Eduardo Petrelli, CEO da foodtech Diferente, traz alguns números importantes sobre o desperdício de alimentos no Brasil e ações que podem ser colocadas em prática para mudar esse panorama
Um levantamento feito pela ONU trouxe números
preocupantes referentes ao desperdício de alimentos no planeta. De acordo com a
Organização das Nações Unidas, cerca de 900 milhões de toneladas de alimentos
são desperdiçadas, a cada ano, no mundo todo. Para se ter uma ideia, esse
montante seria suficiente para preencher 321 mil estádios do Maracanã lotados
de comida.
Ainda segundo o estudo, o Brasil é responsável por
27 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados anualmente, colocando nosso
país entre os dez que mais desperdiçam comida no mundo. Se o número já é
assustador por si só, a organização ressalta ainda que quando um alimento é
jogado fora, o resultado é de que todos os recursos utilizados para a sua
produção (desde água, terra, energia, trabalho até o capital investido) também
acabam sumindo.
Segundo a Food and Agriculture Organization of the
United Nations (FAO), as causas para tanto desperdício são muitas. Toneladas de
alimentos são jogados no lixo em função de sua alta perecibilidade, condições
inadequadas de embalagem, manuseio, transporte e armazenamento. Em alguns
países, os fatores estéticos também são a justificativa para o desperdício de
alimentos — muitos mercados consumidores rejeitam pequenos defeitos em frutas e
legumes, por exemplo. No Brasil, cerca de 10% dos alimentos também são
desperdiçados na casa dos consumidores, ainda que o país tenha uma alta taxa de
rejeição ao desperdício de alimentos.
Como mudar esse panorama?
Por outro lado, é interessante saber que, mesmo
diante desse cenário crítico, mais de 80% dos brasileiros alegam, de acordo com
uma pesquisa realizada pela Ticket, buscar alternativas que evitem o
desperdício de alimentos dentro de casa. Sendo assim, está claro que somente o
esforço do público não será suficiente para solucionar este problema, se
fazendo necessário que a indústria e varejo também sejam atuantes no esforço de
minimizar o desperdício.
Felizmente, já existem empresas engajadas em
modificar esse cenário crônico. Os principais exemplos nesse sentido são as
foodtechs, startups do segmento alimentício, que atuam na busca de soluções
destinadas ao combate ao desperdício. Graças ao trabalho dessas companhias que
usam a tecnologia a favor desse processo, hoje já podemos observar avanços
importantes no setor, como melhorias significativas principalmente na gestão
desses produtos.
Um exemplo prático positivo são as empresas que
atuam na redistribuição dos alimentos que, pelo fato de estarem próximos à data
de validade, ou “imperfeitos” para a venda ao varejo, seriam descartados pelo
produtor rural. Esse trabalho acaba assumindo um papel importante já que traz
benefícios para todos os envolvidos, uma vez que ajuda a evitar desperdícios, o
consumidor paga mais barato por alimentos com alto nível de nutrientes e os
pequenos produtores conseguem monetizar produtos que invariavelmente seriam
descartados.
Outro ponto interessante que vem sendo trabalhado
por essas companhias são as melhorias destinadas a evitar perdas no transporte
dos alimentos. Por conta do uso de novas tecnologias, algumas foodtechs
formularam técnicas inovadoras que reduzem a ação das bactérias e outros
micro-organismos. Isso permite conseguem manter as características originais do
produto por tempo prolongado, sem o uso de conservantes. Sem dúvida, ações como
essas tendem a reservar um futuro melhor e mais sustentável para toda
sociedade.
Eduardo Petrelli - cofundador
e CEO da Diferente,
principal foodtech de alimentos orgânicos do Brasil. É formado em Engenharia de
Produção pela Universidade Católica do Paraná e pós-graduado em Business e
Finance pela Universidade de Berkeley (EUA).
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