- Doença causa
disfunções cognitivas importantes que afetam a qualidade de vida dos
pacientes
- Presidente da AMME,
Sarah Nicolleli fala sobre como estigmas e falta de conhecimento
contribuem para aumentar preconceito
Doença grave que
afeta cerca de 1 em cada 100 pessoas em todo o mundo[i] , a esquizofrenia tem
sintomas que impactam a vida social, escolar e profissional dos pacientes. É
por isso que o Dia Internacional da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, é
uma oportunidade para disseminar informações a respeito da doença, que é carregada
de estigmas.
Dificuldade de concentração, problemas de memória, alterações de comportamento, diminuição ou nenhuma demonstração de afeto, isolamento social e dificuldade em iniciar e manter atividades são características da esquizofrenia, que, muitas vezes, são ofuscadas por sintomas que chamam mais atenção – mas, ainda sim, a disfunção cognitiva prejudica diariamente a rotina dos 1,6 milhão de brasileiros atingidos pelo transtorno². Segundo Sarah Nicolleli, presidente da AMME – Associação Mãos de Mães das Pessoas com Esquizofrenia - é importante sensibilizar as pessoas porque a esquizofrenia é uma doença invisível. “Como não tem nenhuma característica física, pode passar desapercebida. Mas as pessoas precisam entender o que é a esquizofrenia porque com conhecimento conseguiremos acabar com o preconceito”, afirma.
Mãe de um homem de 33 anos que possui a doença, Sarah explica que entre os sintomas causados, a disfunção cognitiva é um dos que mais pode afetar a qualidade de vida. “O meu filho não consegue se concentrar e sua memória vem se deteriorando com o passar dos anos. Por conta disso ele não pode cursar uma universidade ou ter um emprego. Ou seja, fica completamente excluído de uma vida social normal”, lamenta.
Quando o filho foi
diagnosticado, há mais de 15 anos atrás, Sarah não sabia o que era a doença e,
com o objetivo de dar a melhor qualidade de vida para ele e para o resto da
família, foi estudar e buscar informações, mas teve muita dificuldade de
encontrar. “Foi então que criei grupos de discussões e bate-papo sobre o tema,
até fundar a AMME. Atualmente, atendemos mais de mil famílias por mês”, diz.
Com a ajuda de voluntários de diversas áreas de atuação, Sarah conta que um dos
principais desafios é fazer as famílias aceitarem o diagnóstico. “Existe uma
resistência muito grande ainda, por isso fazemos um trabalho de psicoeducação,
ensinando cuidadores a lidarem com todas as características da doença, sejam as
alucinações, apatia, ou déficits de atenção e memória”.
Apesar de não ter cura, é possível promover o controle da doença com o tratamento mais adequado, evitando novos surtos psicóticos que podem causar perdas biológicas cerebrais[ii]. No entanto, ainda não há tratamento aprovado pelos órgãos reguladores que consiga atuar na melhora das disfunções cognitivas.
i Dixon L What It Will Take to Make Coordinated Specialty Care Available to Anyone Experiencing Early Schizophrenia: Getting Over the Hump. JAMA Psychiatry. 2017;74(1):7–8. doi:10.1001/jamapsychiatry.2016.2665.
[ii] Hope or hype in the treatment of schizophrenia - what's the role of the physician? Bressan RA, et al. Br J Psychiatry. 2018. PMID: 29433614
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