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quinta-feira, 11 de julho de 2024

Endocrinologista desmistifica as causas da obesidade


 

Cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo, conforme alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS), e esses índices crescem em crianças e adolescentes. Mas, apesar desse cenário crítico, o desconhecimento e a falta de informação sobre essa doença ainda são preocupantes, pois não afetam somente a saúde física como também a mental das pessoas, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos.

Segundo a endocrinologista e vice-presidente da área médica da Novo Nordisk, Priscilla Mattar, é fundamental esclarecer que a obesidade não é uma questão de falta de caráter, falta de vontade, preguiça, desleixo ou indisciplina, características que levam a estereótipos e nutrem estigmas e preconceito. “A obesidade é uma doença crônica, multifatorial, progressiva que requer tratamento médico, uma vez que está associada a mais de 200 enfermidades, como por exemplo, o diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares, a hipertensão e a alguns tipos de câncer”, explica. 

Para a especialista, além da possibilidade de desenvolver transtornos psicológicos como ansiedade e depressão, gerar bullying – especialmente na infância e adolescência – a corroboração desses preconceitos pode afastar a pessoa com obesidade do tratamento, o que acaba por agravar o quadro de saúde do indivíduo. 

“A autodepreciação e o isolamento de pessoas com obesidade são uma realidade imposta pela desinformação social e o não reconhecimento da doença. Compreender a complexidade e os fatores que determinam o diagnóstico é crucial para que a obesidade possa ser evitada e, uma vez diagnosticada, ser tratada de maneira efetiva, o que traz ganhos à saúde física, mental e qualidade de vida do paciente”, ressalta. 

Considerando que no Brasil uma pessoa a cada quatro tem obesidade, conforme dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônica Vigitel 2023, monitoramento anual da Ministério da Saúde, a endocrinologista desmistifica abaixo alguns conceitos sobre essa preocupante doença crônica.
 

Apenas comer muito não determina a obesidade. Verdade.

A obesidade não decorre somente de maus hábitos alimentares. A ingestão calórica superior ao gasto energético é um fator que influencia o aparecimento da doença, mas não é o único. Essa doença é complexa, e está relacionada a uma série de causas: genéticas, ambientais, hormonais, comportamentais e fisiológicas.

 

Dieta restritiva é o suficiente para driblar a doença. Mito. 

Dietas restritivas podem levar a déficit nutricionais. Segundo a endocrinologista, o correto é optar por uma reeducação alimentar. “A dificuldade de adequação do corpo às restrições extremas não torna essas estratégias funcionais, mas causam estresse, insatisfação e tristeza. Dietas equilibradas garantem energia e disposição, facilitam a adaptação e diminuem o peso de maneira sustentada e eficaz”, esclarece.

 

Dormir pouco aumenta as chances de obesidade. Verdade. 

Pessoas que dormem menos têm mais chances de ter obesidade. Assim como o sedentarismo, alterações hormonais e genética, a qualidade do sono também pode ser determinante. Horas insuficientes de sono geram aumento do apetite e resistência à insulina, favorecendo o ganho de peso e o desencadeamento de doenças.

 

Saúde mental não pode contribuir com o surgimento da doença. Mito.

Pessoas com problemas de saúde mental têm mais chances de desenvolver obesidade. Assim como a condição pode ser determinante para o surgimento de danos psicológicos ocasionados pelos estereótipos negativos e dificuldades de socialização, pessoas que já se encontram emocionalmente abaladas correm o risco de chegarem a um quadro de obesidade.

 

Desigualdade social impacta nos casos de obesidade. Verdade. 

Estudos apontam aumento da prevalência da obesidade em países subdesenvolvidos devido à falta de acesso a informações, oportunidades e alimentação equilibrada. A rotina corrida e exaustiva de grupos sociais mais vulneráveis impacta diretamente a saúde. A facilidade de consumo e a acessibilidade econômica de produtos industrializados é evidentemente maior do que a de uma dieta balanceada e rica em nutrientes.

 

Novo Nordisk
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