Data promove
conscientização sobre doença silenciosa que causa 1,3 milhão de mortes
anualmente
Hepatologista do Centro Especializado
em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz detalha modos de
transmissão e estratégias de prevenção
Visando conscientizar a população sobre os tipos de hepatites, o
Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho e
criado em 2010 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), também lembra que a
doença é a segunda maior causa de morte por infecção no mundo, com 3,5 mil
óbitos diários e 1,3 milhão de mortes anuais.
Segundo Dr. Luís Edmundo Pinto da Fonseca, hepatologista do Centro
Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
as hepatites virais são causadas por infecções que podem não ter sintomas
perceptíveis, afetando o fígado e podendo ser classificadas como agudas, que
duram de até seis meses e crônicas, quando duram mais de seis meses.
O hepatologista explica que elas se manifestam de diferentes
formas, mas muitas vezes a evolução no quadro da infecção não é identificada
por escassez de sintomas. Por isso, a importância de realizar exames de rotina
para garantir o diagnóstico precoce e evitar a evolução para formas mais
avançadas de doença hepática crônica, que incluem a cirrose hepática e o câncer
de fígado.
Os sintomas da doença, quando aparecem, podem incluir: cansaço,
febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos
amarelados, urina escura e fezes claras. “Reconhecer esses sinais é essencial
para detectar precocemente a doença e buscar o tratamento adequado”, conta o
médico.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, nas últimas duas décadas o Brasil notificou aproximadamente 720 mil casos de hepatites virais. Do total, cerca de 23% correspondem a casos de Hepatite A, 37% dos casos são de Hepatite B e a Hepatite C representa a maior incidência, com 39% dos casos.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, as hepatites virais
mais comuns no país são causadas pelos vírus A, B e C. A Hepatite D, comum na
região Norte do Brasil, e a Hepatite E, mais diagnosticada na África e na Ásia,
ocorrem com menos frequência no nosso país.
Tipos e prevenção
Hepatite A: ocorre por via fecal-oral: ingestão de água e/ou alimentos
contaminados com fezes humanas, e por isso, costuma estar associada a baixos
níveis de saneamento básico e de higiene pessoal.
A vacinação contra a Hepatite A está disponível pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), e é altamente recomendada, devendo ser realizada em crianças de
15 meses até cinco anos incompletos.
“É importante adotar práticas de higiene pessoal adequadas, como
lavar as mãos regularmente após o uso do banheiro e antes de manipular
alimentos. Além disso, certificar-se de consumir água tratada e alimentos
devidamente cozidos também é uma medida preventiva eficaz”, explica o médico.
Hepatite B: pode ser transmitida por via vertical (de uma mãe portadora do
vírus para o filho, sendo que a transmissão ocorre durante o parto), por via
parenteral (ou seja, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros itens
pessoais contaminados com sangue infectado) e pela via sexual, sendo
considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST).
A vacinação é a principal medida preventiva para a Hepatite B, que
deve ser iniciada nos primeiros meses após o nascimento: aos dois, quatro e
seis meses de idade. Para os adultos que não foram vacinados durante a
infância, também são recomendadas três doses da vacina.
Segundo o especialista, a prevenção da Hepatite B inclui a adoção
de práticas sexuais seguras, como o uso de preservativos, além de evitar
compartilhar objetos de uso pessoal que possam estar contaminados com sangue ou
secreções pessoais.
Existe também a vacina combinada da Hepatite A e B, que é indicada
para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos, sendo uma ótima
opção para aqueles que não foram vacinados contra ambas as hepatites.
Hepatite C: considerada epidemia mundial, ainda sem vacina disponível, tem
como característica alarmante que aproximadamente 60% a 85% das infecções
agudas podem se tornar crônicas, com risco de evolução silenciosa para a
cirrose hepática ao longo de vários anos.
Assim como o tipo B, a Hepatite C é transmitida principalmente
pelo contato com sangue infectado, por isso é preciso adotar medidas de
prevenção “Evite o compartilhamento de objetos pessoais que possam estar
contaminados com sangue, sempre utilize equipamentos estéreis em procedimentos
médicos, de acupuntura e tatuagem e instrumentais bem higienizados em serviços
de manicure e pedicure. Também nunca deixe de praticar sexo de forma segura,
utilizando preservativos, quando indicado, nas relações sexuais”, conta o
hepatologista, Dr. Luís Edmundo.
O médico chama atenção para a hepatite C já que, diferentemente
das hepatites A e B, ainda não há vacina disponível. Desta forma, sua prevenção
baseia-se em medidas de redução de risco.
Outro fator para ficar de olho é que o surgimento de sintomas não
é muito frequente: cerca de 80% das pessoas com o vírus não apresentam qualquer
manifestação. Além disso, segundo o Ibrafig (Instituto Brasileiro do Fígado), a
hepatite C é a hepatite mais letal, sendo relacionada a 74% das mortes pela doença.
Prevenção é o melhor caminho
A prevenção dessas doenças requer não apenas um esforço coletivo,
mas também um entendimento sobre suas formas de transmissão e as medidas
preventivas eficazes. Segundo Dr. Luís Edmundo, a educação e a conscientização
desempenham um papel crucial nesse processo.
“É fundamental enfatizar a importância da conscientização sobre as
diferentes formas de transmissão das hepatites virais e da adoção de medidas
preventivas adequadas. A promoção de informações precisas e o acesso a serviços
de saúde são fundamentais para reduzir a incidência e o impacto das hepatites
virais”, diz o especialista.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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