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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Manutenção da Selic sinaliza estabilidade também no crédito habitacional

O anúncio de manutenção da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), interrompendo a sequência de 12 altas consecutivas da taxa, sinaliza a perspectiva de estabilidade também nos custos de contratação de crédito habitacional pelos consumidores. Nesta quarta-feira, a autoridade monetária manteve a Selic de 13,75%. 

Nos últimos 18 meses, a curva de aumento da Selic se refletiu em custos maiores do financiamento imobiliário, ainda que os bancos que atuam no segmento não tenham acompanhado, a par e passo, o ritmo de variação da taxa básica de juros. A concorrência das instituições por um cliente que pode fazer parte das respectivas carteiras por até 35 anos também limita as altas dos custos de crédito feitas pelos bancos que operam recursos da poupança.

Na semana passada, a Caixa Econômica Federal – principal banco com atuação no segmento – divulgou que não prevê novas elevações de juros do financiamento imobiliário. A postura da Caixa é, justamente, o que o mercado considera o fiel da balança dos ajustes das taxas de financiamento imobiliário. Sem o banco com maior fatia de mercado anunciar novos aumentos, as demais instituições passam a ter mais dificuldade para conquistar clientes se fizerem reajustes.

Quando ocorre aumento dos custos de financiamento imobiliário, o impacto é sentido pelo consumidor, diretamente, no momento de repasse de sua dívida da incorporadora para um banco parceiro e não na aquisição do imóvel. Até as chaves, o cliente paga as prestações para a empresa que desenvolve o projeto. Existe, porém, um efeito indireto: se os juros cobrados pelas instituições financeiras para a construção de imóveis sobem, incorporadoras repassam a elevação para os preços das unidades.

Vale ponderar que quem contratar um financiamento imobiliário, neste momento, poderá migrar para uma linha de crédito mais barata, futuramente, quando o custo cair em decorrência de uma Selic menor. Há expectativa, no mercado, que o Copom volte a reduzir a taxa básica de juros em 2023, embora não haja clareza do momento em que esse afrouxamento terá início.

É preciso lembrar também que parte dos potenciais contratantes de uma linha de crédito habitacional ficam de fora a cada aumento das taxas cobradas pelos bancos. Cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam que, no período de alta gradual da Selic de 2% para 13%, 4 milhões de famílias deixaram de ter renda qualificada para acessar o financiamento imobiliário.

O anúncio desta quarta-feira confirmou o que o mercado passou a esperar, nas últimas semanas, desde que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, respondeu que o colegiado iria avaliar a possibilidade de “um ajuste final” da Selic ao ser questionado se o Copom poderia anunciar, na reunião de setembro, um aumento de 0,25% na taxa básica de juros. 

Na ocasião, o presidente do BC disse também que a batalha contra a inflação não estava ganha. Os aumentos de preços têm desacelerado, mas o cenário ainda é preocupante quando se considera que o fenômeno inflacionário não é exclusivo do país. 

O Federal Reserve (FED), que é o Banco Central dos Estados Unidos, também anunciou alta de juros hoje, de 0,75 ponto percentual, para patamar entre 3% e 3,25% ao ano. Em 8 de setembro, o Banco Central Europeu (BCE) tinha elevado as taxas básicas de juros em 0,75 ponto percentual para tentar segurar a inflação da zona do euro. 

Entre as grandes economias do mundo, o Brasil pode até ter puxado a fila do aumento dos juros para conter a inflação, mas o país não está sozinho nesse movimento.

 

 

Rogério Santos é um dos fundadores da UBlink



UBlink 

 www.ublink.com.br 

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