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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Diabetes gestacional afeta desenvolvimento cognitivo do bebê

 Tipo da doença pode atingir até 25% das grávidas e prejudicar o desenvolvimento cognitivo do bebê, aumentando a propensão à obesidade e à própria diabetes tipo 2 na vida adulta

 

O diabetes é uma síndrome causada pela má absorção ou falta de insulina e oferece risco especial também para as gestantes. Como explica a médica com expertise em acompanhamento gestacional, Jordanna Leão, a gravidez requer atenção especial não só em relação à ingestão de alimentos nocivos ao feto, mas com a dieta como um todo. “Toda gestante que não adota uma alimentação saudável corre o risco de desenvolver diabetes mellitus gestacional”, alerta.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença pode atingir até 25% das mulheres grávidas e é considerada o problema metabólico mais comum da gestação. Para Jordanna, esse número é preocupante, pois pode estar ligado a um impacto negativo do desenvolvimento dessas crianças. “O estado inflamatório da mãe durante a gravidez demonstrou relação com menor desenvolvimento cerebral de bebês de até dois anos de idade”, explica.

No mesmo sentido, um estudo do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale aponta que os filhos de mães que enfrentam processos inflamatórios durante a gestação estão mais suscetíveis a psicopatologias.

 

Fatores de risco

A médica explica que o corpo humano se desenvolveu para garantir a quantidade de açúcar necessária ao feto, mas nossos hábitos mudaram muito desde então. Atualmente, muitas gestantes têm uma dieta rica em carboidratos e pobre em fibras, o que pode desencadear a síndrome metabólica.

Ainda que toda mulher corra risco de ter DMG, Jordanna explica que alguns fatores podem aumentar as probabilidades. “Aquelas que engravidam após os 35 anos, já estão acima do peso, que possuem histórico familiar de diabetes, que sofrem de síndrome do ovário policístico e que possuem estatura menor 1,5 m possuem maior risco de desenvolvê-la”, destaca.

Além dos efeitos sobre o desenvolvimento cognitivo do bebê, a especialista ressalta que a doença pode ainda elevar o risco de pré-eclâmpsia durante a gravidez.

 

Outros efeitos do diabetes no bebê

Mais do que isso, a especialista acrescenta que os bebês que se desenvolvem sob os efeitos do diabetes no organismo das mães tendem a nascer acima do peso, têm dificuldade de amamentação e apresentam quadros de hipoglicemia.

“Outro fator importante é que a DMG descontrolada aumenta o risco do desenvolvimento de alterações cardíacas no feto. E não é só isso. As pesquisas estão mostrando que o desenvolvimento do bebê nesse ambiente alterado produz uma “programação metabólica” do feto, aumentando o risco desse bebezinho desenvolver alergias e diabetes do tipo 2 quando adulto”, pontua.

 

A gestante precisa se preparar

Segundo Jordanna, a chave para evitar todos esses problemas está na orientação adequada das gestantes. “Temos que mostrar para nossas mulheres em idade fértil a importância de se alimentarem da melhor forma possível durante esse período, com bastantes frutas e verduras e retirando açúcares e industrializados da dieta”, aconselha.

Ela reforça que, na maioria dos casos, o controle é feito apenas com a dieta e a mudança de hábitos. Por isso, é crucial que a gestante entenda seu papel. “Toda mãe quer o melhor do mundo para seu filho, mas muitas vezes não tem percepção do impacto que as escolhas erradas podem causar na saúde do seu bebê”, completa.


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