Empresas e profissionais ainda precisam rever com
urgência o que significa produtividade e comprometimento em um país que para
dias antes do feriado prolongado.
Basta olhar no
calendário e perceber um feriado prolongado se aproximando para que algo
curioso (e preocupante) aconteça em boa parte das empresas brasileiras: a
marcha lenta se instala dias antes da pausa oficial. Negociações são adiadas,
e-mails param de ser respondidos, decisões estratégicas são postergadas — como
se o expediente tivesse sido oficialmente suspenso na quarta-feira, e não na
sexta. E o mais preocupante: essa prática não é exceção. Virou rotina.
É como se o país
inteiro entrasse no "modo economia de energia" sempre que se aproxima
uma ponte. Mas será mesmo que a conta fecha para quem quer crescer, inovar e
competir num cenário global onde tempo é ativo estratégico?
Empresas que atuam
com clientes internacionais sabem: não existe pausa cultural no calendário da
produtividade. Enquanto negócios no Brasil entram em compasso de espera, concorrentes
globais estão fechando acordos, lançando produtos, conquistando mercado. O que
aqui virou tradição, lá fora soa como desperdício de potencial.
O problema não é o
feriado em si — o descanso é necessário, saudável e deve ser respeitado. O
ponto é o que fazemos com os dias que o antecedem. Há uma cultura velada de
que, já que o descanso está próximo, tudo pode ser deixado para depois. O ritmo
desacelera, os prazos escorregam e o "vamos falar na próxima semana"
se torna a frase mais dita nos corredores corporativos.
Essa mentalidade
contamina tanto empresas quanto colaboradores. De um lado, lideranças que
evitam pressionar — ou até incentivam a redução de ritmo. De outro,
profissionais que contam com esse "respiro" cultural para desligar o
motor antes mesmo do sinal vermelho. O resultado? Queda de produtividade,
acúmulo de tarefas, atrasos em entregas e metas comprometidas.
E se, em vez de
frear antes do feriado, usássemos esses dias para ganhar tração? A lógica
precisa mudar. O momento anterior a um feriado prolongado pode ser uma janela
valiosa para:
- Avançar projetos que estavam travados;
- Fortalecer entregas e surpreender clientes;
- Finalizar demandas pendentes para iniciar a
próxima semana com menos carga;
- Aproveitar a redução no volume de reuniões para
focar em execução e estratégia.
Líderes precisam
provocar esse movimento dentro das suas equipes. Não com cobrança vazia, mas
com inspiração e exemplo. Mostrar que produtividade não é inimiga do descanso —
ao contrário, ela o viabiliza. Quando entregamos antes do prazo, quando
resolvemos antes da pausa, temos o direito e o mérito de descansar com mais
tranquilidade.
Também
é papel do RH reforçar essa mentalidade, promovendo uma cultura de performance
consciente, onde equilíbrio e responsabilidade caminham juntos. Compensar os dias parados do feriado significa usar os
dias úteis com inteligência, e não apenas empurrar as entregas para depois.
O Brasil precisa
romper com essa cultura da paralisia pré-feriado se quiser competir em alto
nível. A pausa é bem-vinda, mas o comodismo que a antecede não pode mais ser
tratado como algo normal. As empresas que entenderem isso sairão na frente —
inclusive quando o assunto é aproveitar, de verdade, o feriado.
Francisco Carlos
- CEO Mundo RH e Tec Login - Top 100 People 2023
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