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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Fenilcetonúria: entenda os desafios relacionados ao ganho de massa muscular

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A fenilcetonúria (da sigla em inglês, PKU) é uma doença genética em que o organismo não consegue metabolizar corretamente a fenilalanina, um aminoácido essencial presente na proteína dos alimentos de origem animal e vegetal.1 Quem tem a condição, apresenta desafios únicos no processo de ganho de massa muscular devido à necessidade de um controle rigoroso na ingestão de proteínas. “Os indivíduos com PKU têm dificuldade em ganhar massa muscular porque precisam evitar muitas fontes de proteína, o que pode resultar em falta de aminoácidos que são essenciais para construir músculos”, explica a nutricionista do ambulatório de fenilcetonúria da Secretaria de Saúde (SES-DF), Mariana Batista. 

Esse é, por exemplo, o caso do Joabe Henrique Almeida, de 16 anos que consome fórmula metabólica ao longo do dia, de forma controlada, a fim de evitar picos de catabolismo (processo em que há gasto de massa muscular para a obtenção de energia) e maximizar a absorção de nutrientes, necessários para construção muscular. Apesar de não frequentar academia, o adolescente, que mora em Brasília (DF) e segue uma dieta rigorosa orientada por Mariana, realiza exercícios diários. “O principal obstáculo para pessoas com o diagnóstico de PKU é ajustar a quantidade de fenilalanina ingerida nos dias de treino. A dieta deve ser adaptada para atender às demandas sem comprometer o controle metabólico” reforça a especialista.
 

A nutricionista ainda explica que não há riscos associados ao ganho de massa muscular desde que a abordagem multidisciplinar e o planejamento nutricional personalizado sejam feitos da forma correta. “Esse acompanhamento integrado é fundamental para garantir o sucesso no ganho de massa muscular, mantendo a saúde e o controle metabólico” pontua Mariana que também esclarece que o uso de suplementos convencionais hiperproteicos, como whey protein, não são seguros para quem tem PKU, pois podem elevar os níveis de fenilalanina no sangue.
 

Apesar dos desafios, Joabe é uma prova de que o ganho de massa muscular é possível para quem tem a doença. “O segredo está no acompanhamento multidisciplinar e no planejamento nutricional personalizado. Com dedicação e apoio, é possível transformar limites em conquistas”, ressalta o jovem.
 

Sobre a fenilcetonúria: é um erro inato do metabolismo, de herança genética. A doença é causada pela produção insuficiente da enzima fenilalanina hidroxilase, que auxilia no desenvolvimento do sistema nervoso central, por meio da conversão da fenilalanina em tirosina. A produção insuficiente dessa enzima leva ao acúmulo de fenilalanina no sangue e na urina, provocando danos no desenvolvimento do sistema nervoso central. Esse acúmulo pode levar à deficiência Intelectual e causar distúrbios do comportamento, se não tratado precocemente e de forma adequada.2 O diagnóstico da doença é feito por meio do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), exame realizado assim que o bebê nasce. Atualmente, sete doenças fazem parte do escopo do PNTN, sendo a fenilcetonúria uma delas.3 Os sintomas da fenilcetonúria podem variar de leves a graves e incluem problemas de desenvolvimento neurológico, atrasos do desenvolvimento, convulsões, problemas de comportamento e dificuldades de aprendizado. Essa condição requer uma intervenção precoce e manejo cuidadoso para prevenir complicações graves, por isso é importante que seu diagnóstico aconteça o mais cedo possível.4 Até pouco tempo o único tratamento possível era a dieta rigorosa associado ao consumo da fórmula metabólica, mas, com o avanço da ciência no desenvolvimento de novas tecnologias já é possível vislumbrar desde uma dieta menos rigorosa a uma terapia que permita a dieta sem restrições.

 

1 CONITEC – Relatório de Recomendação-Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Fenilcetonúria de março de 2019. Disponível em: Link

2 Instituto Jô Clemente – Cartilha e Orientações sobre Fenilcetonúria (PKU) de 2024.

3 Brasil. Ministério da Saúde. Cuidado Neonatal. Disponível em: Link. Acesso em: 12 dez. 2024.

4 CONITEC – Relatório de Recomendação-Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Fenilcetonúria de março de 2019. Disponível em: Link

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