As hepatites virais representam um desafio significativo para a saúde pública brasileira. Apesar da disponibilidade de imunização através do Programa Nacional de Imunização (PNI), é essencial destacar a importância da atenção ao saneamento básico e à higiene individual
Neste mês de julho, está sendo
desenvolvida a campanha
“Julho Amarelo”, que foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por
finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites
virais. A hepatite é um
grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No Brasil, as hepatites
mais comuns são dos tipos A, B e C. A hepatite D ou Delta é mais frequente na
região Norte e o a hepatite E é a menos comum.
A infecção por
hepatite pode ser desencadeada por uma variedade de fatores socioambientais,
incluindo a ingestão de água ou alimentos contaminados devido à falta de
saneamento básico, contato sexual desprotegido e outras formas de exposição a
sangue ou fluidos corporais infectados.
Dados do Ministério
da Saúde revelam que, entre 2000 e 2021, foram diagnosticados mais de 700 mil
casos de hepatites no Brasil, resultando em mais de 62 mil óbitos atribuídos à
hepatite C durante esse período. Além disso, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) emitiu um alerta preocupante, indicando um aumento significativo nas
mortes relacionadas às hepatites, atingindo a alarmante marca de 3,5 mil óbitos
por dia em escala global.
De acordo com João
Renato Rebello Pinho, médico Patologista Clínico e membro da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica /Medicina Laboratorial (SBPC/ML), uma detecção precoce
da infecção pelo vírus da hepatite é fundamental para um tratamento eficaz.
O desafio da infecção para hepatite C é a
ausência de sintomas e sinais precoces da doença, o que dificulta o seu
diagnóstico. É crucial que a comunidade
médica solicite sorologias para as hepatites A, B e C e discuta a imunização
para prevenção das hepatites A e B",
ressaltou o especialista, acrescentando que a vacinação contra hepatite A,
administrada em dose única aos 15 meses, e hepatite B, administrada ao nascer e
completada na adolescência e fase adulta, conforme o esquema vacinal, são fundamentais
para prevenir essas infecções, sendo previstas no Programa Nacional de
Imunizações.
Para uma abordagem eficaz no tratamento, uma
análise laboratorial detalhada é essencial, especialmente em casos com sintomas
claros como icterícia ou em casos assintomáticos. Rebello explica que, além
disso, "é importante considerar que as hepatites podem ser causadas por
outros vírus, bactérias, uso excessivo de medicamentos ou ingestão de
álcool".
Para o diagnóstico
das hepatites B e C, uma variedade de testes laboratoriais estão disponíveis.
No caso da hepatite B, os testes incluem HBsAg, HBeAg, Anti-HBc IgM, Anti-HBc
IgG, Anti-HBe e Anti-HBs.
"Esses testes,
combinados, podem confirmar ou descartar a infecção aguda ou crônica, bem como
infecções ou vacinações prévias. Já para hepatite C, o teste sorológico
principal é o anti-HCV. Se o resultado for reativo, indica a presença da
infecção atual ou pregressa, e a realização da carga viral é essencial para um
diagnóstico definitivo de doença ativa", enfatizou o patologista clínico
da SBPC/ML.
A prevenção e o
diagnóstico precoce das hepatites virais exigem uma abordagem abrangente que
inclua medidas de imunização, atenção ao saneamento básico, conscientização
sobre práticas de higiene individual e acesso a testes laboratoriais eficazes.
“Somente através de uma combinação dessas estratégias podemos esperar reduzir
significativamente o ônus das hepatites virais no Brasil, protegendo a saúde de
nossa população”, reforçou Rebello.
Nenhum comentário:
Postar um comentário