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Você já deve ter ouvido o termo “conflito de gerações”. Essa expressão corriqueira faz todo sentido porque sim, temos várias gerações convivendo ao mesmo tempo, cada uma com suas características e especificidades, aumentando as possibilidades de diferenças entre crenças, valores, comportamentos - é esperado que isso possa gerar conflitos. Mas, como estão distribuídas as fronteiras entre uma geração e outra? Você sabe a qual geração pertence?
Apesar de algumas divergências em relação à quando
começa e termina uma geração, segundo o AMA (American Marketing Association) as
gerações podem ser dividas da seguinte maneira:
- Baby
Boomers (nascidos entre 1946 - 1959),
- Geração
X (de 1960 à 1980),
- Millennials
(de 1981 à 1995),
- Z
(de 1995 à 2010)
- Alpha
(depois de 2010).
Importante perceber que atualmente, cerca de 49% da
população mundial é formada pelas gerações Z e Millennials, logo, são
justamente essas gerações que estão chamando muito a atenção das empresas que
estão querendo entender melhor esses jovens consumidores já que a sua
sobrevivência como negócio, a médio e longo prazo, depende deles.
As empresas precisam compreender os padrões que
regem a vida e o consumo dessa geração. Mais do que consumir e influenciar a
compra, as gerações Z e Alpha também passam a adotar critérios semelhantes para
decidir em quais empresas ou organizações desejam trabalhar. Ou seja, essas
dimensões se expressam não apenas no consumo, mas também nas relações de
trabalho.
Uma das características que mais chama a atenção
sobre as pessoas pertencentes a essas gerações é que valorizam muito as
questões relacionadas ao ESG - ou seja, elas levam em consideração as
dimensões: Ambientais, Sociais e de Governança. Segundo a empresa de pesquisa
Nielsen, 75% dos Millennials afirmam mudar seus hábitos de compra para
favorecer produtos ecologicamente corretos e além disso, a grande maioria está
disposta a pagar mais por este tipo de produto - comparados a seus concorrentes
mais baratos. E mais: segundo a Nasdaq, ¾ da geração Z diz que a
sustentabilidade é mais importante que a marca em si. Isso deve acender o
sinal de alerta das empresas (ou deveria), pois mostra que aquelas que não
conseguirem relacionar sua marca de forma positiva com as questões de ESG,
poderão perder consumidores e também futuros talentos.
Só para ilustrar como essa mudança é importante,
quando comparamos esses novos consumidores com as gerações anteriores,
percebemos que realmente há uma transformação de visão: segundo a Nasdaq, um
terço dos Millennials usa frequentemente ou exclusivamente produtos de
investimento que levam em consideração fatores ESG, contra 19% da Geração Z,
16% da Geração X e 2% dos babies boomers. Ainda, de acordo com uma pesquisa de
2019 da McKinsey, existe uma forte correlação na geração Z entre querer
consumir de forma sustentável e estar “na moda”, sugerindo que para esses
jovens, uma mentalidade ecológica é ligada ao status social. Dito de outra
forma: é cool ser ecológico!
Existem também relatos de conflitos geracionais
dentro das famílias em função dos diferentes níveis de informação, consciência
e revolta de crianças e jovens quando se deparam com familiares com visões
menos preocupadas ou ainda pouco identificadas com os problemas
socioambientais.
Outro fenômeno bastante importante nesse sentido
diz respeito à eco-ansiedade. De acordo com a APA - American Psycology
Association, trata-se do medo crônico de ameaças ambientais decorrentes das
mudanças climáticas. Jovens e adolescentes concentram preocupações associadas
ao seu futuro e das próximas gerações. A eco-ansiedade é disfuncional, mas 60%
desses públicos em 10 países manifestaram preocupação intensa com problemas
socioambientais.
Todas essas e outras informações constituem e
indicam que o perfil dos consumidores está mudando e as empresas precisam se
posicionar concretamente, com ações coerentes - nesse ponto, tanto as questões
mercadológicas, quanto à corresponsabilidade entre empresas, governos e
sociedade pela materialidade socioambiental de suas atividades estão em jogo.
Cada vez mais, as empresas precisarão provar - a partir de produtos, serviços e
operações - que assumem compromissos efetivos em termos de responsabilidade
pela vida do planeta, das pessoas e dos próprios negócios. Esses três pontos
são parte da equação para a perenidade das organizações.
Por outro lado, vemos algumas empresas começando a se preocupar com essas questões. Porém muitas delas, no afã de dar conta desse novo público, tem “trocado os pés pelas mãos” fazendo o que chamamos de greenwashing: quando uma empresa pretende ser ambientalmente consciente para fins de marketing, mas na verdade não está fazendo nenhum esforço notável de sustentabilidade. Mas tal atitude pode ser extremamente prejudicial para a imagem da marca pois outra característica dessas novas gerações é serem bem informadas e estarem atentas a qualquer deslize. E quando isso acontece, elas estão prontas e engajadas em “cancelar” e sabotar empresas que tem discursos considerados enganosos. O caminho é sem volta.
Claudia Coser - doutora e mestre em Administração na área de Estratégia e Organizações e fundadora da Plataforma Nobis.
Shirlei Camargo - doutora em Marketing e mestre em Neuromarketing. É também professora e pesquisadora e Brand Manager da Nobis.
Plataforma Nobis
https://esg.nobisapp.com.br/
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