Doença de cachorro
influencer do Reino Unido levanta alerta sobre casos
Bosco, o Rei dos Galhos, carregando um galho de árvore na boca Créditos: reprodução/Instagram |
Na última semana de junho, os tutores perceberam
limitações nos movimentos de Bosco e imediatamente o levaram ao veterinário. O
cão foi diagnosticado com o grau 5 da doença do disco intervertebral (DDIV) -
ou hérnia de disco - e, no intervalo de duas horas, perdeu totalmente os
sentidos das patas traseiras. No dia 29 de junho, ele passou por cirurgia de
emergência, porém, infelizmente, às 17h do dia 5 de julho, o Rei dos Galhos não
aguentou as complicações da operação e faleceu, causando grande comoção entre
seguidores do mundo todo.
A coluna vertebral dos animais de companhia é uma estrutura anatômica que, além de dar sustentação ao corpo, serve como meio de proteção para a medula espinhal, estrutura nervosa que conecta o cérebro às demais estruturas do tronco. A degeneração do disco intervertebral (DIV) é um processo natural associado à idade do animal e que pode, ou não, levar à DDIV. “Isso ocorre quando há a degeneração do disco intervertebral, que pode ser causada por alterações bioquímicas e/ou biomecânicas, caracterizado principalmente pela desidratação do núcleo pulposo, que pode levar ao colapso do anel fibroso e à ocorrência da hérnia de disco”, explica o médico veterinário, doutor em Ciências Veterinárias e professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP), Luciano Isaka. “Na hérnia de disco ocorre o deslocamento do núcleo pulposo desidratado em direção ao canal medular, causando compressão da medula espinhal, podendo levar até à perda de movimento dos membros e outras disfunções corpóreas do animal”, completa.
A DDIV ocorre com mais frequência em animais condrodistróficos, como o Beagle Créditos: Envato |
Ao contrário do que muitos devem imaginar, mesmo
com essa predisposição para DDIV de cachorros dessas raças, é improvável que o
fato de Bosco carregar os galhos pesados na boca tenha sido um agravante para o
diagnóstico do Dachshund. “Não há estudos que relacionam carregamento de peso
com essa lesão nos cães, apenas a indicação de que exercícios físicos em
excesso podem predispor a condição. Mas não vejo essa relação no caso
específico do Bosco, pois, na maioria das vezes, pacientes que fazem muito
exercício físico e mordem objetos pesados são diagnosticados com outro tipo de
lesão cervical”, alerta o veterinário, que relembra uma edição da década
passada da Revista Veterinary Clinics of North America: Small Animal
Practice, dos Estados Unidos, que revelou que os Dachshunds podem
representar até 25% dos casos e têm 12,6 vezes mais chances de desenvolver a
condição, comparados às outras raças.
Luciano recomenda que o diagnóstico da doença seja
realizado por meio de exames neurológicos associados a exames de imagem, como
tomografia computadorizada e ressonância magnética. “Além de encontrar o local
da coluna onde está a lesão, é possível identificar também o tamanho e extensão
do trauma”, aponta o doutor, que explica que o tratamento depende dos sintomas
apresentados pelo paciente, podendo ser realizado de maneira clínica, com uso
de medicações e cuidados de manejo, ou, em casos mais graves, por meio de
cirurgias descompressivas. “O tratamento cirúrgico consiste na remoção do disco
intervertebral degenerado do canal medular, a fim de eliminar a pressão
exercida sobre a medula e, consequentemente, aliviar a dor e restaurar a função
motora do animal”, esclarece.
O tratamento e a recuperação dos pacientes
acometidos pela DDIV dependem da deterioração neurológica e da extensão da
lesão medular. “Quando a lesão medular é associada a um grave comprometimento
do suprimento vascular, pode ocorrer a mielomalácia hemorrágica progressiva,
uma condição rara caracterizada pela necrose do segmento medular que acaba
sendo fatal para o paciente, como aconteceu com o Bosco”, finaliza Luciano.
Universidade Positivo
up.edu.br/
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