O tema é complexo, por tratar de indivíduos que possuem hábitos e comportamentos diferentes, nem sempre o que é interessante para uma pessoa pode ser para outra. Assim, quando falamos de finanças para casais, é importante que ambos tenham o cuidado para evitar discórdias, o que é possível por meio de diálogo.
A primeira coisa a se entender é que o dinheiro,
por ser um meio para realizar necessidades e sonhos, precisa ser muito bem
direcionado e nada melhor que um bom orçamento financeiro onde ambos possam
construir seus objetivos como casal e individuais.
A grande maioria dos casais não aprenderam a
administrar suas finanças e, o mais complicado, por se tratar de dois
indivíduos a probabilidade é grande de que que cada um tenha vivenciados
diferente de lidar com o tema.
Assim, para o melhor lidar com o tema é preciso uma
relação amigável, de confiança, que deve nascer de boas conversas. Infelizmente
vejo hoje quem muitas vezes os casais nem mesmo conhecem os sonhos um do outro.
E o pior, nem os ganhos.
Esse alinhamento é imprescindível para uma relação
equilibrada e saudável financeiramente. Grande parte das separações, divórcios
são provenientes dos problemas gerados pelo dinheiro. Por isso toda atenção é
sempre bem-vinda e com isso a prosperidade financeira do casal será
consequência.
Mas, como fazer para dar uma virada nessa relação
com o dinheiro? Conhecer a realidade financeira da família, ou o ‘eu
financeiro’, é o primeiro passo, sabendo de onde provém o dinheiro é para onde
está indo.
Outro passo é elaborar um bom orçamento financeiro
familiar priorizando sonhos, necessidades e propósitos da família. Com o
orçamento em mãos será possível entender como está a real situação financeira,
que são quatro: investidora, equilibrada, endividada ou superendividada.
Muitos casais também dificuldades de saber se é
mais conveniente ter contas bancárias individuais ou conjunta. Não existe
problema algum nessas opções tudo depende de uma boa combinação entendendo as
facilidades de cada possibilidade para o casal.
Já, quando o assunto é investimento, tudo vai
depender das finalidades, ou seja, é preciso sempre ‘carimbar’ o dinheiro
aplicado para uma finalidade, dependendo da opção se definirá se esse
investimento será feito em conjunto ou individual. Por exemplo, para uma viagem
da família o investimento em conjunto vai muito bem. Já se for investir para
uma aposentadoria, em uma previdência privada, por exemplo, o investimento
deverá sempre ser de forma individualizada.
O segredo está em uma boa e inteligente reunião
familiar e colocar tudo na mesa na ponta do lápis. Assim, é preciso, muita
atenção para os propósitos da família como sonhos, necessidades, prestações,
dívidas contraídas e a criação de uma boa reserva financeira para eventuais
oportunidades.
É importante um novo formato de orçamento, que
traga as prioridades da vida em primeiro lugar, ou seja, antes dos gastos,
tendo assim os propósitos protegidos antes. Para isso se deve definir em
reunião familiar sonhos coletivos e sonhos individuais divididos da seguinte
forma: curto prazo (até um ano), médio prazo (de um a dez) e longo prazo (acima
de dez anos).
E mais todos os sonhos devem estarem acompanhados
de informações fundamentais como: Qual o sonho? Quanto custa? Quanto tempo quer
realizá-lo? Quanto vai poupar? E, caso não tenha esse recurso, de onde vai
tirar ou ganhar esse dinheiro?
Se não responder essas perguntas os sonhos podem
virar um grande pesadelo. Da reunião sobre o tema, tem que participar os
filhos, caso tenha, procurem inserí-los, eles possuem sonhos e poderão
contribuir com a construção de uma vida financeira sustentável.
Uma atenção especial para os casais onde um ganha
mais que o outro, é preciso respeitar e entender essa diferença. Na educação
financeira não importa quanto cada pessoa ganha e sim como se gasta e emprega o
dinheiro no decorrer da vida.
Para contribuir ainda mais descrevi algumas
orientações básicas que poderão ajudar nesse que é a mais importante das uniões
o casamento, vamos a elas:
- Faça
reuniões frequentes envolvendo todos os membros da família, mesmo que não
esteja havendo problemas financeiros;
- Na
reunião é muito importante falar e definir os sonhos individuais e
coletivos de curto, médio e longo prazos, além das necessidades e reserva
financeira;
- O
casal deve fazer um diagnóstico financeiro durante trinta dias, se tiver
ganhos fixos, ou noventa dias, em caso de ganhos variáveis. As anotações
devem ser por tipo de gastos e ganhos. Isso deve ocorrer anualmente ou
quando houver uma oscilação drástica nos ganhos ou gastos;
- Saiba
ouvir todos os membros da família, acredite eles podem e devem contribuir
com ideias;
- Independente
do parceiro trabalhar ou não, é imprescindível que ambos tenham
contribuições para suas aposentadorias. É muito comum nesses casos que
apenas quem tem o ganho faça a previdência, lembre-se ambos possuem suas
obrigações e precisam de um futuro seguro;
- Caso
tenha filhos, é preciso inclui-los na reunião e provocar neles o desejo de
sonhar e mostrar que o dinheiro é um meio e não aceita desaforo;
- É preciso
apresentar para todos da família que os excessos de gastos e desperdícios
são muito altos, acredite, esses podem chegar a 50% dos gastos;
- Para
que a família fique blindada é preciso construir uma reserva financeira,
ou reserva estratégica, garantindo sustentabilidade mínima de 12 meses, e
que deverá estar disponível a qualquer momento, seja para oportunidades ou
necessidades;
- Ainda
em caso de filhos, não erre atrelando o dinheiro dado para uma criança a
uma obrigação, lembre-se a criança não trabalha, não ganha salário;
- E,
para fechar, é preciso que o casal sempre poupe parte do dinheiro ganho,
sempre carimbando o dinheiro guardado e aplicado, nunca invista sem antes
decidir o objetivo. Dinheiro sem destino é dinheiro perdido.
Reinaldo Domingos - PhD em Educação Financeira, Presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Profissionais da Educação Financeira (Abefin). Está à frente do canal do YouTube Dinheiro à Vista, autor do bestseller Terapia Financeira e de diversas outras obras sobre o tema.
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