
crédito Antônio Filho
Espetáculo
propõe reflexões sobre memória, luto e a arte de seguir em frente a partir de história
de uma mulher e sua mãe com Alzheimer que estão à deriva em alto mar
A jornada de uma mãe e uma filha na
fronteira entre o esquecimento, a dor e a redescoberta da própria essência é
tema de Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento, segundo monólogo
autoral da atriz e professora Ana Paula Dias. O espetáculo tem sua
temporada de estreia no espaço ºAndar, de 17 de maio a 8 de junho, com
apresentações aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.
Navegando entre o íntimo e o universal,
o espetáculo convida o público a uma jornada sensorial e emocional, onde o mar
se transforma em metáfora para as paisagens internas da protagonista — e da
própria atriz em cena.
O que era para ser uma fuga transforma-se
em um espelho. Uma mulher parte em uma viagem solitária de veleiro, determinada
a deixar para trás um cotidiano sufocante e as cicatrizes de um amor perdido.
Mas, no último momento, ela se vê obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre
de Alzheimer — uma presença que embaralha ainda mais os limites entre passado e
presente, entre cuidadora e dependente.
Enquanto navega por mares gelados, a
protagonista luta contra os esquecimentos da mãe: perguntas repetidas,
histórias truncadas, a incapacidade de reconhecer até mesmo o barco que as
abriga. Aos poucos, porém, percebe que não está apenas lembrando por
duas — ela também é confrontada com suas próprias fugas da memória. A
morte do pai, enterrada sob camadas de negação. As dores de um rompimento
amoroso que ela tenta apagar com distâncias geográficas. O medo de viver,
disfarçado de aventura.
O mar, antes símbolo de liberdade,
torna-se uma armadilha. As coordenadas se perdem, os dias se repetem, e a
viagem revela seu verdadeiro propósito: uma travessia para dentro de si mesma.
Mãe e filha reencenam gestos esquecidos — amarrar sapatos, fazer nós, contar
histórias —, enquanto a protagonista enfrenta a pergunta que a assombra: O
que mais eu escolhi não lembrar?
Com uma narrativa não linear e
atmosferas que oscilam entre o poético e o claustrofóbico, Bombordo questiona: O
que escolhemos lembrar? O que não podemos evitar esquecer? A direção e
dramaturgia exploram a técnica Meisner, privilegiando a escuta, a
verdade do momento e a presença física como eixos da narrativa.
Sobre Ana Paula Dias
Especializada na técnica
Meisner desde 2011 — uma das primeiras e poucas profissionais
certificadas no Brasil —, Ana Paula Dias é fundadora da Be True, onde
ministra cursos e desenvolve sua pesquisa baseada na técnica, sobre presença,
escuta e verdade cênica. Além de atuar em produções audiovisuais como atriz
e preparadora de elenco, Ana Paula criou e atuou em webseries, assim como
dirigiu, escreveu e protagonizou outros espetáculos que refletem seu
compromisso com temas humanos essenciais, como seu primeiro monólogo, Vazio (2015).
Em Bombordo, ela aprofunda
sua investigaçãoo artística sobre o poder da presença: "O
teatro é o lugar onde a vida é vivida em tempo real. Essa peça fala sobre
perdas, mas também sobre a força de estar presente — mesmo quando tudo parece
desmoronar", reflete.
Ficha Técnica
Criação e Atuação: Ana Paula Dias
Colaboradores/propositores: Anayan Moretto, Telma Fernandes, Victoria Moliterno, Julio
Dojcsar
Dramaturgia: Ana Paula Dias
Cenário: Julio Dojcsar
Figurino e Designer Gráfico: Victoria Moliterno
Iluminação: Telma Fernandes
Trilha Sonora: Ale Martins
Produção Executiva e Assistência de
Figurino: Marcelo Leão
Produção: Anayan Moretto
Realização: Be True e ºANDAR
Sinopse
O que começa como uma fuga solitária de
veleiro torna-se uma viagem involuntária ao passado quando a protagonista se vê
obrigada a levar consigo sua mãe, que sofre de Alzheimer. Enquanto lida com os
esquecimentos repetitivos da mãe, ela é confrontada com suas próprias memórias
soterradas: a morte do pai, um amor perdido e o medo de viver plenamente. Em um
barco que é ao mesmo tempo abrigo e prisão, mãe e filha reencenam gestos
cotidianos, revelando como o passado insiste em habitar o presente.
Serviço
Bombordo ou Uma Ilha para o Esquecimento
Temporada: 17 de maio a 8 de junho de 2025
Aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
ºANDAR - Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2ºandar, Santa Cecília, São
Paulo
Ingressos: R$35,00 / R$50,00/ R$75,00
Vendas no Sympla e na bilheteria (sujeito a lotação)
https://www.sympla.com.br/produtor/bombordo
Classificação Indicativa: 12 anos
Lotação: 50 lugares
Duração: 50 minutos
REDES SOCIAIS: @betrueart / @anadias1980 / @o.andar
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