Níveis médios de
umidade abaixo dos patamares adequados à saúde agravam os problemas
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Os alertas de baixa umidade do ar têm se tornado
cada vez mais frequentes no Brasil. Somente em agosto, 62 das 453 estações
meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) espalhadas pelo
País registraram índices entre 12% e 20%. Na última semana do mês, em meio à
onda de incêndios que atingiu cidades em vários Estados, 416 estações indicaram
níveis médios de umidade abaixo dos patamares adequados à saúde humana. Segundo
especialistas, estas condições que contribuem para o aumento de casos de
doenças respiratórias, cardíacas e risco de AVC também agravam problemas
dermatológicos. Pele e cabelos se ressentem especialmente com o clima seco.
Em qualquer tempo é fundamental proteger a pele.
Mas diante da baixa umidade do ar, os cuidados precisam ser redobrados para
preservar a manta hidrolipídica, a proteção natural do maior órgão do corpo
humano. A manta é uma película finíssima e funciona como uma eficiente barreira
cutânea. Formada por uma emulsão de compostos hidrofílicos e lipofílicos,
produz um biofilme que atua na defesa e na saúde da pele.
“Com a umidade relativa do ar abaixo dos níveis
considerados adequados à saúde, a pele se ressente mais intensamente com a
diminuição natural da oleosidade. Esta é a condição propícia, por exemplo, aos
quadros de dermatite atópica”, afirma a dermatologista Anelise Dutra. O
principal sintoma da dermatite atópica é a coceira, que pode começar antes
mesmo das lesões cutâneas se manifestarem. Em geral, a dermatite ocorre na
face, no tronco e nos membros.
A especialista também destaca a ictiose vulgar, que
se caracteriza pelo ressecamento da pele, descamação fina ou intensa de aspecto
geométrico. As áreas mais atingidas são os membros, mas pode ocorrer também na
face e no couro cabeludo.
Em se tratando de couro cabeludo, o dermatologista
Dário Rosa alerta para a ocorrência da dermatite seborreica. “Em geral, a
dermatite seborreica aparece em regiões como face e couro cabeludo e é causada
pela desregulação sebácea. A doença se caracteriza por intensa produção de
oleosidade, descamação e coceira”, diz.
Tanto para a pele quanto para os cabelos, os
dermatologistas indicam entre outras medidas profiláticas banhos breves, com
água morna, aplicação de filtro solar contra os efeitos nocivos dos raios
ultravioleta, hidratação, produtos e máscaras personalizados para proteger os
fios capilares. “Mas ao menor sinal de problema com a pele ou os cabelos, a
recomendação é para que se procure um dermatologista”, destaca Dário Rosa.
Cuidados internos
Além dos cuidados externos, Anelise Dutra observa a
importância da ingestão regular de líquidos. “O ideal é tomar pelo menos dois
litros diários de água. A ingestão pode ser combinada com chás e sucos”,
recomenda.
Também a alimentação é um ponto essencial para a
manutenção da saúde da pele. “Entre os alimentos que devemos priorizar em nossa
alimentação diária estão os legumes, as hortaliças e frutas, fontes de
vitaminas e minerais que neutralizam os radicais livres e previnem o
envelhecimento cutâneo.”
Frutas ricas em vitamina C, como morango, laranja,
mexerica, limão e cereja, são muito recomendadas. Brócolis, cenoura e repolho
também não devem faltar no almoço e no jantar. A soja, rica em isoflavonas, é
outro alimento que evita o ressecamento e melhora a elasticidade da pele.
Castanhas, nozes e amêndoas, que são fontes de vitamina E, selênio e
antioxidantes, também devem ter prioridade na dieta equilibrada.
“Em se tratando de vitamina E, não podemos deixar
de falar sobre seus benefícios como antioxidante, que atua prevenindo o
envelhecimento precoce da pele. O nutriente também melhora a hidratação do
tecido”, pontua Dário Rosa.
Juntamente com as oleaginosas, entre os alimentos
ricos em vitamina E estão os vegetais verde-escuros (espinafre, couve, rúcula e
agrião), os óleos vegetais, o gérmen de trigo, fígado e ovos.
Rotina necessária
Os dermatologistas Anelise Dutra e Dário Rosa
indicam alguns cuidados com pele e cabelos para enfrentar os baixos níveis de
umidade do ar:
- Ingestão de líquido: a OMS (Organização Mundial
da Saúde) recomenda a ingestão de 35 ml de água por cada quilo. Uma pessoa de
60 quilos, por exemplo, deve beber aproximadamente 2 litros por dia.
- Protetor solar: o filtro solar deve ser aplicado
todos os dias para proteção contra os raios solares. Com o clima seco,
protetores com substâncias emolientes ajudam na hidratação da pele.
- Hidratação adequada: para ajudar a reter a
umidade na pele, a recomendação é por hidratantes específicos, que contenham
glicerina, ceramidas e ácido hialurônico.
- Banhos breves: nem quente nem prolongado. Assim
devem ser os banhos em tempos secos. Isso porque a água quente pode remover os
óleos naturais que protegem a pele. A hidratação pós-banho também é
fundamental.
- Sem esfoliar: esfoliações e uso de esponjas
ásperas irritam a pele seca. A opção é por produtos de limpeza suaves e
hidratantes.
- Lavagem: a temperatura da água para lavar os
cabelos deve ser a mais fria possível com produtos específicos a cada pessoa.
- Nutrição: tratamentos para hidratar e nutrir os
cabelos são indicados no clima seco. Além de neutralizar os efeitos do
ressecamento, como frizz e pontas duplas, os tratamentos conferem um aspecto de
saúde aos fios.
- Sem prendedores: sob baixa umidade do ar, os
cabelos ressecados são propensos a quebrar. Desta forma, prendedores e
xuxinhas, que podem agravar os quadros de quebras, precisam ser evitados.
- Para pentear: ao sair do banho, com os cabelos
molhados, deve-se dar preferência a pentear os fios com os dedos. Pentes e
escovas podem evidenciar quadros de frizz.
- Umidificadores: especialmente à noite, manter os
ambientes da casa umidificados contribui para combater o ressecamento da pele e
dos cabelos. Na ausência do umidificador, uma toalha embebida em água em uma
bacia também é eficiente.
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