No Brasil, estima-se que 3500 a 7000 pessoas convivam com esta condição[1]
A Neuromielite Óptica (NMO), também
conhecida como doença de Devic, é um distúrbio imunológico e neurológico, que acomete, principalmente, os nervos
ópticos e a medula espinhal. Devido à similaridade de sinais e
sintomas com as doenças neurológicas autoimunes, não é incomum que a NMO seja confundida
com a esclerose múltipla (EM), mas este não é o único grupo de doenças que deve
ser considerado um ponto de atenção na hora do diagnóstico. E para dar
visibilidade ao tema, o dia de 27 de março é marcado como o dia da
conscientização da doença.
Para o neurologista Dr. Denis Bichuetti, professor
associado da Disciplina de Neurologia e assistente do setor de neuroimunologia
e doenças desmielinizantes da UNIFESP, existem três grupos de doenças que
precisamos considerar durante a investigação. “Em primeiro lugar, as doenças
neurológicas autoimunes, por também afetarem a medula espinhal e o nervo
óptico. Em seguida, o grupo das doenças oncológicas, em razão da semelhança nas
imagens de ressonância entre a lesão medular da NMO com alguns tumores
intramedulares. E, por último, algumas doenças infecciosas e oftalmológicas,
que podem causar inflamação do nervo óptico e da medula espinhal decorrentes de
processos virais. Mas, neste caso, o paciente também apresenta febre, gânglios
inchados, emagrecimento e, às vezes, é imunossuprimido”, explica o
especialista.
Um dos exames para se chegar ao diagnóstico de
neuromielite óptica é a ressonância magnética. “Em uma pessoa com NMO, a
ressonância magnética pode mostrar uma lesão extensa e inchada na medula
espinhal”. Mas, ainda segundo o especialista, a principal causa de confusão
pode estar atrelada a essas imagens. “A pessoa que lauda o exame nem sempre tem
acesso ao histórico clínico do paciente. A esclerose múltipla também pode
causar lesão na medula espinhal. Tumores costumam provocar inchaços e alguns
processos infecciosos necrosam. Então, a melhor forma de evitar erros é fazer a
investigação baseada nos critérios diagnósticos, ou seja, histórico clínico,
tempo de evolução, exames clínicos e apoio laboratorial”, comenta.
A história da palestrante motivacional e coach
de saúde integral, Dani Americano, reflete as consequências dessa confusão.
“Por causa de um diagnóstico errado, perdi todos os movimentos do peito para
baixo, me tornando tetraplégica funcional. Me tornei cadeirante e completamente
dependente das pessoas para tudo. Não era capaz de me virar na cama sozinha”,
relata.
O que pode auxiliar nessa jornada é a realização do
exame de sangue conhecido como anticorpo anti-aquaporina 4. “Esse exame reconhece uma característica que está
presente em quase 90% dos casos de pacientes com NMO, não se aplicando a outras
doenças. Na existência de uma lesão medular extensa, de uma perda visual
temporária, sensações alteradas e membros fracos e pesados, um exame de
anticorpo anti-aquaporina 4 positivo confirma o diagnóstico para NMO. Vale
lembrar que 10% das pessoas podem ter NMO ou síndromes semelhantes e o
anticorpo não ser detectado. Nesses casos, cabe o melhor raciocínio clínico
possível para definir o diagnóstico. Em geral, este teste se
tornou um importante marcador para a NMO e ajudou a melhorar a nossa
compreensão do espectro desta doença”, finaliza o professor adjunto de
neurologia da UNIFESP.
Para Dani, a mudança de hábito alimentar e o
exercício do pensamento positivo contribuíram para uma melhor qualidade de
vida. “Optei pela mudança no meu estilo de vida dando início a uma alimentação
anti-inflamatória. Eu retirei do cardápio leite e seus derivados, glúten,
açúcar, embutidos e ultraprocessados, que são considerados altamente
inflamatórios, e foquei em alimentos com ação anti-inflamatória, como legumes,
frutas e verduras. Aliado a isso, tenho exercitado a gratidão. Procuro pensar
naquilo que me faz feliz. E, hoje, contrariando todos os prognósticos médicos,
deixei de ser tetraplégica funcional e sou capaz de ficar 60 segundos em pé sem
apoios”, exalta.
Dani é uma das fundadoras do grupo NMO Brasil, que
organiza o movimento “Março Verde” junto com as
Organizações Não-Governamentais Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME)
e a Crônicos do Dia a Dia (CDD). A iniciativa visa chamar a
atenção para a Neuromielite Óptica e ampliar a discussão sobre a doença por
meio de ações de conscientização. Em alusão à sigla NMO e aos sintomas da
doença, a campanha de Março Verde deste ano traz a hashtag #NãoMenosprezeOsSinais
[1]
PEBMED. Uma nova alternativa para a Neuromielite Óptica? [AAN 2019]. Disponível
em: site
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