
crédito Daniel Fernandes
Sandra Cepinha
Produção luso-brasileira com texto de
Maria Adelaide Amaral
O jogo de afetos e confrontos que permeiam algumas relações maternas são o ponto de partida do espetáculo Mater, que estreia nos palcos paulistanos trazendo um olhar profundo sobre os desencontros familiares. A partir do texto Querida Mamãe, de Maria Adelaide Amaral, a adaptação propõe uma abordagem singular sobre as relações maternas. A montagem, da Companhia portuguesa Teatro Livre, estreia no Teatro Sérgio Cardoso, vinculado à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte, em 4 únicas apresentações, de 19 a 22 de maio, sendo na segunda, terça e quarta às 19h e quinta, às 18h.
A produção luso-brasileira dirigida por Beto Coville aborda os desencontros entre mãe e filha, explorando os silêncios, confrontos e tentativas de aproximação entre Luísa e Rute, interpretadas, respectivamente, por Carla Chambel e Luísa Ortigoso. Rute, ao revelar seu passado, tenta se aproximar da filha, enquanto Luísa, presa a suas próprias dores, hesita em acolher essa história que não lhe pertence.
Durante oito
movimentos, Mater constroi uma
jornada emocional em que mãe e filha revisitam histórias, memórias e dívidas
afetivas.
“Perdi a conta das vezes em que disse e
repeti que jamais escreveria um texto tão ameno sobre a relação mãe e filha. A
minha versão certamente estaria longe de ser uma relação delicada”, conta Maria
Adelaide Amaral. A dramaturga explica que a peça surgiu após um
mal-entendido, quando, nos anos 1980, fez uma edição da tradução de Ce
tendres liens, da autora francesa Loleh Belon. “Foi assim que nasceu Querida
Mamãe, no início dos anos 90, montada poucos anos depois por Eva Wilma e
Eliane Giardini, com a direção de José Wilker”, relembra.
Sobre a adaptação para o teatro, Maria
Adelaide elogia a força da encenação: “Infelizmente, não pude ir a Lisboa para
assistir Mater,
mas as imagens do espetáculo me deixaram maravilhada. E, pelas críticas que li
e pelas impressões do público, tenho certeza de que é uma encenação forte do
ponto de vista dramatúrgico e deslumbrante do ponto de vista visual.”
A direção se afasta do realismo convencional e propõe um
olhar simbólico e sensorial sobre os embates emocionais e reflete o quão
importantes são os gestos que às vezes não fazemos. Mais do que um relato de
conflito, a peça reflete sobre o desejo de pertencer, os laços que se rompem e
a busca pelo afeto que, por vezes, se perde nas entrelinhas da convivência.
“A encenação busca materializar sentimentos muitas vezes
não expressos. Aquilo que se gostaria de ouvir ou de ter dito, mas que é
deixado passar por medo e insegurança, é concretizado aqui no espetáculo. Assim
como a presença do inconsciente que vem buscar a verdade da relação, neste caso
entre mãe e filha, que mesmo dolorida, é revista em forma de catarse”, conta o
diretor Beto Coville.
“A peça fala de amor, saudade, resgate e superação, elementos essenciais para tentar resolver a difícil tarefa que nos foi imposta pelo universo, que é ‘sobreviver’ às nossas famílias”. Beto Coville ainda destaca que Mater não se limita ao drama familiar, mas mergulha no imaginário das personagens, dando vida ao que não foi dito: “Aquilo que se gostaria de ouvir ou de ter dito, mas que foi deixado passar por medo ou insegurança, é concretizado aqui no espetáculo.”
O espetáculo convida o público a se reconhecer nas fragilidades e forças das personagens. Uma oportunidade à reflexão sobre as diferentes formas de amar e a complexidade dos laços que nos definem.
“A cena final é impactante e é onde o ponto de vista é mais claro. É onde as peças encaixam e as mudanças são compreendidas (ou não)”, comenta o Beto Coville. Para ele: “Cada um se revê naquilo que lhe toca e leva consigo os pontos e situações em que mais se identifica, pois as diferentes experiências vividas ao longo da peça chegam de forma distinta para cada pessoa. E são oito. Pelo menos as visíveis.”
Com apoio do Ministério da Cultura de Portugal, o espetáculo estreou em Lisboa, em 26 de janeiro de 2022, no Teatro Meridional. Agora, em parceria com a MIACENA – Mostra Internacional de Artes Cênicas para Espaços Não Convencionais, os produtores Dani Angelotti e André Acioli, junto à Companhia Teatro Livre, trazem a estreia do espetáculo no Brasil, viabilizada pelo programa de internacionalização do Ministério da Cultura, em parceria com a DGArtes e com o apoio da APAA – Associação Paulista dos Amigos da Arte.
Sinopse
O texto narra a relação de uma Mãe e de uma Filha. A Filha que não consegue ser Mãe porque ainda precisa ser Filha. A Mãe, que para chegar à filha, revela a mulher que sempre foi. A herança do feminino transmitida para além do útero. Um jogo de poder, controle e descontrole que leva a um caminho pelas várias e diferentes formas de amar, para além do Amor.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Beto Coville Elenco: Carla Chambel e Luísa Ortigoso Cenografia: Eurico
Lopes Música original: João Balão Figurinos: Luísa
Martins Desenho de luz: Pedro Santos Assistência
de direção: Inês Oneto Fotografia
cartaz: Sandra Cepinha Fotografia
de cena: Daniel Fernandes. Produção
Brasil: Cubo Produções – Miacena Assessoria
de imprensa SP: Adriana Balsanelli Realização: Companhia
Teatro Livre.
Serviço:
Espetáculo Mater
De 19 a 22 de maio de 2025 - Segunda, terça e quarta às 19h e quinta, às 18h.
Teatro Sérgio Cardoso
Sala Paschoal Carlos Magno
R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01326-010
Duração: 90 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: Drama
Capacidade: 330 lugares
Ingressos: R$50 (inteira)
Bilheteria:
Aberta nos
dias de espetáculos, das 14h até o horário da atração.
Contato bilheteria: (11) 3288-0136
Associação Paulista dos Amigos da Arte
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