Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 80% das mulheres em idade fértil possuem miomas uterinos. Embora seja um tema recorrente em conversas entre mulheres, muitas dúvidas ainda pairam sobre essa condição e seus impactos na saúde feminina.
Recentemente, a apresentadora Cariúcha foi internada de emergência
para a retirada de 17 miomas. Ela revelou que chegou a ficar quatro meses
menstruada, vivendo à base de antibióticos e anti-inflamatórios.
A Dra. Bianca Bernardo, ginecologista e especialista em reprodução
da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, explica que o mioma uterino, ou fibroma
uterino, é um tumor benigno originado de uma célula alterada do miométrio, a
camada muscular do útero. "O mioma surge de uma célula modificada que
perde sua capacidade de controle de divisão celular e, sob estímulo dos
hormônios esteroides, começa a crescer. Eles possuem receptores para estrogênio
e progesterona, que induzem esse crescimento formando nódulos", explica
Bianca.
Em 2023, de acordo com o Ministério da Previdência Social, os
miomas foram a principal causa de afastamento de mulheres do trabalho no
primeiro semestre, afetando mais de 21 mil pessoas.
Fatores de risco, como genética e raça, podem favorecer o
aparecimento de miomas. Estudos mostram que mulheres negras são mais propensas
a desenvolver miomas do que mulheres de outros grupos raciais. Outros fatores
incluem hábitos de vida, consumo de álcool, obesidade e hipertensão.
Enquanto 75% das mulheres não apresentam sintomas e só descobrem a
doença em exames de rotina, 25% sofrem com sintomas como sangramentos, cólicas,
dores, alterações no ciclo menstrual, volume abdominal, dores durante o ato
sexual, prisão de ventre, incontinência urinária e infertilidade. "O
tratamento do mioma depende da gravidade dos sintomas de cada paciente. Se os sintomas
forem leves, é possível apenas acompanhar com o ginecologista. Mas, se forem
intensos e afetarem a qualidade de vida, é preciso tratá-los", afirma
Bianca.
Para mulheres que não desejam engravidar, o uso de medicamentos,
como pílulas contraceptivas, DIU ou anti-inflamatórios, pode ser recomendado
para alívio dos sintomas. Caso o tratamento conservador não melhore o quadro
clínico, cirurgias como retirada do útero, laparotomia, laparoscopia, cirurgia
robótica, histeroscopia, ablação dos miomas por radiofrequência ou embolização
das artérias que nutrem esses tumores podem ser opções.
Para mulheres com sintomas de infertilidade, onde o mioma pode
atrapalhar uma possível gestação, o tratamento cirúrgico pode ser necessário.
"Não há uma relação direta entre mioma uterino e infertilidade feminina,
mas a condição pode dificultar uma gestação dependendo do tamanho e localização
dos miomas, especialmente os maiores que 5 cm ou aqueles que afetam a cavidade
endometrial. Eles podem gerar abortos de repetição ao distorcer a anatomia
uterina e impedir a implantação adequada do embrião no endométrio", aponta
Bianca.
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