Não tema a máquina inteligente, trabalhe com ela.
Já passamos por
muitas revoluções ao longo dos séculos que mudaram completamente a nossa forma
de viver, interagir e trabalhar. Em cada um desses momentos, algumas funções
ficaram obsoletas e outras floresceram frente às novas demandas.
No centro da
discussão, sempre esteve a relação homem versus máquina e a pergunta que não
quer calar: o ser humano será substituído pela máquina?
Para que a
humanidade pudesse usufruir dos benefícios trazidos pelo avanço tecnológico,
alguns pereceram pelo caminho devido à obsolescência das suas funções,
substituídas pelos processos automatizados. Esse é um fato inegável que suscita
o medo que cerca momentos de revolução tecnológica, como esse que vivemos
agora.
Dizem que
temos memória curta e, por isso, quero convidar você para uma pequena viagem no
tempo. Vamos lá?
A primeira
revolução industrial, que aconteceu entre 1760 e 1840, trouxe para as nossas
vidas a máquina a vapor e as ferrovias, impulsionando os meios de transporte e
o alcance geográfico do comércio e dos negócios. Regiões antes isoladas pela
distância, passaram a ser incluídas no mapa de distribuição e geração de
receita.
No final do
século XIX, a segunda revolução foi movida pelo advento da eletricidade e da
linha de montagem, alavancando os setores de manufatura e a produção de bens de
consumo e industriais em larga escala.
A revolução
digital e computacional, a partir da década de 60, caracteriza a terceira
revolução e de certa forma, coloca o poder da tecnologia nas mãos de cada
indivíduo como nunca visto antes.
Do computador
de grande porte, antes restrito ao meio empresarial, ao computador pessoal,
mais conhecido como PC, o ser humano passou a ter em suas mãos um poder de
processamento e de realizar tarefas em menos tempo e com mais precisão.
Ainda dentro
desse período, surgiram os primeiros celulares móveis que revolucionaram a
nossa forma de interagir. Na década de 90, a grande web (world wide web) nos
conectou a todos e a tudo de forma global preparando o terreno para os nossos
queridinhos e indispensáveis smartphones.
Isso
significa que a maioria de nós, passou a ter nas mãos, mais capacidade de
processamento do que os primeiros computadores. Dá para imaginar fazer o que
você faz hoje sem contar com tudo isso?
De acordo
com alguns autores, na virada do século XX, entramos na quarta revolução
industrial que traz a inteligência artificial, a robótica, carros autônomos,
internet das coisas e nanotecnologia como destaques tecnológicos com o
potencial de impactar nossas vidas de uma forma ainda mais intensa do que em
todas as outras revoluções.
Se você não
é um nativo digital, deve lembrar bem do seu processo de adaptação ao longo da
década de 90. Olhando para trás não parece que foi uma transição tão dramática
como a sensação que temos agora diante da inteligência artificial, certo?
Aqui está a
diferença entre a quarta revolução e as outras: a velocidade, a amplitude e a
profundidade. E o que isso quer dizer?
Que os
impactos das novas tecnologias serão percebidos mais rapidamente, que elas
terão abrangência em diferentes setores da economia e da sociedade, e estarão
inseridas nas mínimas coisas da nossa rotina.
Os números
deixam claro que estamos diante de um momento disruptivo. A internet levou sete
anos para atingir 50 milhões de usuários no mundo e o chatGPT atingiu 100 milhões
em apenas dois meses. Isso é considerado, nesse momento, como a maior adoção em
massa da humanidade.
O alvoroço
em torno do chatGPT, um aplicativo de inteligência artificial (IA), que
interage em linguagem natural, tem chamado atenção nos últimos meses e provocou
uma verdadeira corrida das grandes empresas de tecnologia para lançar novos
produtos que utilizem IA.
Prepare-se
porque as suas pesquisas, elaboração de textos, processamento de informações,
nunca mais serão as mesmas.
Estamos em contato com IA há pelo menos 10 anos sem nos dar conta disso. Existem muitos exemplos de uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina no nosso dia a dia, alguns mais evidentes e outros mais sutis. Veja alguns exemplos:
- Aplicativos de rotas: Uber, Waze,
Google Maps
- Assistentes virtuais: Siri, Alexa,
Cortana
- Recomendação de conteúdo: Netflix, Youtube, Spotify, Amazon
Há muitos
outros casos em áreas como saúde, educação, segurança e entretenimento. A
tendência é que essas tecnologias se tornem cada vez mais presentes e poderosas
na nossa sociedade.
Segundo o
relatório do Fórum Econômico Mundial 2023,
“espera-se que a inteligência artificial, seja adotada
por quase 75% das empresas pesquisadas e que leve a uma alta rotatividade,
sendo que 50% das organizações esperam que ela gere crescimento de empregos e
25% esperam que ela gere perda de empregos”.
O relatório
destaca ainda que:
“a automação de funções não necessariamente
significa que profissões inteiras serão extintas, mas sim que algumas tarefas
específicas podem ser automatizadas, liberando tempo e recursos para que os
profissionais possam se concentrar em tarefas mais complexas e de maior valor
agregado”.
O que muda agora é que ao invés de sermos
apenas impactados pelas empresas que usam IA, nós podemos usar a IA para
realizar o nosso trabalho.
A tecnologia
chega às nossas mãos, nos mostrando que tarefas simples, repetitivas e com
baixo grau de complexidade podem ser executadas por um software inteligente com
capacidade de processamento e aprendizado superior ao nosso.
Então, a
pergunta surge novamente: o ser humano será substituído pela máquina?
Em alguns
contextos de trabalho o risco é real, mas em outros, o ser humano será
substituído por outro ser humano que saiba usar a máquina inteligente.
O relatório
do Fórum Econômico Mundial 2023 cita também que:
“6 em cada 10 trabalhadores precisarão de
treinamento antes de 2027, mas apenas metade dos trabalhadores tem acesso a
oportunidades de treinamento adequadas hoje.”
Diante
desse cenário qual deve ser a nossa postura? Existem dois extremos que devem
ser evitados:
A postura de
negação:
“Isso é uma moda e vai passar”
A postura de
desespero:
“Estamos à beira do caos e todo mundo vai ser
demitido!”
O fato que
não podemos ignorar: não é uma moda que vai passar. Mas também é um fato que
teremos demanda por novas habilidades e competências. Por isso, a postura ideal
é a curiosidade e a busca pela capacitação.
Se você é um
profissional que deseja assumir a postura de curiosidade e se preparar para
esse novo momento, essas são as perguntas que devem guiar a sua reflexão:
O que é
inteligência artificial e quais são as principais aplicações vigentes no Brasil
e no mundo?
Quais são as
aplicações específicas para a minha área de atuação e quem já está usando?
O que eu
preciso aprender para me capacitar e manter a minha empregabilidade?
Veja que
atitude e interesse proativo vai fazer a diferença para que você identifique
oportunidades no seu trabalho e seja notado pela sua empresa e pelo mercado.
Então será
tudo sobre tecnologia? E se eu não for da área de tecnologia?
É certo que
a maior demanda por profissionais especializados será nas áreas de tecnologia,
mas a busca por eficiência e eficácia pessoal e profissional será uma demanda
generalizada em todos os setores da economia.
Para
responder a esse cenário, o Fórum Econômico Mundial destaca as TOP 10
habilidades em 2023:
- Pensamento analítico
- Pensamento criativo
- Resiliência, flexibilidade e
agilidade
- Motivação e autoconsciência
- Curiosidade e aprendizado contínuo
- Letramento tecnológico
- Confiabilidade e atenção aos
detalhes
- Empatia e escuta ativa
- Liderança e influência social
- Controle de qualidade
Dá para
notar que capacidades cognitivas e comportamentais estão no topo da lista e são
fundamentais para garantir a preparação e adaptação aos novos contextos de
trabalho.
Já parou
para pensar qual é o pequeno passo que você pode dar hoje em direção a esse
futuro? Use essa lista para fazer uma pequena autoavaliação e se preparar.
Afinal, as
máquinas precisarão de seres humanos cada vez mais capacitados, curiosos e
inteligentes.
Seja um deles!
Leila Santos - Coach de líderes e empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa mudança de cultura e mindset.
https://leilasantos.com.br/
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