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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Cuidados que pessoas com câncer devem ter com a saúde bucal

Doutor Fábio Ricardo Loureiro Sato conta como prevenir o surgimentos de feridas e doenças na boca


Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa é que até 2022 surjam 625 mil novos casos de câncer. Essa doença que infelizmente para alguns casos ainda não tem cura, possui tratamentos como quimioterapia e radioterapia, que além de ajudarem a eliminar os tumores possuem alguns efeitos colaterais, que podem atingir a saúde bucal do paciente.

Entre algumas das consequência estão o aumento dos problemas gengivais, perda de paladar, surgimento de feridas, boca seca, infecções e cáries causadas pela radiação, podendo ser permanentes ou temporárias dependendo de onde está localizado o tumor e o tipo de tratamento realizado.

No entanto, o cirurgião bucomaxilofacial, Doutor Fábio Ricardo Loureiro Sato, conta que é possível prevenir e controlar esses problemas. "Primeiramente é preciso entender que a manutenção rígida, o aumento da higiene bucal e os cuidados em conjunto com as visitas clínicas antes, durante e depois do tratamento são essenciais".

Para isso ele citou cinco regras fundamentais que pacientes oncológicos devem ter para o resto da vida:

1- Abuse do uso de fio dental, escove com calma e sem força os dentes, gengiva e língua, sempre com escovas de dentes macias e creme dental com flúor.

2- Se faz uso de dentaduras ou aparelhos móveis, garanta que ele esteja na posição adequada para não causar feridas. Limpe o objeto diariamente com o uso de uma escova de dentes, e se possível diminua o tempo de uso, deixando-o guardado seco.

3- Manter a boca úmida pode ajudar, ou seja, além de beber muita água, mascar chiclete sem açúcar ou até mesmo com saliva artificial.

4- Evite o uso de enxaguantes bucais com álcool ou palito de dentes.

5- Não consuma bebidas alcoólicas ou fume.

6 - Faça uma consulta com um cirurgião-dentista antes de iniciar o tratamento para fazer um preparo de boca para receber uma radio ou quimioterapia, evitando possíveis problemas futuros.

"É importante ressaltar a importância do acompanhamento durante todo o tratamento oncológico com um cirurgião-dentista para garantir que tudo ocorra de forma saudável, e que a saúde bucal não seja mais um obstáculo durante o tratamento, já que ela pode até atrapalhar se não for feita corretamente", finaliza o Dr. Fábio Sato.

 



Dr. Fábio Sato - Formado pela Odontologia na USP, é mestre e doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial. Sua atuação é principalmente no tratamento da Disfunção Temporomandibular, Cirurgia Ortognática para Correção das Deformidades Dentofaciais, além de outros procedimentos como Enxertos Ósseos, Implantes Dentários e demais relacionados à área.

 

Diabetes gestacional afeta desenvolvimento cognitivo do bebê

 Tipo da doença pode atingir até 25% das grávidas e prejudicar o desenvolvimento cognitivo do bebê, aumentando a propensão à obesidade e à própria diabetes tipo 2 na vida adulta

 

O diabetes é uma síndrome causada pela má absorção ou falta de insulina e oferece risco especial também para as gestantes. Como explica a médica com expertise em acompanhamento gestacional, Jordanna Leão, a gravidez requer atenção especial não só em relação à ingestão de alimentos nocivos ao feto, mas com a dieta como um todo. “Toda gestante que não adota uma alimentação saudável corre o risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional”, alerta.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença pode atingir até 25% das mulheres grávidas e é considerada o problema metabólico mais comum da gestação. Para Jordanna, esse número é preocupante, pois pode estar ligado a um impacto negativo do desenvolvimento dessas crianças. “O estado inflamatório da mãe durante a gravidez demonstrou relação com menor desenvolvimento cerebral de bebês de até dois anos de idade”, explica.

No mesmo sentido, um estudo do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale aponta que os filhos de mães que enfrentam processos inflamatórios durante a gestação estão mais suscetíveis a psicopatologias.

 

Fatores de risco

A médica explica que o corpo humano se desenvolveu para garantir a quantidade de açúcar necessária ao feto, mas nossos hábitos mudaram muito desde então. Atualmente, muitas gestantes têm uma dieta rica em carboidratos e pobre em fibras, o que pode desencadear a síndrome metabólica.

Ainda que toda mulher corra risco de ter DMG, Jordanna explica que alguns fatores podem aumentar as probabilidades. “Aquelas que engravidam após os 35 anos, já estão acima do peso, que possuem histórico familiar de diabetes, que sofrem de síndrome do ovário policístico e que possuem estatura menor 1,5 m possuem maior risco de desenvolvê-la”, destaca.

Além dos efeitos sobre o desenvolvimento cognitivo do bebê, a especialista ressalta que a doença pode ainda elevar o risco de pré-eclâmpsia durante a gravidez.

 

Outros efeitos do diabetes no bebê

Mais do que isso, a especialista acrescenta que os bebês que se desenvolvem sob os efeitos do diabetes no organismo das mães tendem a nascer acima do peso, têm dificuldade de amamentação e apresentam quadros de hipoglicemia.

“Outro fator importante é que a DMG descontrolada aumenta o risco do desenvolvimento de alterações cardíacas no feto. E não é só isso. As pesquisas estão mostrando que o desenvolvimento do bebê nesse ambiente alterado produz uma “programação metabólica” do feto, aumentando o risco desse bebezinho desenvolver alergias e diabetes do tipo 2 quando adulto”, pontua.

 

A gestante precisa se preparar

Segundo Jordanna, a chave para evitar todos esses problemas está na orientação adequada das gestantes. “Temos que mostrar para nossas mulheres em idade fértil a importância de se alimentarem da melhor forma possível durante esse período, com bastantes frutas e verduras e retirando açúcares e industrializados da dieta”, aconselha.

Ela reforça que, na maioria dos casos, o controle é feito apenas com a dieta e a mudança de hábitos. Por isso, é crucial que a gestante entenda seu papel. “Toda mãe quer o melhor do mundo para seu filho, mas muitas vezes não tem percepção do impacto que as escolhas erradas podem causar na saúde do seu bebê”, completa.


Por que idosos devem fazer suplementação de vitamina B12?

A deficiência de mecobalamina pode causar manifestações neurológicas irreversíveis se não tratada a tempo. A anemia perniciosa, também conhecida como doença de Biermer, é um processo autoimune caracterizado pela destruição da mucosa gástrica, sendo muito frequente em idosos e uma das principais causas de deficiência de B12 nesta faixa etária

 

A vitamina B12 é fundamental para o funcionamento saudável do corpo, pois é responsável pela formação de células vermelhas do sangue, necessária para as funções do sistema nervoso e neurológicas, sendo cofator de diversas enzimas primordiais ao organismo, inclusive na produção de DNA. No entanto, a realidade tem números que assustam: estudos mostram que a prevalência de deficiência de mecobalamina varia entre 20% a 60% da e os idosos são um grupo de risco para tal.

A causa mais comum para esta ocorrência é a perda do fator intrínseco produzido pelas células parietais, associada a um tipo de gastrite (gastrite atrófica), que resulta na má absorção da deficiência de B12. Além disso, os idosos costumam ingerir menos carne, fonte de B12, por problemas de mastigação e deglutição.  Por isso, o tema precisa ser tratado como um caso de saúde pública, tendo em vista que cerca de 60% dos casos resultam da má absorção da mecobalamina a partir da dieta; entre 15% e 20% são decorrentes da própria anemia perniciosa, e os demais estão associados a uma dieta insuficiente e às doenças hereditárias do metabolismo.

Estudos mostram que a deficiência de B12 é um achado dos mais frequentes em pacientes com demência, variando entre 29% a 47% dos pacientes com sintomas demenciais. Até mesmo em pacientes idosos saudáveis tem sido observado uma correlação entre o nível de B12 e a função cognitiva. Vale lembrar que a demência causada por deficiência de B12 é considerada uma demência reversível se tratada a tempo, com a reposição de mecobalamina.  Portanto, em pacientes com sintomas demenciais, a deficiência de B12 é um diagnóstico diferencial importante a ser lembrado.

Os diversos sintomas da carência de mecobalamina

“Com um quadro clínico variável, alguns pacientes podem apresentar fraqueza, parestesias (sensação de formigamento), dores nos nervos (neuropatias), declínio cognitivo (levando a um quadro de demência), entre outros. O déficit da B12 também pode ocorrer para quem faz uso de inibidores da bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, esomeprazol), antibióticos e antagonistas do receptor de histamina H2 (cimetidina, ranitidina)e a metformina (medicamento para diabetes) E, por quem sofre com má-absorção, como no caso de gastrite atrófica, crescimento excessivo de bactérias no intestino, doença de Crohn, doenças inflamatórias e cirurgias intestinais”, esclarece Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari, médica geriatra e responsável pelo núcleo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma. “Exatamente por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir e impedir a progressão desses distúrbios. Dessa forma, recomenda-se uma avaliação médica evoluindo para exames que avaliam a deficiência de B12 no organismo” conclui.


Tratamento indolor, por via sublingual e na forma ativa

“Atualmente, para a suplementação da mecobalamina, existe o tratamento parenteral (injeções intramusculares), método que causa dores agudas e muitas vezes leva as pessoas à negligência. No entanto, o método mais eficaz, inclusive no quesito custo x benefício, está na medicação via sublingual de forma ativa, que oferece absorção imediata, um alívio aos pacientes idosos, principalmente se forem muito magros, tiverem dificuldade de deglutição ou distúrbios de coagulação”, explica a especialista. 

 



Dra Rita de Cássia Salhani Ferrari - médica geriatra formada pela Universidade Federal de São Paulo, Fellowship no Geriatric Medicine Program na University of Pennsylvania, responsável pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma. 


Praticar Corrida, Desgasta a Cartilagem do Joelho? Principalmente entre os Esportistas

Para Esclarecer Tudo Sobre Este Assunto, Contamos com O Especialista em Cirurgia do Joelho e Traumas do Esporte: Dr. Samuel Lopes.

A prática de atividades ou exercícios de alto impacto podem ser um dos fatores para o desgaste da cartilagem do joelho, dependendo do tempo de prática e da sua intensidade. Mas esse é um assunto controverso, uma vez que esse desgaste acontece naturalmente, mais cedo ou mais tarde.

Agora, se de fato pode ocorrer o desgaste da cartilagem do joelho com a prática da corrida, precisamos antes entender dois pontos; a capacidade de adaptação e vulnerabilidade do Joelho.

Quem vai nos explicar melhor sobre isso é o Dr. Samuel Lopes, Ortopedista, Especialista Em Cirurgias Do Joelho e Traumas Do Esporte: -A capacidade de adaptação, significa que; à medida que você passa a correr e evoluir na corrida, condicionando melhor a sua musculatura, a cartilagem também consegue se adaptar e tolerar cargas progressivas sem que isso gere um maior desgaste da cartilagem e você venha a desenvolver uma artrose no futuro”.


Precisamos lembrar, qu e esse desgaste vai depender também de como a pessoa cuidou do seu joelho ao longo do tempo, seja com exercícios para o fortalecimento da musculatura, bem como as práticas preventivas e os cuidados com a cartilagem do joelho.

Dr. Samuel Lopes conclui: “O Cuidado que devemos ter é proteger a articulação, fazer uma progressão cuidadosa, e é aí que muitos corredores erram e acabam gerando cargas muito intensas, uma evolução abrupta, gerando sobrecarga e sim, podendo gerar um desgaste ao longo do tempo. É preciso fazer todo aquele trabalho para fortalecer a musculatura, correção da mecânica da corrida para proteger melhor a articulação”.

Sobre a vulnerabilidade do Joelho o Dr. Samuel Lopes também nos traz a sua explicação: “Se você já teve uma cirurgia de ligamento ou uma lesão de menisco no passado ou se já tem algum grau de desgaste da cartilagem, uma pré-disposição ou problemas com a obesidade, então sim, você terá mais risco de artrose se ele implica maior carga, somando com a corrida que gera um aumento da solicitação daquela articulação, ele aumenta o risco de desgaste daquela cartilagem e de uma evolução para a artrose no futuro”.

Sabemos que a prática da corrida traz benefícios inegáveis para a nossa saúde, desde melhorar a autoestima e aumentar a capacidade mental, além do aumento dos níveis de HDL (bom colesterol) no sangue; que ajuda na diminuição dos riscos de doenças cardíacas, além de reduzir a depressão, do retardamento do processo de envelhecimento da massa óssea, trazendo também um sono mais saudável, equilíbrio do estresse e da ansiedade.

A corrida não aumenta o risco de forma isolada, mas combinado à situação de vulnerabilidade do joelho, pode causar artrose. Pacientes com muitos casos de artrose na família, devem ter cuidados preventivos.

Resumindo: Precisamos avaliar se há situação de vulnerabilidade, respeitar a progressão, permitir a adaptação e buscar o acompanhamento profissional adequado.

Em caso de dor, procure um ortopedista ou fisioterapeuta para poder auxiliar no processo de tratamento e na prevenção de lesões.

 



Dr. Samuel Lopes - Médico ortopedista, especialista em cirurgias do joelho. Membro efetivo da sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT), Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte. Chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Juiz de Fora – MG. Reabilitação -Tratamento – Ortopedia – Medicina Esportiva – Saúde

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Lancet: nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para as mudanças do clima

Todos os países - ricos ou pobres - têm sistemas de saúde precários frente aos desafios que as mudanças climáticas já começam a impor. Esta é a principal mensagem da edição 2020 do relatório Contagem Regressiva Lancet (Lancet Countdown), um estudo sobre a relação entre mudança climática e saúde. O levantamento acompanha 40 indicadores nesse tema, e a edição lançada hoje (2/12) apresenta as perspectivas mais preocupantes até o momento.

Os novos dados mostram que apenas metade dos países pesquisados elaboraram planos nacionais de saúde e clima, com apenas quatro informando financiamento nacional adequado, e menos da metade dos países realizou avaliações de vulnerabilidade e adaptação para a saúde. Enquanto isso, dois terços das cidades globais pesquisadas esperam que a mudança climática comprometa seriamente a infraestrutura de saúde pública.

Segundo o relatório, nas últimas duas décadas houve um aumento de 54% de mortes relacionadas ao calor entre idosos, com um recorde de 2,9 bilhões de dias adicionais de exposição a ondas de calor afetando quem tem mais de 65 anos em 2019 - quase o dobro da alta anterior. Nesse mesmo período, o Brasil experimentou 39 milhões de dias a mais de exposição às ondas de calor afetando sua população idosa em comparação com o início dos anos 2000. O cálculo da exposição de populações vulneráveis a ondas de calor é expresso em dias/pessoa, ou seja, o número de dias de ondas de calor em relação ao número de pessoas afetadas.

O documento ainda destaca que o calor e a seca provocaram aumento acentuado de exposição a incêndios, causando danos ao coração e ao pulmão devido à fumaça, além de queimaduras e deslocamentos de comunidades. Esse cenário foi especialmente devastador no Brasil em 2019, que devido às queimadas na Amazônia viu saltar em 28% o número de dias em que sua população esteve exposta a um risco de incêndio de muito alto a extremo desde o início do século.

"A pandemia nos mostrou que quando a saúde é ameaçada em escala global, nossas economias e modos de vida podem chegar a um impasse", diz Ian Hamilton, diretor executivo da Lancet Countdown. "Os incêndios devastadores dos EUA e as tempestades tropicais deste ano no Caribe e no Pacífico, coincidindo com a pandemia, ilustraram tragicamente que o mundo não tem o luxo de lidar com uma crise de cada vez".

"A pandemia da COVID-19 lançou um holofote sobre a capacidade atual dos sistemas de saúde para lidar com choques futuros que a mudança climática já começa a gerar", afirma Hugh Montgomery, co-presidente da Lancet Countdown e doutor em terapia intensiva na University College London. Para ele a mudança climática amplia as desigualdades existentes na saúde entre os países e dentro deles. "Nosso relatório mostra que, assim como na Covid-19, os idosos são particularmente vulneráveis, e aqueles com uma gama de condições pré-existentes, incluindo asma e diabetes, correm um risco ainda maior".

O relatório - uma colaboração entre especialistas de mais de 35 instituições, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Banco Mundial e liderado pelo University College London - vem a público às vésperas do 5º aniversário do Acordo de Paris, quando o mundo se comprometeu a limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2ºC.

"Chegamos ao 5º aniversário do Acordo de Paris enfrentando as piores perspectivas para a saúde pública que nossa geração já viu", lamenta Wenjia Cai, diretora do recém-lançado Centro Regional Lancet Countdown para a Ásia, sediado na Universidade de Tsinghua, em Pequim. "O não cumprimento de nossos compromissos climáticos pode tirar alguns objetivos-chave de desenvolvimento sustentável do alcance, assim como nossa capacidade de limitar o aquecimento."

 

Riscos no Brasil

Um destaque que diz respeito ao Brasil são as mortes relacionadas à dieta alimentar: no Brasil são muito significativas - quase 248 mil por ano, dos quais quase 38 mil estão ligadas ao consumo excessivo de carne vermelha.

A poluição que causa milhares de mortes prematuras por inalação partículas finas (PM2,5) também é apontado no relatório com um problema crítico no país, sendo o transporte movido a combustíveis fósseis o principal responsável.

O relatório aponta ainda que houve um aumento das horas de trabalho perdidas devido ao calor extremo na América Latina - foram mais de 4 bilhões de horas perdidas em 2019 no Brasil, e as perdas médias nos últimos quatro anos são 36% maiores do que no início da década de 90. Enquanto isso, a dengue avança no continente, com o mosquito Aedes aegypti se adaptando cada vez mais aos ambientes urbanos de Brasil e Peru, ajudado, segundo o relatório, pelo armazenamento improvisado de água em resposta às estiagens e cortes de abastecimento.

 

Retomada Verde

Um editorial da Lancet publicado junto com o novo relatório destaca que a mudança climática e o risco de pandemia zoonótica compartilham os mesmos fatores, tornando-os inextricavelmente entrelaçados, de modo que devem ser tratados em conjunto.

Os 120 acadêmicos e médicos por trás do novo relatório dizem que se forem tomadas medidas urgentes para enfrentar a mudança climática - implementando planos para cumprir os compromissos de limitar os aumentos de temperatura global a bem abaixo de 2ºC - será possível mitigar esses choques e obter benefícios econômicos e de saúde. Ao mesmo tempo, estas ações poderiam reduzir o risco de futuras pandemias, porque os motores da mudança climática também podem impulsionar o risco de pandemia zoonótica (doenças infecciosas causadas por microorganismos que saltam de animais não humanos para humanos).

"Se quisermos reduzir o risco de futuras pandemias, devemos priorizar a ação sobre a crise climática - uma das forças mais poderosas que impulsionam as zoonoses hoje", declara Richard Horton, editor-chefe da The Lancet. Para ele, este é o momento de proteger a biodiversidade e fortalecer os sistemas naturais dos quais depende nossa civilização. "Assim como vimos com a COVID-19, uma ação retardada causará mortes evitáveis."

Os 7 milhões de mortes anuais por poluição do ar associadas à queima de combustíveis fósseis em todo mundo dão um exemplo desse potencial. Na Europa, modestos passos para promover setores de energia e transporte mais limpos viram as mortes por poluição atmosférica PM2,5 cair de 62 por 100 mil em 2015 para 59 por 100 mil em 2018. Globalmente, as mortes por PM2,5 ambientais associadas ao carvão caíram em 50 mil no mesmo ano.

Os ganhos de saúde, por sua vez, poderiam gerar muitos bilhões em benefícios econômicos. Por exemplo, a melhoria marginal da qualidade do ar da União Européia nos cinco anos até 2019 poderia valer cerca de US$ 8,8 bilhões por ano, se mantida constante.

Como a produção de alimentos é a fonte de um quarto das emissões mundiais de gases de efeito estufa, o relatório sugere que existe uma oportunidade semelhante para tratar de algumas das 9 milhões de mortes anuais ligadas à má alimentação. Com a pecuária sendo particularmente intensiva em emissões, o relatório examinou as mortes causadas pelo excesso de consumo de carne vermelha e constatou que a mortalidade aumentou 70% nos últimos 30 anos. Uma dieta com menos carne bovina teria portanto benefícios de saúde diretos e também indiretos, pela diminuição das emissões.

"Há uma oportunidade genuína de alinhar as respostas à pandemia e à mudança climática para proporcionar uma tripla vitória: melhorar a saúde pública, criar uma economia sustentável e proteger o meio ambiente", afirma Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde. "Mas o tempo é curto. A incapacidade de enfrentar essas crises convergentes de modo simultâneo pode elevar a produção de combustíveis fósseis, colocando a meta mundial de 1,5ºC fora do alcance e condenando o mundo a um futuro de choques de saúde induzidos pelo clima."

 

 

[1] Para a dengue, a suscetibilidade climática global à transmissão aumentou em 15% desde 1950.

A susceptibilidade à transmissão da malária em áreas montanhosas aumentou 39% na região africana da OMS, e 150% na região do Pacífico Ocidental da OMS desde os anos 50.

Desde 1982, a área da linha costeira adequada para surtos de infecções por vibrio aumentou 61% no Báltico e 99% no nordeste dos EUA (de 51% 1982-1986 para 82% 2015-2019) no Báltico, e 26% 1982-1986 a 55% 2015-2019 no nordeste dos EUA).

 

Relatório disponível em https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)32290-X/fulltext

 

 

 

 

As crianças e o futuro

Cresci ouvindo as histórias sobre a infância pobre de minha mãe. Quando visitava minha avó ou minhas tias, o assunto aparecia alguma hora e todos tinham algum episódio triste ou constrangedor para contar. Família numerosa, apenas eu e um primo chegamos na universidade. Na geração que trabalhou desde criança, todos continuaram pobres ou quase pobres. Minha mãe deixou os estudos na terceira série do primário e os outros um pouco depois. O trabalho era mal remunerado, pois afinal eram apenas crianças. Depois de adultos, sem escolarização adequada, continuaram mal remunerados porque, afinal, não se "esforçaram o suficiente" para melhorar de vida. Muita gente ainda pensa assim, muita gente, cheios de razão em seus silogismos perversos.

Segundo o IBGE, em 2016, mais de dois milhões de crianças e pré-adolescentes trabalhavam no Brasil. Um país com um passado escravista e com uma legislação social ignorada em muitas regiões do país, a exploração do trabalho infantil é revestida e naturalizada por um discurso de aprendizado e experiência que ajuda a criança a se afastar das drogas e das más companhias e conheça, desde cedo, o valor do trabalho honesto. Recentemente o presidente da República reafirmou essa tese: “deixem as crianças trabalharem”, disse, como a versão de um Roosevelt paleolítico.

Há poucos dias, o economista francês Thomas Piketti afirmou que a possibilidade de o Brasil se desenvolver efetivamente é muito difícil em face da desigualdade social. Ela impede que as novas gerações consigam ampliar a produtividade, incorporando as novas tecnologias, melhorando a receita do país e possibilitando uma maior distribuição de renda. Ou seja: nosso discurso sobre como o “trabalho" dignifica a criança é um tiro no peito do nosso futuro, porque prejudica a formação necessária para que essa criança se torne um adulto produtivo e capaz de gerar e receber mais dinheiro.

Uma dessas crianças que trabalham, chamado Sandro, abordou-me perto da minha casa, pedindo que eu comprasse um pacotinho de balas de goma. Ele me disse que estava na rua desde às nove da manhã e só tinha conseguido três reais e cinquenta centavos. Mostrou-me a caixa com as fileiras coloridas, quase cheia. Disse também que tinha comido seis balinhas e aquilo tinha sido tudo o que tinha ingerido de alimento naquele dia. Eu tinha uma nota de vinte no bolso e ofereci para ele, dizendo para ele comprar um lanche. Ele agradeceu e disse-me que não poderia comprar um lanche pois precisava levar comida para casa, para a mãe e o irmão menor. Eu falei então que ele fizesse o que achasse melhor, o dinheiro agora era dele. Sandro então contou-me, sorrindo, que compraria vina e macarrão com aquele dinheiro. E que ainda poderia comprar algo mais com os três e cinquenta que tinha conseguido.

Esse menino que estava, em um sábado, trabalhando há oito horas, sem comer nada de nutritivo, é o futuro do Brasil. Quando olhamos para esses meninos e meninas nas esquinas das ruas, ou vemos imagens de milhares deles trabalhando nas áreas rurais, ribeirinhas, periféricas, nos lixões que ainda desafiam qualquer racionalidade urbana,  no comércio e em indústrias de fundo de quintal e quando nos enganamos dizendo que isso é bom, que assim eles aprendem o valor do dinheiro desde cedo e que ajudam às famílias, não nos esqueçamos: eles e elas são o futuro do Brasil.

Minha mãe conta que certa vez jogou uns centavos no jogo do bicho e ganhou um prêmio. Correu no açougue e comprou uma rodela de salsicha. Sentindo-se sortuda, cortou um pedaço e comeu sozinha. Levou o resto para casa, para a mãe, minha avó, fazer a janta para a família. Como Sandro fez. Minha mãe, de 82 anos, foi o passado do Sandro, um passado resistente como uma praga que suga as raízes das plantas novinhas, impedindo que se desenvolvam. E o Brasil repete esses erros porque é um país de memória falha. Ou de caráter, talvez.

 


Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.
danielmedeiros.articulista@gmail.com
@profdanielmedeiros


5 passos para identificar as lacunas de aprendizado causadas pela pandemia

 

Com uma provável segunda onda de Covid-19 e a possibilidade de manutenção do ensino híbrido para todo o ano letivo de 2021, a comunidade escolar continuará com grandes desafios pela frente. O primeiro será no aprimoramento do ensino a distância, seja na adoção de ferramentas ou na preparação do professor para utilizá-las. O segundo, e principal, será lidar com as lacunas de aprendizado dos alunos que tiveram dificuldades ao estudar em casa ou que sofreram com a falta de acessibilidade à educação remota.

 

Uma pesquisa realizada pelo Leverhulme Centre for Demographic Science, da Universidade de Oxford, identificou, após o retorno às aulas presenciais na Europa, que as crianças do ensino fundamental aprenderam “muito pouco ou nada” com aulas 100% a distância. Estudos também mostram que as lacunas de aprendizado dessa geração podem impactar negativamente na aprendizagem de disciplinas dos anos seguintes, e, até mesmo, o futuro profissional desses jovens no mercado de trabalho.

É de se esperar que a aprendizagem dos alunos brasileiros também tenha sido afetada pela pandemia, gerando perdas que precisam ser mapeadas e endereçadas. Durante o fechamento das escolas no Brasil, alguns alunos continuaram a ter atividades em várias modalidades, como plataformas de aprendizagem on-line, aulas via televisão e, até mesmo, pelo rádio. Outros, por sua vez, pararam totalmente de aprender. Portanto, quando as escolas reabrirem efetivamente para aulas presenciais, os alunos retornarão com níveis muito diferentes de conhecimento e habilidades, com os alunos desfavorecidos mais propensos a apresentar perdas significativas a nível de aprendizagem.

Por conta dessas constatações, a Unesco e, posteriormente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendam no retorno às aulas ainda em 2020 ou no início de 2021, a realização de uma avaliação para diagnosticar as lacunas de aprendizado dos estudantes, a fim de definir planos de ação voltados a reduzir os danos e assegurar que as aprendizagens essenciais sejam adquiridas ao longo do ano letivo. Nessa hercúlea tarefa de praticamente ensinar dois anos em apenas um, gestores escolares e docentes terão de definir uma trilha de replanejamento pedagógico, que pode ser estabelecida em cinco passos fundamentais. Confira:

 

1º Passo: Diagnósticos de aprendizagem

A pandemia trouxe impactos para a aprendizagem dos alunos mundialmente, e diagnosticar os pontos de melhoria em cada segmento é fundamental para que a escola possa planejar, efetivamente, os próximos passos. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) pode e deve ajudar neste processo, pois existe uma progressão das habilidades entre o ensino fundamental dos anos iniciais e finais. 

Para alunos de Educação Infantil, a escola pode optar pela realização de atividades e brincadeiras com intencionalidade pedagógica e fazer uma relação com os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, além dos campos de experiência, como, por exemplo, “Corpo, gestos e movimentos”, “Traços, sons, cores e formas”, “Escuta, fala, pensamento e imaginação”. Através dessas observações, a instituição pode traçar estratégias que estimulem o pleno desenvolvimento dessas habilidades nos pequenos.

Para alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, é recomendada a avaliações diagnósticas com questões abertas de Língua Portuguesa/leitura e Matemática. Para facilitar esse processo, e ao mesmo tempo padronizar critérios do início ao fim, de forma justa, pode se utilizar-se de rubrica. Por meio dela, constrói-se critérios não apenas de correção, mas também de orientação para alunos e famílias. 

Para alunos dos anos finais e ensino médio, é indicada a adição de outros componentes curriculares relacionados, também, a História, Geografia e Ciências, com Física, Química e Biologia a partir do 9º ano. Para maior agilidade, as avaliações diagnósticas podem utilizar questões objetivas das habilidades e conteúdos essenciais da série anterior. Sobre a seleção dos assuntos da série anterior, envolver os professores na construção dos componentes curriculares é fundamental.

 

 2º Passo: Depois da aplicação

Depois da aplicação da avaliação, é a vez de analisar os resultados por meio da elaboração de um relatório de diagnóstico das habilidades por disciplina, com recortes de desempenhos gerais por turma, e individualmente para cada aluno. Esse relatório deve identificar o rendimento escolar das turmas e de cada estudante, projetando médias gerais que vão ajudar a traçar um planejamento para a recuperação dos alunos que estiverem abaixo da nota estabelecida.

 

3º Passo: Planejamento

É hora de desenvolver dois planos: o de Ação e o de Estudos. O primeiro define quais medidas devem ser tomadas para casa aluno e turma. Realizar encontros com pequenos grupos, por exemplo, é uma boa maneira de construir relacionamentos e oferecer uma oportunidade para correção imediata de algumas das habilidades que foram apontadas na avaliação.

O segundo, e mais importante, é elaborado a partir do diagnóstico individualizado fornecido pelos relatórios, em que cada aluno recebe um plano personalizado para reforçar a atenção nos pontos em que enfrenta mais dificuldade. Aqui, devem ser listadas referências relacionadas aos assuntos com maiores lacunas de aprendizagem e sugestões de atividades e/ou exercícios semelhantes às dificuldades apresentadas. 

 

4º Passo: Execução híbrida

O acesso à tecnologia nessa etapa, quando disponível, pode agilizar o processo de aprendizagem do conteúdo em atraso por meio de aulas virtuais sobre assuntos específicos, livros digitais, tarefas extras e avaliações formativas, sendo esta aplicada como parte da prática de ensino diário na forma de verificações de compreensão, questionários, atividades em grupo em sala de aula e atividades para  casa. Ela fornece feedback contínuo para professores e alunos para monitorar o progresso dos alunos em relação aos objetivos de aprendizagem. Outra indicação é a realização aulas de reforço em horários alternativos, como no contraturno, para explicações adicionais e esclarecimento de dúvidas, além de atividades extras, em atendimentos individuais ou em turmas definidas com base nas lacunas em comum identificadas por meio do relatório.

 

5º Passo: Acompanhamento da aprendizagem

Depois de executado o plano, é momento de reavaliar o aluno para entender se todo o conteúdo reforçado foi absorvido. Nesse momento, é possível que os alunos apresentem melhoras em determinados assuntos e dificuldade em outros, especialmente, com a aplicação de avaliação de novos capítulos e conteúdos. Portanto, diante da impossibilidade de repassar todo o conteúdo do ano anterior, deve ser priorizado aquilo que é imprescindível para a aprendizagem das matérias nos anos seguintes. Além disso, é necessário registrar esse desempenho por meio de relatórios de evolução de cada aluno durante o ano corrente e nos próximos, uma vez que 2022 ainda sentirá os impactos da pandemia de covid-19.

Por último, mas não menos importante, vale ressaltar que, embora os métodos avaliativos para diagnosticar as lacunas de aprendizagem sejam fundamentais para o planejamento do próximo ano letivo, existe um outro fator que as escolas precisam se preocupar na volta às aulas: o trato das habilidades socioemocionais, voltadas ao acolhimento, não só dos alunos, mas das famílias, corpo docente e demais agentes escolares. 

 


Ademar Celedônio - diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação.


História: 6 assuntos mais abordados no Enem nos últimos anos

Se preparar para o Enem não é tarefa fácil porque exige do estudante um amplo domínio sobre todo o conteúdo da grade curricular do Ensino Médio. Para sinalizar o que é preciso estudar para as provas, a organização do Enem divulga no edital do exame a Matriz de Referência, na qual constam os conteúdos do Ensino Médio que podem ser abordados nas provas. Mesmo assim, a quantidade de assuntos listados nas quatro áreas do conhecimento pode deixar qualquer um perdido, sem saber o que priorizar.

"O ideal é estudar bem durante todos os anos para se ter uma base completa e então, na reta final, priorizar a revisão de assuntos que caem com mais frequência ou que o aluno tenha mais dificuldade", orienta o coordenador da Assessoria de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Norton Frehse Nicolazzi Junior. 

Para ajudar quem está se preparando nessa reta final, a equipe de inteligência do Sistema Positivo de Ensino mapeou os assuntos que mais caíram nas provas do Enem nos últimos dez anos.


História

Os assuntos mais abordados nas provas de História na última década foram: História Geral (55%), Brasil República (15%), Brasil Colônia (9%), Brasil Império (8%), História Política (7%) e Patrimônio Histórico-cultural e Memória (6%). De acordo com Norton, em História Geral os conteúdos que costumam aparecer com mais frequência são Iluminismo, Revolução Industrial e Segunda Guerra Mundial. Já quando o tema é Brasil República, o educador afirma que é preciso prestar atenção na Primeira República e na Era Vargas. "O Brasil Império costuma trazer questões que tratam da Constituição de 1824, Segundo Reinado, processo abolicionista e economia cafeeira. Já as questões ligadas ao Patrimônio Histórico-Cultural e Memória trazem com frequência a temática indígena e afro-brasileira, além da diversidade cultural", completa Norton.


Docentes avaliam uso do WhatsApp para facilitar ensino de matemática aos alunos

 Em artigo acadêmico, autores exaltam a diminuição da desigualdade social na comunicação entre os discentes, além do aprendizado organizado e mais colaborativo como resultados positivos da adoção do aplicativo de mensagens

 

Um estudo acadêmico realizado em 2018 traz à tona o debate sobre o ensino a distância de teorias exatas, como matemática, por exemplo. No artigo, os autores José Claudio Oliveira e Juliano Schmiguel, ambos docentes da Universidade Cruzeiro do Sul — instituição que integra a Cruzeiro do Sul Educacional — mostram na prática como a adoção do WhatsApp como ferramenta de ensino e comunicação com os estudantes pode trazer inúmeros resultados positivos.

Baseados também na facilidade de acesso à internet pelo smartphone, os professores identificaram pesquisas que mostravam inicialmente a presença constante do celular no cotidiano dos alunos e das pessoas em geral. No entanto, a aplicabilidade no ensino-aprendizagem de matemática ainda não havia sido testada.

“Em geral, os jovens estão sempre sobrecarregados, alternando-se entre diversas atividades. Como o conteúdo no aplicativo é enviado por vídeos, mensagem escrita ou áudio, o aluno pode acessar como e onde estiver, sem interromper suas atividades e fazendo melhor controle do seu tempo”, explica José Claudio.

Até pouco tempo, avalia o autor, havia também forte resistência ao uso do celular como ferramenta de educação. Sua presença em salas de aula, por exemplo, era proibida e seu uso permitido somente diante de urgência. Agora, com a pandemia de Covid-19 e a necessidade de se estudar a distância, as vantagens do uso do WhatsApp na aplicação de matemática ficaram evidentes.

“Um dos ganhos mais significativos foi a aproximação do professor com os alunos, principalmente fora do alcance escolar. Com esse tipo de comunicação, o estudante se sente individualizado, conectado, tornando o aprendizado mais perceptível, amplo e profundo, além de estreitar a relação professor-aluno", diz o autor.

Outro benefício observado foi a diminuição do tempo de exposição do professor em relação ao processo tradicional. Com isso, os desgastes naturais com disciplina, organização da sala de aula e conversas paralelas durante as explicações tenderam a zero, de acordo com José Claudio. “O número de exercícios e aplicações foram aumentados e, em consequência, o aprendizado também. O tempo foi otimizado consideravelmente para ambos os lados no processo de ensino aprendizagem”, complementa.

O projeto do artigo acadêmico foi embasado em estudo realizado com alunos do Ensino Médio de São Paulo durante três semanas de 2018. O artigo e pesquisa completos estão disponíveis no link.

 


 

Universidade Cruzeiro do Sul

www.cruzeirodosul.edu.br


Ideb precisa se adequar às novas exigências da sociedade, dizem educadores

Especialistas falam sobre a importância e os desafios do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica


Desde 2007, o ensino em escolas de todo o Brasil tem um objetivo claro e numérico: atingir as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Um dos principais indicadores de qualidade da educação, o Ideb passou a ser o norte pelo qual todos os agentes educacionais se orientam. Mas, com quase uma década e meia de existência, a forma de calcular o índice começa a apresentar algumas deficiências à luz do século XXI.

Se ainda há o que melhorar, não se pode esquecer que a implementação do Ideb, em si, já foi um grande avanço rumo a uma educação melhor e mais igualitária em todo o país. Com as metas estabelecidas de acordo com o perfil de cada município, as Secretarias de Educação podem entender quais pontos precisam ser revistos e desenvolver planos de ação para isso. Para o ex-presidente do Todos pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves Ramos, “é fundamental que o país tenha um sistema sólido de avaliação, capaz de aferir a qualidade do ensino oferecido. O Brasil tem uma larga experiência nesse campo e o Ideb é um indicador que tem sido capaz de mobilizar as pessoas em prol dessa qualidade. Ele não apenas estabeleceu metas, mas está também dentro dos debates da política, por exemplo, em momentos de disputa eleitoral. Isso é muito positivo, apesar das eventuais limitações”.

A ex-presidente do Inep e membro do comitê gestor da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Maria Inez Fini, lembra que o Ideb foi criado tendo como referência os direitos constitucionais das crianças e adolescentes. “Sabemos que existem famílias que não têm uma estrutura organizada, ou que vivem situações de vulnerabilidade, e isso influencia na aprendizagem. Mas, de qualquer forma, o papel da escola é garantir esses direitos constitucionais e universais”, destaca a educadora. "Nesse sentido, uma avaliação como o Ideb ajuda a nivelar a educação oferecida em diferentes lugares do país por meio não da comparação com outras regiões ou realidades, mas com o próprio histórico conquistado nas avaliações", completa.

Ramos defende que qualquer sistema de ensino que seja aplicado no século XXI precisa ter flexibilidade, capacidade de se reinventar e de permitir o desenvolvimento de novas competências em estudantes e professores. "Cada vez mais, vamos precisar de pessoas criativas, com pensamento crítico”, afirma. Ele explica que as escolas precisam ter projetos de atuação adequados ao projeto de vida dos alunos e, como o mercado de trabalho vem se modificando nos últimos anos, exigindo novas habilidades que nem sempre estão relacionadas à aplicação do que se aprende no currículo escolar tradicional, essa adaptação será mais fundamental a cada ano.

“Hoje, queremos que o ensino seja mais interativo e dialogue com os estudantes de maneira mais adaptativa. Se a escola brasileira souber como fazer isso, daremos um salto de qualidade", ressalta Maria Inez. Para ela, essa readequação será necessária também porque os sistemas de ensino estão se adequando.  Segundo a especialista, a pandemia também veio nos provocar e nos mostrar que, embora o ensino híbrido jamais vá substituir o presencial, podemos trabalhar de outras maneiras.

Maria Inez e Mozart estão juntos no 15º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “A importância do Ideb para a educação pública”. O programa pode ser ouvido no site http://sistemaaprendebrasil.com.br/podaprender/, nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis.


Pandemia transforma a imagem do Ensino a Distância no Brasil

Mudança da educação para ambiente virtual trouxe reflexo positivo para modelo antes visto como menos eficiente do que o presencial


Apesar da resistência de muitos, o ingresso de alunos em cursos de graduação na modalidade de Educação a Distância cresceu consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o INEP/MEC, o número de ingressantes nestes cursos dobrou no período de 2008 a 2018, atingindo cerca de 1.3 milhão de alunos no EaD. Este número representa 40% do total de estudantes em cursos de graduação em 2018. A expectativa é que a quantidade de matrículas nesta modalidade continue crescendo nos próximos anos.

O Ensino a Distância, desde o seu surgimento, enfrenta questionamentos no Brasil, principalmente em relação à sua eficácia, já que dispensa a presença do aluno no campus. As dúvidas em relação ao modelo de ensino remoto surgem, na maior parte das vezes, por falta de conhecimento, falta de experimentação e resistência à inovação. Contudo, a obrigatoriedade do uso do ambiente virtual para continuidade das atividades acadêmicas durante a pandemia, ofereceu um novo olhar para o EaD.

De acordo com Luciano Freire, diretor de pós-graduação e Educação a Distância do Centro Universitário Facens , no cenário da pandemia, as instituições que tiveram sucesso foram aquelas que repensaram o modelo de ensino para além do modelo "tradicional" de EaD. Estas fizeram o uso de metodologias ativas, simuladores, vídeos de experimentos, jogos, entre outros recursos, visando prover no ambiente virtual uma experiência tão próxima e, em alguns casos, até melhor que a vivenciada no modelo presencial.

"Isto abriu para os alunos, e também aos professores, um universo repleto de novas possibilidades, no qual a interação com o colega e com o professor ocorre de forma diferente, mas é complementada por uma série de ferramentas que tornam a experiência mais rica, como no caso o uso de Simuladores Virtuais para discussão sobre casos práticos. Durante este processo de adaptação e experimentação, o aluno percebeu que o ensino na modalidade EaD pode ser muito interessante e eficaz", reforça Luciano.

Esta mudança de paradigma levou algumas instituições de ensino superior, como a Facens, a ampliar e aprimorar o Ensino a Distância. Para 2021, o Centro Universitário prevê a abertura de novos cursos de extensão e pós-graduação no modelo de Ensino a Distância, com implementação de algumas atividades presenciais não obrigatórias para os alunos que quiserem ampliar a experiência acadêmica.

 



Facens

https://www.facens.br/

"Com medidas preventivas, escola é segura para as crianças", diz pediatra

Preocupação com segunda onda de contaminações é real, mas médico não vê necessidade em fechamento de escolas se medidas preventivas forem adotadas


Nas últimas semanas o assuntou voltou a preocupar a sociedade: hospitais públicos e privados registraram média de 30% de aumento nas internações por conta do novo coronavírus.

Alguns hospitais privados chegaram a anunciar ocupação total dos leitos de UTI e algumas comunidades médicas chegaram a alertar para uma segunda onda de contaminações, enquanto outras enfatizam que sequer saímos da primeira.

A verdade é que as pessoas têm relaxado nos cuidados preventivos e, com isso, as contaminações voltaram a ocorrer. Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria afirma estar assustado com a subida de casos em cidades que já se mostravam sob controle, como São Paulo, mas defende a abertura das escolas com base em evidências científicas.

"As pessoas precisam ser informadas de forma adequada para que possam adotar medidas preventivas e tomar a melhor decisão para si e para suas famílias. No caso das crianças, reforço que o vírus influenza é mais perigoso do que o novo coronavírus e nenhuma escola fecha por causa de surtos de gripe", destaca.

Segundo o médico, se forem adotadas medidas como distanciamento social, uso de máscara e higiene constante das mãos, o risco de contaminação baixa significativamente.

"Quanto mais jovem é a criança, menor é o risco de infecção. A maioria das crianças é assintomática ou tem sintomas leves e, diferente do que se acreditava no início da pandemia, não são super disseminadores", enumera o pediatra.

Dr. Paulo assegura que se a escola adotar as medidas preventivas, ela não se torna um local de maior infecção e é segura para professores, funcionários e pais. Ele diz ainda que em todo o mundo, o maior número de infecções no público infantil ocorreu dentro de casa, por meio de familiares expostos ao novo coronavírus.

"Os impactos do isolamento social prolongado no desenvolvimento e na saúde mental das crianças são imensos e duradouros. Precisamos conscientizar pais e cuidadores a ensinarem os pequenos a adotarem as medidas preventivas e permitir que retornem à escola para evitar obesidade, ansiedade, distúrbios do sono, excesso de telas e outros prejuízos."

O médico ressalta que ainda deve demorar para surgir uma vacina segura para crianças, uma vez que os imunizantes em teste têm sido testados para um público acima de 16 anos. "Somente as vacinas de Oxford e da AstraZeneca têm considerado testes em crianças de 5 a 12 anos", fala Dr. Paulo, que acredita que a pandemia ainda será longa e precisamos pensar em médio e longo prazos no que tange o desenvolvimento e a segurança infantis.



Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles • Formado pela Faculdade de medicina do ABC • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.


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