Estudo inédito e histórico do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia entrevistou 48 mil profissionais registrados da área em todo o País
Pesquisas recentes apontam para um cenário desafiador nos próximos
anos no Brasil: falta de mão de obra especializada na área tecnológica. Entre
as principais causas, há uma redução significativa no número de engenheiros
formados, com impacto direto em setores como infraestrutura, tecnologia e
energia, além de uma baixa procura por esses cursos na graduação. A crescente
demanda reflete no mercado de trabalho aquecido: 92% dos profissionais estão em
exercício. Destes, 78% atuam em sua área de formação, segundo dados da
recém-lançada pesquisa do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea),
realizada pela Quaest.
Para entender a realidade dos cerca de 1,2 milhão de profissionais
registrados em todo o País e traçar o perfil dos engenheiros, agrônomos e
geocientistas brasileiros, o Conselho Federal apresenta os resultados da maior
pesquisa quantitativa da história do Sistema Confea/Crea e Mútua. A preocupação
com o futuro das profissões é amplamente debatida pelo presidente do Confea,
engenheiro Vinicius Marchese, que destaca o ineditismo da iniciativa e como o
resultado deve contribuir para ações mais direcionadas às demandas e
necessidades da área tecnológica.
“Quando falamos em impulsionar o desenvolvimento do Brasil,
precisamos mapear como pensam os agentes responsáveis para tirar os projetos do
papel. É a primeira vez que temos informações que nos permitem entender a
dimensão dos desafios, quando falamos da atuação técnica e qualificada na área
tecnológica brasileira. De um lado, a baixa procura por cursos nestes
segmentos. Do outro, profissionais indispensáveis para gerar infraestrutura,
inovação, sustentabilidade, mobilidade e outras temáticas que transformam a
vida das pessoas. Esse foi o nosso objetivo com a pesquisa”, afirma Marchese.
A alta formalização é outro indicador do aquecimento do setor: 40%
dos profissionais estão em regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
11% no serviço público. A satisfação com o mercado de trabalho também é
evidenciada na pesquisa, com 67% dos profissionais satisfeitos com suas atuais
posições, em todas as idades, profissões, formações e Estados. E mais: metade
dos entrevistados acredita que o mercado de trabalho vem melhorando nos últimos
cinco anos.
Além disso, os profissionais registrados ganham mais do que a
média nacional. Os dados também apontam que a relação entre idade e renda
indica um crescimento progressivo dos ganhos conforme os profissionais avançam
na carreira. A maior transição de renda ocorre entre os 30 e 34 anos, faixa
etária em que a maioria ultrapassa os cinco salários mínimos.
Felipe Nunes, CEO da Quaest, pontua que a pesquisa demonstra a
força do mercado de engenharia no Brasil. “Além de satisfeitos, os engenheiros
têm renda muito acima da média nacional, e se sentem vocacionados a contribuir
para a construção de projetos de impacto para o País”, disse.
Nunes observa que o estudo vai ajudar jovens de todas as partes do
país a compreender melhor o futuro que lhes espera com uma carreira nas
engenharias. “Os resultados são inspiração para quem sonha em seguir a
carreira. Está provado que decisões estratégicas a partir de dados tendem a
gerar resultados muito mais eficazes. A iniciativa inédita do Confea terá
efeito decisivo para a área, gerando valor que vai além dos resultados do
estudo em si”, complementa.
A analista responsável pelo estudo, Graziele Silotto, gerente da
área de Inteligência da Quaest, ressalta que a mensagem geral é que o mercado
de trabalho da engenharia brasileira está passando por uma profunda
transformação. “A categoria mostra sinais claros de renovação, com maior diversidade,
bom posicionamento no mercado de trabalho e forte orgulho profissional. Os
desafios estão na valorização da carreira e na necessidade de uma atuação
institucional mais próxima e relevante para os profissionais”, acrescenta.
Profissão com propósito
Diretamente ligados ao desenvolvimento dos municípios e à
construção de um futuro mais igualitário e sustentável, os profissionais do
Sistema Confea/Crea e Mútua são movidos por propósito e encaram suas atividades
técnicas como uma verdadeira missão em prol da população. Quando perguntados
sobre suas profissões, 95% dos entrevistados acreditam que sua atuação
contribui para um Brasil e uma sociedade melhores, e 79% indicariam a carreira
para as futuras gerações.
“São pessoas que acreditam na transformação das cidades e entendem
o valor das suas profissões para o contexto nacional, empreendendo seus
esforços para o bem comum, sempre em busca de melhores condições para todos,
por meio da atuação técnica segura e responsável e do bom uso da tecnologia”,
reforça Marchese.
Sobre a pesquisa
Foram entrevistados 48 mil profissionais registrados, das áreas de
Engenharia, Agronomia e Geociências, com uma confiabilidade de 95% para a
amostra geral. A coleta dos dados foi realizada em todos os Estados brasileiros,
entre 23 de setembro de 2024 e 2 de fevereiro de 2025.
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