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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Especialistas defendem encurtar a radioterapia para tratar câncer de mama inicial

Divulgado no Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (Esmo 2024), estudo francês revelou a redução do número de sessões de radiação aplicadas nas pacientes pode diminuir o tempo e o deslocamento no tratamento radioterápico.

 

Cerca de 90% dos casos de câncer de mama são tratados com radioterapia1. Em muitos países, o tratamento padrão de pacientes com câncer de mama localizado e em fase inicial prevê 25 sessões diárias de dois Gy (abreviação da unidade da dose de radiação aplicada). Um estudo francês mostrou que 15 sessões de radioterapia hipofracionada têm a mesma eficácia que o tratamento convencional num subgrupo significativo de pacientes. O estudo foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (em inglês Esmo 2024), que terminou ontem (17), na Espanha, 

De acordo com o médico oncologista Daniel Musse Gomes, da Oncologia D’Or e pesquisador do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, o estudo reforça o fato de que um número grande de pacientes com câncer de mama poderá ser tratada com menos sessões sem prejuízo da eficácia. Desta maneira, mais mulheres poderão usar o mesmo aparelho de radioterapia, o que reduzirá o tempo de espera para o início do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Os estudos sobre a redução de frações de radioterapia são de interesse na saúde privada, mas de adoção necessária e urgente na saúde pública, permitindo uma solução rápida para o problema das longas filas de espera para o tratamento e das grandes distâncias que muitas vezes as pacientes percorrem até as clínicas e os centros oncológicos”, explica o médico. Em alguns casos, existem pacientes que já conseguem se tratar com apenas cinco sessões de radioterapia. 

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres brasileiras, sem considerar o câncer de pele não melanoma. Este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que serão diagnosticados 74 mil casos. A incidência e a mortalidade pela doença crescem progressivamente a partir dos 40 anos.
 

O estudo

O trabalho científico, coordenado por pesquisadores do Institut Gustave Roussy, envolveu 1.221 mulheres, com idade média de 58 anos, que já haviam realizado cirurgia para a ressecção do câncer de mama, das quais 45% tinham feito mastectomia e 82,8% esvaziamento axilar com uma média de 12 linfonodos removidos, incluindo pacientes com acometimento nesses linfonodos. Do universo pesquisado, 607 mulheres receberam radioterapia pelo tratamento padrão e 614 radioterapi hipofracionada no tórax, nos linfonodos ou na mama.


 

Medida terá grande impacto na saúde pública porque mais mulheres poderão usar a mesma aparelhagem


Os pesquisadores avaliaram a ocorrência de linfedemas nos braços (acúmulo de tecido linfático que resulta em inchaço), a sobrevida das pacientes sem a volta da doença (recidiva) no local de origem e em outras regiões do corpo, além da sobrevida global das mulheres. 

Após cinco anos de acompanhamento, os resultados da radioterapia hipofracionada em casos de câncer de mama localizado e em fase inicial foram semelhantes ao tratamento convencional, sob o aspecto do risco do surgimento de linfedemas nos braços. Também mostrou ser uma opção segura em relação à recidiva no local de origem e nas regiões distantes do tumor e à sobrevida global das pacientes.

 

Oncologia D'Or


Referências

Marcel Fang. Hypofractionated and hyper-hypofractionated radiation therapy in postoperative breast cancer treatment.Rev. Assoc. Med. Bras. 66 (9);2020.


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