição também ajuda a sentir-se menos
‘impostora’".
3- Não viva apenas para o trabalho
Ter uma vida fora do
escritório também é fundamental, no ponto de vista da consultora. "Não
dedique 100% do seu tempo e interesse ao trabalho, cultive suas amizades,
estreite as relações familiares, pois são essas as pessoas que te ajudam a
voltar pro eixo, relembrar quem você é e parar de duvidar tanto de você
mesma".
Além das relações
humanas, é necessário reservar algum tempo para o lazer, viagens, hobbies,
coisas que te desconectem das obrigações e do peso da rotina. "Isso tudo
ajuda a não se levar a sério demais, e afasta do papel de impostora.
4- Reserve algum tempo para você
Regina também sugere
tirar tempo para si mesma, dedicando-se a alguma prática que promova a saúde
mental e o bem estar- como meditar, caminhar, qualquer atividade que aquela
mulher goste e valorize. "Muitas vezes acabamos deixando esses momentos de
lado, mas o autoconhecimento é o melhor caminho para que você se conecte
consigo mesma, e fuja da ideia de que é uma ‘farsa’", pondera.
5- Nunca é tarde para mudar de atitude
Como última dica,
Regina ressalta que nunca é tarde demais para reposicionar sua própria marca
pessoal e criar uma nova imagem, seja no trabalho ou na vida pessoal. "Eu
mesma tive uma ascensão profissional muito rápida, fui a mais jovem diretora de
marketing da multinacional em que eu trabalhava. Quando assumi o cargo de
diretora, para atender um grande cliente, me tornei outra pessoa, estava com
muito medo, e meu comportamento, minha insegurança, passou a afastar as
pessoas. Passado algum tempo, com a ajuda dos amigos e dos colegas mais
próximos, consegui identificar a armadilha da impostora e reverter o
jogo", conta.
"É por isso que
sempre digo que todos têm a capacidade de abandonar um comportamento e se
tornar de fato uma nova pessoa, passando uma nova impressão e deixando de
boicotar a si mesmo, caminhando para o sucesso em todas as áreas da vida e para
uma existência mais plena e feliz", conclui.
Regina
Nogueira -
especialista em reposicionamento de marca e autora do livro "Você é uma
marca! Descubra como o Personal Rebranding pode mudar a sua vida por meio das
marcas", que será lançado em outubro. Oferece consultoria
estratégica para empresas e pessoas, por meio de atendimentos personalizados
que resultam no reposicionamento da marca pessoal e/ou corporativa. É
Pós-Graduada em Neurociência e Comportamento pela PUC- RS, Bacharel em Economia
pela PUC-SP, Propaganda e Marketing pela ESPM e em Liderança pela Columbia
University - NY. Atuou no mercado de publicidade por mais de 20 anos, tendo
ocupado cargos de liderança em grandes empresas e agências nacionais e
multinacionais nas áreas de Atendimento, Planejamento, Marketing e Branding.