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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Diversidade de métodos de parto: conheça as principais abordagens e o que dizem os especialistas

O parto é um momento único na vida de muitas mulheres e famílias, e hoje existem diversos métodos disponíveis para trazer uma criança ao mundo. Cada opção tem suas particularidades, indicadas para diferentes situações e preferências. Dados de 2010 a 2020 mostram que, dos mais de 31 milhões de partos registrados no Brasil, aproximadamente 55% foram cesáreas, revelando uma tendência de declínio nos partos vaginais. Apenas no Nordeste houve predomínio de partos vaginais entre 2010 e 2013, mas, a partir de 2018, as cesáreas superaram, alinhando-se ao cenário das demais regiões.

Estudos apontam que fatores como idade gestacional, idade da mãe, número de consultas de pré-natal, poder aquisitivo, escolaridade e segurança conjugal influenciam significativamente na escolha do tipo de parto. Essa realidade levanta discussões sobre as práticas obstétricas no país e a necessidade de ampliar o acesso a informações e opções seguras para as gestantes. Para entender melhor essas escolhas, a obstetra Cynthia Bibiano, do Hospital Mater Dei Santa Clara, esclarece sobre os tipos de parto, seus benefícios e desafios. 


Parto Normal:

O parto normal é caracterizado por respeitar o ritmo natural do corpo da gestante, podendo ocorrer com ou sem intervenções médicas, como o uso de anestesia peridural. Recomendado pela OMS como a primeira opção para gestações de baixo risco, ele é realizado em hospitais com acompanhamento de uma equipe médica que monitora a saúde da mãe e do bebê. Segundo a Dra. Cynthia, "o parto normal prepara o bebê para a vida fora do útero. É como se ele fosse avisado que vai precisar respirar sozinho, então a transição é mais tranquila". Além disso, a médica ressalta que "a morbidade materna – a chance de consequências ruins para a saúde da mulher – é muito menor no parto normal", destacando sua segurança e benefícios quando indicado.


Cesárea: 

A cesárea é um procedimento cirúrgico no qual o bebê é retirado através de uma incisão no abdômen e no útero. A Dra. Cynthia explica que ela é recomendada em situações de risco iminente para a mãe ou o bebê, como em casos de placenta prévia (quando a placenta cobre o colo do útero) ou quando o bebê está em posição pélvica e a equipe não tem experiência para conduzir esse tipo de parto. "Precisamos partir para a via mais rápida quando há risco", afirma. No Brasil, a taxa de cesáreas é uma das mais altas do mundo, segundo o Ministério da Saúde.


Parto Humanizado

O parto humanizado prioriza o bem-estar físico e emocional da gestante, respeitando suas escolhas e autonomia. Pode ocorrer em hospitais, casas de parto ou domicílios, com acompanhamento de enfermeiras obstétricas ou médicos. "Um parto humanizado é centrado na mãe. É o que todos os partos deveriam ser", diz a obstetra. Ela destaca que o principal benefício é a mulher ter uma experiência positiva, apesar da dor e do medo. "O desafio é informar a mãe, os acompanhantes e a equipe sobre a importância de deixar a mulher ser a protagonista desse momento. Nosso país ainda tem muito a evoluir nesse sentido".

A escolha do método de parto deve ser baseada em informações claras e no diálogo entre a gestante e os profissionais de saúde. A Dra. Cynthia enfatiza que "a equipe faz toda a diferença. Um hospital adequado e acompanhantes que apoiem a decisão da mulher são fundamentais". Ela também salienta a importância de desmistificar crenças, como a ideia de que bebês com cordão umbilical enrolado no pescoço não podem nascer de parto normal. "Podem sim! Os bebês dão cambalhotas dentro da barriga, se enrolam todos, e isso não costuma atrapalhar o parto".

A médica ainda faz um alerta: "No nosso país, existe a cultura da cesárea. Normalizou-se agendar o parto, sem deixar a mulher ter a chance de tentar. Isso não ocorre nos países desenvolvidos. Antes de estudar, eu achava que o normal era fazer cesárea. Precisamos mudar isso!".


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