Responsável pelo maior índice de empregabilidade do PIB corre o risco de sofrer com aumento de carga tributária
Qualquer Reforma Tributária que avance nas esferas governamentais do
País não pode ameaçar o principal setor econômico brasileiro: o de serviços,
que corresponde a 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega 67% da
população ocupada. Caso isso aconteça, será um risco para a própria
economia nacional.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP) alerta que um iminente aumento na tributação do setor será
prejudicial, antes de tudo, para micro e pequenas empresas, fundamentais
para a saúde econômica do Brasil e, ao mesmo tempo, mais vulneráveis às
mudanças na legislação tributária. Contudo, não é só isso: atingirá também
relevantes segmentos centrais do setor, resultando em demissões, fechamento
de empresas e queda de desempenho econômico como um todo. São negócios que vão
de salões de beleza e gráficas a agências de locação de imóveis e carros e
empresas de segurança privada.
Do ponto de vista técnico, a ideia de estabelecer alíquotas diferenciadas
para atividades específicas dos serviços, como saúde e educação — para
mencionar algumas —, não é suficiente para minorar os efeitos nocivos da
reforma. Se a ideia da PEC de prever uma tributação diferenciada tem como
objetivo evitar o sufocamento do setor de serviços, esse tratamento deveria ser
estendido para os demais segmentos que o integram a fim de que não acabem suportando
a elevação da tributação, em detrimento de outros segmentos.
Outro ponto negativo é que a criação de um órgão responsável por administrar as
arrecadações estadual e municipal sem a respectiva representação dos munícipios
seria uma evidente afronta à Constituição Federal, já que o sistema federativo
está inserido como cláusula pétrea na Carta Magna, bem como um desacato à
autonomia de Estados e municípios, que deixariam de ser financeiramente
independentes.
A Federação e os sindicatos filiados seguem favoráveis a uma reforma que
avance em direção à simplificação, à modernização e à desburocratização do
sistema tributário brasileiro. A legislação atual, fruto de debates há três
décadas, penaliza o empresariado e prejudica o ambiente de negócios nacional.
Entretanto, é importante que essa mudança aconteça preservando os pilares da
economia do Brasil — e não os enfraqueça.
Para a FecomercioSP e seus filiados, três pontos são fundamentais para a
aprovação da Reforma Tributária:
1. redução (ou, ao menos, manutenção) da carga tributária setorial, uma
vez que os contribuintes já suportam elevadíssima tributação;
2. simplificação do sistema tributário, mediante a adoção de legislação
nacional do ICMS e do ISS, com tributação no destino e cadastro e nota fiscal
unificados, além de eliminação de obrigações acessórias em duplicidade —
ocasionando a consequente redução do elevado custo de conformidade fiscal — e
extinção das multas abusivas e desproporcionais;
3. segurança jurídica, com a manutenção das terminologias já adotadas e
consagradas, cujos limites e conceitos levaram anos para serem consolidados
pela jurisprudência.
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