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terça-feira, 15 de abril de 2025

Impactos da menopausa na carreira: por que as empresas precisam entender sobre isso?

 A menopausa é uma fase natural da vida de toda mulher que marca o fim da vida reprodutiva feminina, geralmente ocorrendo entre 45 e 55 anos, mas seus impactos vão além das mudanças biológicas. Ela também afeta a dinâmica das equipes e das empresas onde trabalham, exigindo compreensão e empatia de todos os envolvidos. No entanto, muitas organizações ainda não estão preparadas para lidar com os desafios que a menopausa pode trazer para o ambiente de trabalho.

Um estudo elaborado pela empresa PlenaPausa entre agosto de 2021 e junho de 2024 revelou que 44% das mulheres na menopausa se sentem menos produtivas no trabalho. Essa percepção está relacionada a uma série de sintomas que podem interferir no desempenho profissional, como oscilações de humor, distúrbios de memória, foco e concentração, falta de energia, dificuldade para dormir, entre outros. Tal alteração no cotidiano feminino soma-se ao preconceito e ao etarismo, resultando em desafios profissionais significativos em uma fase delicada que deveria corresponder ao auge da carreira das mulheres.  

Nesse cenário, a menopausa deixa de afetar apenas a mulher e se torna um fator que muda a dinâmica da equipe e da empresa, pois pode gerar conflitos, mal-entendidos e desmotivação. Para contornar esses problemas, as companhias devem buscar entender o que é a menopausa, como ela pode impactar o ambiente de trabalho e como seus efeitos podem ser mitigados da melhor forma possível. Isso evidentemente não significa abrir mão da qualidade ou da produtividade, mas sim oferecer suporte e flexibilidade para que as mulheres possam atravessar essa fase com dignidade e respeito.

Na contramão de um descarte súbito motivado por uma questão fisiológica natural, essa abordagem acolhedora para com as mulheres na fase da menopausa é benéfica não só para elas, mas também para as próprias empresas. As razões para compartilhar o mesmo espaço com outras gerações são inúmeras e são traduzidas diretamente em vantagens, inclusive competitivas. Além da óbvia diversidade intergeracional, capaz de enriquecer perspectivas e possibilidades de colaboração, a acumulação de anos de experiência resulta em habilidades e conhecimentos melhores desenvolvidos, redes de contato mais extensas, maturidade e habilidades interpessoais aprimoradas, maior capacidade de liderança e significativo potencial de mentoria e colaboração, um diferencial único para os profissionais mais jovens que estão começando suas carreiras. 

Diante desse amplo leque de benefícios, as empresas que valorizam a diversidade e a inclusão devem reconhecer que a menopausa é uma questão de saúde e de direitos das mulheres. Mais do que isso, elas devem criar políticas e práticas que garantam o bem-estar e a equidade das funcionárias nessa fase da vida. Isso pode incluir medidas como horários flexíveis ou trabalho remoto para mulheres que precisam de mais tempo ou descanso, disponibilização de salas de repouso ou ventiladores para aquelas que sofrem com fogachos ou a insônia, criação de grupos de apoio e redes de mentoria para as mulheres que desejam compartilhar suas experiências ou receber orientação, entre outras.

Para além disso, o desafio da menopausa na vida profissional também exige uma mudança de cultura e comportamento dentro da empresas. É preciso sensibilizar os gestores e os colegas sobre o que é a menopausa e como ela pode afetar o desempenho e o comportamento das mulheres, bem como incentivá-las a buscarem tratamento médico ou terapêutico para aliviar os sintomas da menopausa, com o intuito de manter o bom desempenho profissional, a saúde e  bem-estar de cada colaboradora.

A menopausa é uma fase desafiadora, mas também pode ser uma oportunidade de crescimento e transformação. As empresas que entendem isso e oferecem suporte para as suas funcionárias criam um ambiente de trabalho mais saudável, inclusivo e produtivo. Elas também se destacam no mercado como organizações que respeitam e valorizam a diversidade e o potencial das mulheres.

Portanto, é hora de quebrar o silêncio e o tabu sobre a menopausa no ambiente de trabalho. É hora de reconhecer que a menopausa não é o fim da carreira de uma mulher, mas sim uma etapa que pode e deve ser superada com apoio e compreensão - podendo inclusive ser o passo que faltava para que alcancem o auge profissional. É hora de investir na saúde e no bem-estar das mulheres para que elas possam continuar contribuindo com sua experiência, sabedoria e talento para as empresas e para a sociedade, independente de sua idade.

 

Dra. Fernanda Torras - ginecologista especialista em cirurgia íntima e estética íntima avançada


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