Pais, filhos e
avós precisam estar em conexão para promover bem-estar, saúde e integração das
diferentes gerações em prol da inclusão e integração
O movimento natural da vida, que costuma respeitar
o curso da árvore genealógica, mostra que nas famílias, os pais cuidam dos
filhos e estes vão vir a cuidar dos pais quando envelhecerem.
A família é uma importante rede de apoio no momento
da chegada de um novo membro. É comum que os avós dividam os cuidados dos netos
com os pais para que eles possam trabalhar ou simplesmente para tornar mais
leve a jornada de criação de um novo ser.
Tal rede de apoio é ainda mais importante quando a
criança nasce com alguma deficiência, como a síndrome de Down. A falta de
informação sobre essa condição genética ainda existe e o medo natural do futuro
desconhecido acaba se instalando.
Ana Cristina de Paiva Carvalho, de 63 anos, é avó
da Melissa, de 3 anos. O diagnóstico da síndrome de Down, recebido apenas após
o nascimento, acabou deixando a família desorientada. Através de buscas na
internet, Ana conheceu o Projeto Laços, iniciativa do Instituto Serendipidade,
que visa promover acolhimento e informações a pais e mães que acabaram de
receber a notícia de que seu filho tem uma deficiência.
“A partir do acolhimento que tive no Instituto
Serendipidade, eu pude assentar a minha cabeça e auxiliar a minha filha a tomar
o rumo enquanto ela estava desnorteada com o diagnóstico. Eu pude ter um
pouquinho mais de serenidade e procurar ajuda, procurar os estímulos corretos
na hora certa. E depois as coisas fluem, hoje é a vida normal”, diz Ana.
É comum que os avós tenham uma grande
responsabilidade no cuidado com os netos, especialmente no caso de crianças
atípicas. A expressão “avó é mãe duas vezes” explicita a sobrecarga à qual
estas mulheres estão expostas e há necessidade de um acolhimento para quem
também é parte dessa rede.
“Muitos pensam, equivocadamente, que somente o pai
e a mãe da criança com deficiência precisam ter conhecimento sobre a síndrome
para o desenvolvimento da criança com essa condição. Na verdade, todos os
envolvidos no apoio, sendo a rede primária como pais e irmãos e secundária,
tios, primos e avós, precisam participar do convívio inclusivo,
promovendo essa união familiar com muito amor e responsabilidade”, diz Deise
Campos, uma das coordenadoras do Projeto Laços.
Para disponibilizar uma rede de apoio preparada, o
Instituto Serendipidade conta com o Projeto Laços, formado por pais e mães
voluntários, que passam por um treinamento de metodologia própria, para acolher
outras famílias. O atendimento consiste em ouvir os pais, validar seus
sentimentos, sem julgamento, e compartilhar vivências relacionadas aos cuidados
com uma criança com necessidades específicas, fortalecendo a rede de apoio.
“A conexão de toda a família neste cuidado é importante pois falamos de dois grupos de pessoas que necessitam de atenção: as pessoas com deficiência, que têm demandas específicas, e os cuidadores, muitas vezes idosos, que também precisam de atenção especial. Construímos o futuro a partir do fortalecimento de laços no presente. Por isso é importante incentivar o estreitamento dessas redes de apoio familiar intergeracionais. Um processo riquíssimo de naturalização, aprendizagem e adaptabilidade que suaviza a passagem de bastão para futuros cuidadores, como os irmãos, e empodera as pessoas com deficiência no cuidado consigo mesmas à medida que desenvolvem habilidades emocionais de convívio diverso”, diz Débora Goldzveig, gerente do Instituto Serendipidade.
Instituto Serendipidade - organização sem fins lucrativos que potencializa a inclusão de pessoas com deficiência, com
www.serendipidade.org.br
@institutoserendipidade
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