Dados mostram que o Brasil somou mais de 141 mil partos de adolescentes, entre janeiro e junho de 2024, e reforçam a importância de programas como o AME, da Demà Aprendiz, para gerar impacto positivo na vida de mães e filhos
Considerada uma questão de saúde pública e uma
condição de alto risco, com sérias implicações para a saúde física, emocional e
social de mães e filhos, a gravidez na adolescência impõe desafios
significativos tanto aos sistemas de saúde quanto a todos os envolvidos nesse
contexto. No Brasil, os indicadores mais recentes apontam uma redução
importante no índice de casos nos últimos anos.
De acordo com o levantamento apresentado pelo
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), do Ministério da Saúde,
no primeiro semestre de 2024, foram registrados 141 mil partos de adolescentes
com idade entre 10 e 19 anos. Essa é uma redução significativa se comparada ao
mesmo período em 2014, quando ocorreram mais de 286 mil partos no país. Apesar
dessa queda, os números ainda são preocupantes e tornam decisivas as
iniciativas voltadas ao acolhimento e apoio às meninas e jovens que passam por
essa situação.
Dentre os inúmeros projetos desenvolvidos no
Brasil, destaca-se o AME (Acolhimento, Mediação e Encaminhamento), idealizado
pela Demà Aprendiz, tecnologia social da Renapsi. O programa foi criado para
proporcionar um atendimento humanizado, individualizado e integral ao
adolescente e ao jovem, considerando seus aspectos humano, social, educativo,
cognitivo, emocional e relacional, indo além da relação profissional.
“Além da assistência integral, o programa também
realiza visitas domiciliares e ações com grupos de convivência para fortalecer
os vínculos emocionais, com trocas de experiências que ampliam a visão das
famílias sobre o momento que a jovem está vivendo. A nossa iniciativa entrega
um apoio abrangente a jovens grávidas e é de suma importância por diversas
razões cruciais, que se entrelaçam com questões sociais, de saúde, educação e
economia do país”, detalha Aline Mariano, coordenadora psicossocial do
programa.
Ainda de acordo com Aline, além de identificar e
avaliar a situação psicossocial do jovem aprendiz, o programa também assegura
amparo para as dificuldades e desafios encontrados, como a gravidez precoce.
“É importante destacar que, em caso de gestação,
asseguramos a continuidade do contrato de aprendizagem, o que dá à jovem
aprendiz a segurança de manter seu vínculo de trabalho e formação, e é
fundamental para sua autonomia e a do futuro bebê. Além disso, a licença-maternidade
de 120 dias consecutivos é assegurada. Também é importante observar que por
meio da Renapsi e as parcerias com órgãos de saúde, como as secretarias
municipais de saúde, promovemos ações educativas e em saúde aos aprendizes,
incluindo palestras sobre métodos contraceptivos, prevenção de ISTs,
importância da vacinação e cuidados com a saúde sexual e reprodutiva. Um
reflexo do nosso compromisso com um trabalho preventivo e de conscientização,
além do apoio às jovens que já estão grávidas”, detalhou.
Acolhimento que transforma vidas
Com atividades desenvolvidas em diversas
localidades, o programa acompanha 218 adolescentes e jovens mães em todo o
Brasil e conta com benefícios reconhecidos e valorizados pelo seu principal
público: as futuras mamães. A jovem Fabiany Lacerda da Silva, de Brasília, de
19 anos, relata a jornada gestacional e como o AME foi importante para superar
as adversidades da inesperada chegada de um bebê.
“Quando descobri que estava grávida, em outubro
de 2024, confesso que fiquei em choque. Meu contrato na Demà Aprendiz estava
perto de acabar e tudo aconteceu de forma muito inesperada. Foi um momento de
incerteza, medo e muitas dúvidas. Mas, mesmo diante disso, fui muito acolhida.
Desde o início, senti que eu não estava sozinha. Hoje estou com 35 semanas, com
o parto previsto para o dia 9 de junho de 2025, e muita coisa mudou. Antes eu
morava com meus pais, agora moro com o meu namorado, e estamos nos preparando
juntos para a chegada do nosso bebê. Em meio a todas essas transformações, o
acompanhamento psicossocial foi fundamental”, destacou.
Ainda segundo a jovem, a participação em
encontros com outras jovens gestantes fez toda a diferença nesta jornada.
“Nestas ocasiões, a gente conversa sobre temas
que realmente importam, compartilha experiências, e aprende muito. Ver que
outras meninas já passaram ou estão passando por situações parecidas me
fortaleceu. O encontro que mais me marcou foi o do Dia das Mães. Foi
emocionante refletir sobre o valor da maternidade e tudo o que ela representa.
Me senti valorizada e reconhecida como mulher e futura mãe. Hoje eu não tenho
dúvidas sobre os meus direitos, sei onde buscar ajuda e tenho segurança para
enfrentar o que vier. O psicossocial foi essencial para isso. Porque,
infelizmente, muitas meninas não têm apoio nem dentro de casa, e poder contar
com esse suporte, com essas orientações e até com pequenas dicas que parecem
simples, mas mudam o nosso dia a dia, é algo que faz toda a diferença. Esse
cuidado vai muito além do trabalho – é sobre humanidade, empatia e apoio real”,
celebrou.
O relato da jovem motiva a meta da Demà Aprendiz, que este ano pretende atender 300 gestantes e ampliar parcerias com redes públicas de ensino e saúde. A estratégia busca quebrar o ciclo de exclusão social frequentemente associado à maternidade precoce e mostrar que políticas públicas aliadas ao setor privado podem transformar realidades.
“Nosso papel é assegurar que a maternidade não interrompa sonhos, mas que seja acolhida com suporte, informação e oportunidade”, concluiu Aline Mariano.
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