Culpa, vergonha e
medo são sentimentos comuns entre as mulheres que carregam o sonho não
realizado de serem mães
Maio chega com a doce celebração do Dia das Mães,
homenagens e um agradecimento especial às mulheres que dedicaram muito da
própria vida em prol dos filhos. As mães são as primeiras referências dos
filhos, são exemplo diário na construção do caráter e na idealização da vida
adulta. E quando o desejo de ser mãe é aflorado, a espera pelo grande encontro
parece interminável e nem sempre ela acontece. Algumas mulheres tentam, mas não
engravidam, outras tentam muito até conseguirem realizar o grande sonho. São as
chamadas tentantes.
Engravidar é natural, mas exige planejamento,
especialmente com o avançar da idade. O Brasil não tem informações que
quantifiquem o número de mulheres tentantes, mas o IBGE aponta uma tendência
cada vez maior de gestações tardias, após os 40 anos. Em 2022, o número era
65,7% maior do que em 2010. A gravidez tardia é um dos fatores que podem
contribuir para a infertilidade feminina e impedir que o sonho da maternidade
se realize. Ana Carolina Massarotto, ginecologista e obstetra, alerta para a
atuação implacável relógio biológico feminino. “Por mais que a medicina tenha
avançado e que as mulheres tenham recursos para adiar a gestação, nem sempre a
gestação tardia é saudável ou eficaz”, explica a médica.
O fato é que as tentantes são mulheres de idades
diversas, perfis e históricos diversos. Não há regra, apenas algo em comum: o
desejo de engravidar. A ginecologista e obstetra Isabela Simionatto explica que
muitos fatores podem impedir a fecundação, especialmente os hormonais e, por
isso, cada caso precisa ser avaliado de forma isolada. “A mulher que tem o
desejo de engravidar precisa, em primeiro lugar, conhecer o corpo e as
condições dela. Fazer exames, pesquisar, ter informações precisas sobre a
própria saúde”. Segundo a médica, essa preparação é fundamental para
identificar situações que possam dificultar a gestação e alerta para outro
ponto fundamental, que é olhar também para as condições de saúde do parceiro.
“Essa tentante não está sozinha, ela tem um parceiro e é muito importante olhar
para ele, investigar se ele pode ter alguma questão que impeça a concepção”,
orienta Isabela.
A infertilidade ainda é um tema difícil de ser
compreendido e tratado pela sociedade e, para as tentantes, a sobrecarga é
ainda maior. Culpa, vergonha e medo são sentimentos comuns entre elas e o
acolhimento nem sempre existe. Para a ginecologista e obstetra Isabela
Simionatto, esse é o fator mais importante ao longo das tentativas. “Como não
acolher uma mulher que está tentando realizar o sonho da vida dela e todo mês é
surpreendida com a menstruação ou até mesmo com uma perda gestacional inicial?
Existe um sofrimento enorme ali. A mulher não tem culpa de não estar
conseguindo e não precisa ter medo ou vergonha de não ser aceita ou de ser
questionada. Ela só precisa ser acolhida”, explica a ginecologista e obstetra.
Muitas vezes, as tentativas de engravidar se arrastam por anos. Começam com os suplementos necessários e, em alguns casos, evoluem para fertilização in vitro, que é um método extremamente eficiente, mas nem sempre alcança o resultado desejado. O processo é longo, doloroso e muitas vezes solitário e justamente por esse motivo é fundamental que as mulheres tenham não apenas o apoio da família, mas de uma equipe multidisciplinar. “Precisa cuidar da saúde mental dessa tentante. É um processo doloroso e desafiador. Sem esse cuidado, tudo é ainda mais difícil”, pontua Ana Carolina Massarotto.
Ana Carolina Massarotto - Ginecologista e Obstetra - médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, CRM 162.975. Ginecologista e Obstetra pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, especializada em Medicina Fetal. É titulada pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
@ana.massarotto_go
Isabela Simionatto - Ginecologista e Obstetra - médica graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, CRM 162.975. Ginecologista e Obstetra pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, especializada em Medicina Fetal. É titulada pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
@dra.isabelasimionatto
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