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terça-feira, 15 de abril de 2025

O Brasil desacelera antes do feriado: até quando vamos aceitar a marcha lenta como parte da cultura corporativa?

 Empresas e profissionais ainda precisam rever com urgência o que significa produtividade e comprometimento em um país que para dias antes do feriado prolongado. 

 

Basta olhar no calendário e perceber um feriado prolongado se aproximando para que algo curioso (e preocupante) aconteça em boa parte das empresas brasileiras: a marcha lenta se instala dias antes da pausa oficial. Negociações são adiadas, e-mails param de ser respondidos, decisões estratégicas são postergadas — como se o expediente tivesse sido oficialmente suspenso na quarta-feira, e não na sexta. E o mais preocupante: essa prática não é exceção. Virou rotina.

É como se o país inteiro entrasse no "modo economia de energia" sempre que se aproxima uma ponte. Mas será mesmo que a conta fecha para quem quer crescer, inovar e competir num cenário global onde tempo é ativo estratégico?

Empresas que atuam com clientes internacionais sabem: não existe pausa cultural no calendário da produtividade. Enquanto negócios no Brasil entram em compasso de espera, concorrentes globais estão fechando acordos, lançando produtos, conquistando mercado. O que aqui virou tradição, lá fora soa como desperdício de potencial.

O problema não é o feriado em si — o descanso é necessário, saudável e deve ser respeitado. O ponto é o que fazemos com os dias que o antecedem. Há uma cultura velada de que, já que o descanso está próximo, tudo pode ser deixado para depois. O ritmo desacelera, os prazos escorregam e o "vamos falar na próxima semana" se torna a frase mais dita nos corredores corporativos.

Essa mentalidade contamina tanto empresas quanto colaboradores. De um lado, lideranças que evitam pressionar — ou até incentivam a redução de ritmo. De outro, profissionais que contam com esse "respiro" cultural para desligar o motor antes mesmo do sinal vermelho. O resultado? Queda de produtividade, acúmulo de tarefas, atrasos em entregas e metas comprometidas.

E se, em vez de frear antes do feriado, usássemos esses dias para ganhar tração? A lógica precisa mudar. O momento anterior a um feriado prolongado pode ser uma janela valiosa para:

  • Avançar projetos que estavam travados;
  • Fortalecer entregas e surpreender clientes;
  • Finalizar demandas pendentes para iniciar a próxima semana com menos carga;
  • Aproveitar a redução no volume de reuniões para focar em execução e estratégia.

Líderes precisam provocar esse movimento dentro das suas equipes. Não com cobrança vazia, mas com inspiração e exemplo. Mostrar que produtividade não é inimiga do descanso — ao contrário, ela o viabiliza. Quando entregamos antes do prazo, quando resolvemos antes da pausa, temos o direito e o mérito de descansar com mais tranquilidade.

Também é papel do RH reforçar essa mentalidade, promovendo uma cultura de performance consciente, onde equilíbrio e responsabilidade caminham juntos. Compensar os dias parados do feriado significa usar os dias úteis com inteligência, e não apenas empurrar as entregas para depois.

O Brasil precisa romper com essa cultura da paralisia pré-feriado se quiser competir em alto nível. A pausa é bem-vinda, mas o comodismo que a antecede não pode mais ser tratado como algo normal. As empresas que entenderem isso sairão na frente — inclusive quando o assunto é aproveitar, de verdade, o feriado.

 

Francisco Carlos - CEO Mundo RH e Tec Login - Top 100 People 2023

 

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