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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

O tabu do marcapasso: o que podemos ou não fazer quando dependemos desse dispositivo?

  • Alguns mitos ainda impedem muitas pessoas de terem uma vida normal 
  • Médico esclarece o que é verdade nesses casos


Coloquei marcapasso e não posso viajar, não devo fazer exame ou praticar esporte? E o colchão magnético, prejudica o aparelho? Essas são algumas das dúvidas que o Dr. Ricardo Ferreira, cardiologista, especialista em Estimulação Cardíaca Artificial e Arritmia Invasiva, ouve no consultório quase que diariamente. A chegada do Dia do Portador de Marcapasso, em 23 de setembro, é uma oportunidade para conscientizar sobre o que realmente pode ou não ser feito por quem conta com a ajuda do dispositivo. 

“De forma geral, existem muitas perguntas com relação ao marcapasso. É um tema recorrente em consultas e sempre tentamos usar todos os espaços para desmitificar e orientar sobre o assunto. Interferência com ferro de passar, micro-ondas, computador, celular, são dúvidas muito comuns. O paciente fica muito inseguro com relação a tudo que envolve eletricidade”, completa o médico.
 

Pode abrir a geladeira? 

Uma paciente disse estar tendo muitos problemas após a colocação do marcapasso, pois seu filho acreditava que a idosa, que morava sozinha, não poderia abrir a geladeira, pois isso interferiria no funcionamento do marcapasso. Então, o eletrodoméstico só era utilizado quando alguém a visitava. Outro paciente relatou que estava muito desconfortável, pois era difícil assistir televisão, toda vez que ia mudar o canal, o filho pedia para ele sair da sala, porque o infravermelho do controle remoto poderia afetar o marcapasso. 

A pergunta que não quer calar é: essas preocupações são necessárias? A resposta do especialista é que os cuidados reais são, principalmente, no pós-operatório imediato, pois o local da cirurgia está em um processo de cicatrização. Mas, que com a evolução tecnológica, a proteção desses aparelhos às influências externas melhorou muito. Então, hoje o paciente não tem impeditivos para uma vida normal devido ao uso do marcapasso. 

“Quando se fala cuidado com micro-ondas, o máximo que devemos observar é para não ficar, literalmente, encostado no aparelho quando estiver ligado. Algo que as pessoas já, comumente, não fazem. No caso do colchão magnético, na verdade, ele pode aumentar um pouco o desgaste da bateria do aparelho. Então, deve ser evitado. Mas também é preciso ter em mente que caso haja um desgaste da bateria do gerador do marcapasso, o que diminui a sua vida útil, ela pode ser trocada. Claro, será necessária uma nova intervenção cirúrgica, mas não é um problema em termos de riscos para a saúde”, explica o Dr. Ricardo Ferreira. 

“Alguns cuidados que a gente pede, na realidade, tem muito a ver com viagens de avião. Não, e não é em relação a cabine pressurizada. Pacientes com esse dispositivo podem viajar normalmente. O ponto de atenção é realmente quanto ao campo magnético do detector de metais do aeroporto que é muito forte. Se você fica muito exposto àquele campo magnético, durante esse período, pode haver interferência no funcionamento do dispositivo. Para pacientes 100% dependentes, isso pode ser um problema. Então o indicado é apresentar o atestado do uso do marcapasso, para que se possa passar pela segurança com aquele detector portátil, menor”, conta. 

A orientação é fazer o mesmo quando houver a necessidade de passar por portas de segurança de bancos, a fim de evitar passar grandes períodos no local, o que pode acontecer em caso de travamento ou outros problemas técnicos.
 

Exercício, será? 

As atividades físicas estão liberadas para quem tem marcapasso, claro, caso não haja restrição por alguma outra doença ou condição diferente, mas só o fato de ter o dispositivo, não é impeditivo e nem desculpa para o sedentarismo. O único cuidado é evitar impactos diretos no local do aparelho, por isso, talvez esportes como lutas devem ser evitados. 

“O marcapasso e outros dispositivos do tipo existem para trazer melhora na qualidade de vida. Para que o paciente possa viver mais e melhor, o que inclui abrir geladeiras, usar micro-ondas, viajar, mudar o canal da TV, fazer exercícios o que mais trouxer benefícios”, finaliza o Dr. Ricardo Ferreira.

 

Centro Cardiológico


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