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A forma de se expressar nas redes sociais está
mudando rapidamente entre os mais jovens. A Geração Z, nascida entre meados dos
anos 1990 e o início dos anos 2010, e a Geração Alpha, formada pelos
adolescentes que já nasceram em um mundo digital, compartilham novas formas de
linguagem visual, que dispensam as palavras.
O feed zero, em que os perfis não têm
nenhuma publicação e as raras fotos são com a mão no rosto, são alguns dos
sinais mais visíveis dessa mudança. Para o especialista em comunicação e
oratória Giovanni Begossi, que tem mais de 15 anos de estudos dedicados ao
assunto, esses comportamentos revelam uma relação mais estratégica, seletiva e
emocional com a exposição na internet. “O feed vazio é uma forma de dizer ‘eu
estou presente, mas no meu tempo’. Não é desinteresse, é escolha. A Geração Z
busca autonomia sobre sua imagem e rejeita a ideia de estar o tempo todo
disponível para consumo”, afirma Begossi.
Outra hipótese é a de que os jovens passaram a
privilegiar os conteúdos temporários, como os stories, que desaparecem depois
de 24 horas. Essa estratégia de postagem não deixa rastros e ainda elimina a
preocupação com a narrativa e a estética do perfil. Além disso, nos stories tem
a opção dos “amigos próximos”, onde eles podem selecionar quem recebe cada tipo
de conteúdo, quase sempre deixando os mais velhos de fora.
“Seja por um movimento consciente, seja por
estética, cansaço da exposição constante, medo do julgamento e a necessidade de
se diferenciar dos Millennials, apagar fotos ou não postar nada é uma forma de
se comunicar cheia de simbolismos. Já entre a Geração Alpha, o silêncio visual
também serve para observar antes de participar, construindo uma identidade
digital mais sutil e privativa, que não tem nada a ver com inatividade, pois
eles estão ativos, sim. E muito”, afirma Begossi, que possui o maior perfil de
comunicação e oratória na América Latina, com mais de 2M de
seguidores.
De acordo com o especialista, a linguagem corporal
também ganha força nesse movimento. Fotos com a mão no rosto, que escondem
parte da face ou cobrem os olhos, comunicam algo como, quero revelar, mas aos
poucos, introspecção e privacidade. “Essa imagem passa uma ideia de recuo, de
proteção. É como se o jovem dissesse que não quer ser totalmente visto e
invadido, e mesmo em silêncio, ele está transmitindo algo”, explica o
especialista que dá treinamentos em empresas e para diversas personalidades
sobre comunicação eficiente e estratégica.
Ele ressalta que cobrir o rosto é um gesto sempre
presente em perfis adolescentes e mostra como esses grupos estão se comunicando
de forma diferente da que conhecemos. “A Geração Z domina a lógica dos
algoritmos e entende o impacto de cada publicação. A Geração Alpha segue
aprendendo com esse repertório e tende a levar adiante uma comunicação ainda
mais visual e seletiva”. Segundo Begossi, um exemplo disso são os dumps no
feed, uma sequência completamente aleatória de fotos, não necessariamente
envolvendo pessoas.
“Ambas gerações têm consciência da imagem desde cedo e utilizam códigos que falam de forma direta, mesmo sem legenda. Menos imediatistas e mais ligados no sentir e não no dizer, eles constroem uma narrativa que comunica muito sobre o tempo em que vivem. Trata-se, de fato, de uma linguagem nova e silenciosa, mas muito eficaz”, finaliza Begossi.
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