Especialista
mostra a importância da capacitação da terceira idade no uso de tecnologias
O envelhecimento da população brasileira é uma
realidade inegável. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o número de idosos no Brasil tem crescido substancialmente, e estima-se
que até 2030 o país terá mais idosos do que crianças e adolescentes. Em junho,
mês dedicado ao idoso e à conscientização sobre a violência contra essa parcela
da população, torna-se ainda mais relevante discutir a inclusão digital e o
envelhecimento ativo como ferramentas para combater o isolamento social e promover
a qualidade de vida dos idosos.
De acordo com os dados do Censo Demográfico 2022,
realizado pelo IBGE, o Brasil possui mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos
ou mais, o que representa 15,6% da população total do país. Esse número mostra
um aumento significativo em relação a 2010, quando a população idosa era de
20,5 milhões (10,8% dos brasileiros). A população idosa do Brasil está
crescendo a um ritmo acelerado: em 12 anos, o número de pessoas com 65 anos ou
mais aumentou 57,4%.
A inclusão digital vem tentando acompanhar esse
ritmo. Segundo pesquisa da TI Inside, realizada em setembro de 2022, 85% dos
idosos brasileiros acessam a internet todos ou quase todos os dias da semana.
Esse número demonstra um alto nível de conectividade entre esse grupo
populacional.
A inclusão digital dos idosos é um passo
fundamental para assegurar que essa população se mantenha ativa e conectada. A
capacitação no uso de tecnologias não apenas proporciona acesso à informação e
serviços, mas também facilita a comunicação com familiares e amigos,
contribuindo para a redução do isolamento social. “A tecnologia pode ser um
importante aliado na promoção do envelhecimento ativo, permitindo que os idosos
se mantenham socialmente integrados e mentalmente estimulados”, afirma Danilo Suassuna, doutor em
psicologia e diretor do Instituto
Suassuna.
Programas de capacitação digital têm sido
implementados em diversas regiões do Brasil, com foco na alfabetização
tecnológica de idosos. Esses programas, geralmente oferecidos por ONGs,
instituições de ensino e governos locais, buscam ensinar desde o uso básico de smartphones
e computadores até a navegação segura na internet. Além disso, muitos desses
programas incluem aulas sobre redes sociais, proporcionando aos idosos as
habilidades necessárias para manter contato com amigos e familiares de forma
virtual.
O professor Suassuna destaca a importância dessas
iniciativas. “A inclusão digital dos idosos é uma questão de cidadania. Quando
capacitamos os idosos no uso das tecnologias, estamos promovendo sua autonomia
e autoestima, além de contribuir para sua inserção na sociedade contemporânea,
que é fortemente digital”.
A promoção do envelhecimento ativo vai além da
inclusão digital. Ela envolve a criação de ambientes que incentivem a
participação dos idosos em atividades físicas, culturais e sociais. O
envolvimento em atividades comunitárias, por exemplo, tem mostrado ser eficaz
na melhoria da saúde mental e física dos idosos. “A participação em atividades
sociais e culturais é crucial para o bem-estar dos idosos. Essas atividades
ajudam a manter a mente ativa, promovem o senso de pertencimento e combatem o
isolamento social”, explica Suassuna.
Além disso, a capacitação digital pode contribuir
para a proteção dos idosos contra golpes e fraudes, que infelizmente são comuns
no ambiente online. “A educação digital deve incluir orientações sobre
segurança online, para que os idosos saibam identificar possíveis riscos e se
protegerem adequadamente”, enfatiza Suassuna.
Por fim, o especialista lembra que boa parte dessa
educação tecnológica pode acontecer de forma autodidata ou gratuita, por meio
do auxílio de pessoas próximas. Afinal, crianças e adolescentes podem colaborar
na capacitação de seus familiares idosos, contribuindo assim para uma troca
intergeracional. Ferramentas como as redes sociais podem, inclusive, aproximar
os membros familiares de diferentes faixas etárias.
O mês de junho é conhecido como Junho Violeta, um
mês de sensibilização e prevenção contra a violência contra pessoas idosas. O
objetivo é chamar a atenção para a violação dos direitos dos idosos e para a
importância de denunciar e combater este problema. O dia 15 de junho é o Dia
Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa, instituído
pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011.
Junho coloca em pauta as questões importantes para a população idosa e serve como um lembrete da importância de promover políticas públicas e iniciativas que favoreçam a inclusão digital e o envelhecimento ativo. Investir na capacitação tecnológica dos idosos e criar oportunidades para sua participação social são passos essenciais para assegurar uma terceira idade digna, ativa e conectada.
Danilo Suassuna - Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008), possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Autor do livro “Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico”. Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Curso Lato-Sensu de Especialização em Gestalt-terapia do ITGT-GO. Coordenador do NEPEG Núcleo de estudos e pesquisa em gerontologia do ITGT. É membro do Conselho Editorial da Revista da Abordagem Gestáltica. Consultor Ad-hoc da revista Psicologia na Revista PUC-Minas (2011). Para mais informações acesse o instagram: @danilosuassuna.
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