Catalisa conta com
projetos que prometem trazer impactos positivos na sociedade, como uma cidade
inteligente com valor social e um sistema composto por dispositivos que
incentivam a autonomia de pacientes com epilepsia
Um total de 270 planos de inovação de todo o país
vão receber recursos de até R$ 150 mil cada, convertidos em bolsas e auxílio,
para transformarem pesquisas científicas em uma micro e pequena empresa de base
tecnológica. Os projetos foram selecionados por meio do Catalisa ICT,
iniciativa inédita de inovação aberta do Sebrae e parceiros que está em sua
terceira etapa.
Além do aporte financeiro, os pesquisadores à
frente dos projetos receberão capacitações e mentorias. É neste momento também
em que se dá a aproximação com grandes empresas inovadoras e/ou entidades de
ciência e tecnologia para compartilhamento de infraestrutura, incubação ou
aceleração. Os profissionais terão acesso a serviços de incubadoras,
aceleradoras, Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e Laboratórios
credenciados, além de um acompanhamento individual.
Ao fim dessa fase, a previsão é que seja aberta uma
nova chamada pública, o terceiro edital do Catalisa ICT, a fim de escolher até
130 novos projetos de PD&I submetidos por empresas de base tecnológica. O
Catalisa ICT é destinado para qualquer segmento do mercado que use a
transferência científica para fomentar o empreendedorismo.
“Podemos dizer que o Sebrae traz o caminho para
quem está à frente das pesquisas de inovação e tecnologia. O Catalisa permite
ao pesquisador tirar a sua ideia do papel de maneira completa, pois recebe
acompanhamento em todas as etapas, com capacitação, consultoria, até o
desenvolvimento do projeto. Vamos de ponta a ponta. É, de fato, transformar o
sonho em solução, colocando para uso da sociedade”, explica o gerente de
Inovação do Sebrae, Paulo Renato.
De pesquisador a empreendedor
Professor do departamento de Ciências da Computação
da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Fernandes é um dos pesquisadores cujo
projeto foi selecionado pelo Catalisa. A Smart City Games tem como proposta
entender as dificuldades que uma cidade enfrenta e que a impedem de oferecer
uma alta qualidade de vida aos seus habitantes. Em outras palavras, conforme
define Fernandes, “as cidades inteligentes preveem o uso da tecnologia pra resolver
os problemas dos municípios”.
Mas, no caso específico da Smart City Games, o
diferencial está na participação do cidadão nesse processo, contribuindo de uma
forma mais efetiva para introduzir inovação tecnológica no território onde ele
vive, participando ativamente na construção dessa cidade inteligente. “Nossa
expectativa é validar que essa tecnologia é capaz de promover uma maior
governança e transparência do processo de desenvolvimento de inovações em um
território urbano no Brasil e que isso possa, simultaneamente, gerar renda para
o cidadão que esteja engajado no jogo”, esclarece o professor, reforçando a
característica de valor social do projeto.
Mesmo com 29 anos de docência superior, Jorge
Fernandes conta que o Catalisa permitiu que ele investisse em um lado
adormecido: o de empreender. “Ajuda a concretizar planos que ficam parados
muito tempo na mente das pessoas que têm uma visão de aplicação da ciência”,
complementa.
Mais autonomia
O Sistema de Gestão no Tratamento de Epilepsia
também está entre as iniciativas que participam do Catalisa. Inovador, ele
trará condições para que pacientes com epilepsia possam ter mais autonomia no
seu dia a dia.
Composto por três ferramentas, o sistema conta com
o Aurora – dispositivo vestível capaz de prever crises epilépticas com
antecedência, diferente dos produtos atuais, que apenas conseguem alertar
durante uma crise –, o Epistemic App – aplicativo onde o usuário pode anotar
toda a informação de suas crises e de hábitos diários, fornecendo mais
informação ao médico para seu tratamento, e o Epistemic Web – onde o médico
pode ver os dados em forma de gráficos, correlacionando crises com possíveis
gatilhos.
Segundo a co-fundadora e CEO Paula Renata Cerdeira
Gomez, o projeto promete um impacto significativo, melhorando a qualidade de
vida de pacientes e cuidadores, auxiliando médicos no tratamento e, em alguns
casos, possibilitando a volta à atividade econômica de pacientes. “Existem
poucos apps diários de epilepsia. O nosso é o único: em português, que pareia com
um smartwatch e que se integra com uma plataforma para o médico. Após
completado o projeto de inserção de inteligência artificial, ele será
totalmente inovador no mundo”, prevê Paula Renata.
A empresa está incubada no Centro de Inovação,
Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), na Universidade de São Paulo (USP). A
CEO conta que ficou sabendo do Catalisa por meio da Cietec. Ela espera que, ao
fim da iniciativa, consiga, entre outras metas, testar o Aurora com pacientes
internados no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). “Com o Catalisa, ficou muito mais clara a dor do nosso cliente e
como temos que direcionar nossa solução para atender a essa dor. Assim,
refizemos nossa proposta de valor e algumas funcionalidades do nosso sistema”,
explica.
Irrigação inteligente
Longe da pauta de saúde, mas igualmente importante,
outro selecionado pelo Catalisa foi o SEMINE, startup que trabalha em um
protótipo para entregar irrigação de precisão para pequenos, médios e grandes
produtores, por meio de sensores implantados no solo que transmitem dados a um
aplicativo, como temperatura e umidade. O produto garante o uso racional dos
recursos hídricos, a previsibilidade para o plantio e maior produtividade.
O projeto nasceu em uma disciplina de
empreendedorismo do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE), coordenada pelo professor Marcos José de Menezes
Cardoso. Ele informa que a UFRPE possui dois Campi Avançados na área da
Agricultura Irrigada que poderão ser os primeiros parceiros a validar o
produto. Ele soube do Catalisa enquanto atuava como diretor do Núcleo de
Empreendedorismo e Inovação (NEI) do Instituto de Inovação, Pesquisa,
Empreendedorismo, Internacionalização e Relações Institucionais (Instituto IPÊ)
da UFRPE.
Para ele, as expectativas são as melhores
possíveis. “O Catalisa não é apenas importante, mas vital! Nós, professores,
estamos muito ocupados com pesquisa, ensino, extensão e administração. Quando
surge algo em outra vertente, como inovação e empreendedorismo, é realmente
complicado conseguir entusiastas. No IPÊ, acreditamos que plantamos essa missão
com o Catalisa e agora esperamos cada vez mais startups pernambucanas por todo
o ecossistema”, antevê.
Parceiros
Para
execução do Catalisa ICT, o Sebrae conta com a colaboração do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI); do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPQ); do Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (Inpi); da Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (Anprotec); do Fórum Nacional de Gestores de
Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), entre outras.
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