A menopausa é uma fase natural da vida de toda mulher que marca o fim da vida reprodutiva feminina, geralmente ocorrendo entre 45 e 55 anos, mas seus impactos vão além das mudanças biológicas. Ela também afeta a dinâmica das equipes e das empresas onde trabalham, exigindo compreensão e empatia de todos os envolvidos. No entanto, muitas organizações ainda não estão preparadas para lidar com os desafios que a menopausa pode trazer para o ambiente de trabalho.
Um estudo elaborado pela empresa PlenaPausa entre agosto de 2021 e junho de
2024 revelou que 44% das mulheres na menopausa se sentem menos produtivas no
trabalho. Essa percepção está relacionada a uma série de sintomas que podem
interferir no desempenho profissional, como oscilações de humor, distúrbios de
memória, foco e concentração, falta de energia, dificuldade para dormir, entre
outros. Tal alteração no cotidiano feminino soma-se ao preconceito e ao
etarismo, resultando em desafios profissionais significativos em uma fase
delicada que deveria corresponder ao auge da carreira das mulheres.
Nesse cenário, a menopausa deixa de afetar apenas a
mulher e se torna um fator que muda a dinâmica da equipe e da empresa, pois
pode gerar conflitos, mal-entendidos e desmotivação. Para contornar esses
problemas, as companhias devem buscar entender o que é a menopausa, como ela
pode impactar o ambiente de trabalho e como seus efeitos podem ser mitigados da
melhor forma possível. Isso evidentemente não significa abrir mão da qualidade
ou da produtividade, mas sim oferecer suporte e flexibilidade para que as
mulheres possam atravessar essa fase com dignidade e respeito.
Na contramão de um descarte súbito motivado por uma
questão fisiológica natural, essa abordagem acolhedora para com as mulheres na
fase da menopausa é benéfica não só para elas, mas também para as próprias
empresas. As razões para compartilhar o mesmo espaço com outras gerações são
inúmeras e são traduzidas diretamente em vantagens, inclusive competitivas.
Além da óbvia diversidade intergeracional, capaz de enriquecer perspectivas e
possibilidades de colaboração, a acumulação de anos de experiência resulta em
habilidades e conhecimentos melhores desenvolvidos, redes de contato mais
extensas, maturidade e habilidades interpessoais aprimoradas, maior capacidade
de liderança e significativo potencial de mentoria e colaboração, um
diferencial único para os profissionais mais jovens que estão começando suas
carreiras.
Diante desse amplo leque de benefícios, as empresas
que valorizam a diversidade e a inclusão devem reconhecer que a menopausa é uma
questão de saúde e de direitos das mulheres. Mais do que isso, elas devem criar
políticas e práticas que garantam o bem-estar e a equidade das funcionárias
nessa fase da vida. Isso pode incluir medidas como horários flexíveis ou
trabalho remoto para mulheres que precisam de mais tempo ou descanso,
disponibilização de salas de repouso ou ventiladores para aquelas que sofrem
com fogachos ou a insônia, criação de grupos de apoio e redes de mentoria para
as mulheres que desejam compartilhar suas experiências ou receber orientação,
entre outras.
Para além disso, o desafio da menopausa na vida
profissional também exige uma mudança de cultura e comportamento dentro da
empresas. É preciso sensibilizar os gestores e os colegas sobre o que é a
menopausa e como ela pode afetar o desempenho e o comportamento das mulheres,
bem como incentivá-las a buscarem tratamento médico ou terapêutico para aliviar
os sintomas da menopausa, com o intuito de manter o bom desempenho
profissional, a saúde e bem-estar de cada colaboradora.
A menopausa é uma fase desafiadora, mas também pode ser uma oportunidade de
crescimento e transformação. As empresas que entendem isso e oferecem suporte
para as suas funcionárias criam um ambiente de trabalho mais saudável,
inclusivo e produtivo. Elas também se destacam no mercado como organizações que
respeitam e valorizam a diversidade e o potencial das mulheres.
Portanto, é hora de quebrar o silêncio e o tabu sobre a menopausa no ambiente
de trabalho. É hora de reconhecer que a menopausa não é o fim da carreira de
uma mulher, mas sim uma etapa que pode e deve ser superada com apoio e
compreensão - podendo inclusive ser o passo que faltava para que alcancem o
auge profissional. É hora de investir na saúde e no bem-estar das mulheres para
que elas possam continuar contribuindo com sua experiência, sabedoria e talento
para as empresas e para a sociedade, independente de sua idade.
Dra. Fernanda
Torras - ginecologista especialista em cirurgia íntima e estética íntima
avançada
Nenhum comentário:
Postar um comentário