Após perder um bebê, como proceder para que, na
próxima gestação, um novo aborto não ocorra? E qual é o momento correto para
uma nova tentativa de gestação? No mês de março, um alerta sobre o tema é feito
em todo o mundo Dra. Mariana Rosário
Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que a investigação de problemas ocorridos na gestação anterior podem indicar alterações na saúde materna que pode causar a perda. Ao tratar a questão, evitam-se os abortos de repetição
Apesar de a perda gestacional acometer muitas
famílias, ocorrer por diferentes causas e em momentos distintos da gestação, o
aborto deve ser investigado na primeira vez que acontecer. Essa é a opinião da
Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo
clínico do hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP). Segundo ela, não é
preciso - e nem oportuno - esperar que uma família sofra três ou mais vezes a
mesma situação para que o problema comece a ser
investigado. "As causas podem variar de alterações genéticas,
endocrinógicas e metabólicas a trombofilias e podem se repetir, então, é
preciso que haja esse estudo da saúde da mulher", diz ela.
Março é considerado o Mês Mundial de Conscientização da Gestação Após a Perda. Essa campanha foi criada para que as famílias buscassem ajuda para não enfrentarem um segundo aborto. “É traumático perder um bebê e muitas famílias demoram um bom tempo para lidar com esse luto. Tanto é que o bebê que vem após a perda, de tão desejado, é chamado de bebê arco-íris, aquele que trará esperança e ressignificação à família após um período de tempestade”, comenta a médica.
E como garantir que o bebê arco-íris realmente virá? Segundo a Dra. Mariana Rosario, existem alguns problemas que podem causar abortos e, quando uma mulher chega ao consultório e relata que eles existem em sua família, em seu histórico de saúde ou ela já passou por um aborto, é necessário que se investigue. “Se a paciente teve um quadro de trombofilia, é importantíssimo que se investigue e se adotem medidas preventivas para que ela não repita o processo. Se, na família, há casos e alterações genéticas, podemos investigar. Quando a mulher apresenta malformações uterinas, elas precisam ser tratadas antes que ela engravide. E, assim, vamos nos cercando de cuidados que viabilizem a gestação”, exemplifica Dra. Mariana.
Para que se entenda melhor, algumas situações são propensas a causar abortos:
Alterações genéticas – Existem situações em que o feto sofre alterações genéticas e o aborto ocorre. As mais comuns são duplicações, trissomias ou perdas de cromossomo inteiro ou parte dele nas células do feto. Essa situação é comum, também, em casos de fertilização, sendo necessária a realização de análise genética do embrião. Quando os pais têm alteração genética, podem existir situações chamadas de incompatíveis com a vida, então, ocorre o aborto. Apenas após o primeiro aborto é que é possível realizar testes genéticos nos pais para que se descubra alguma alteração.
Alterações endócrinas ou metabólicas – Problemas de saúde maternos podem impactar não apenas a mãe, mas o bebê. Diabetes, Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), insuficiência lútea, aumento considerável da prolactina e distúrbios da tireoide podem levar à perda fetal. Por isso, é preciso que, antes da concepção, a mulher seja tratada.
Problemas imunológicos – Toda gestante é imunologicamente suprimida, para que seu organismo não ataque o bebê, um corpo estranho. Porém, uma falha pode ocorrer e haver rejeição ao feto, acontecendo uma resposta imune protetora.
Malformações uterinas – Existe uma série de malformações uterinas que podem impedir a implantação do embrião ou seu correto desenvolvimento.
Trombofilias – Grande vilãs da saúde materna, as trombofilias são alterações na coagulação que levam à formação de trombos – coágulos que podem impedir o transporte de nutrientes e oxigênio pela placenta, interrompendo o desenvolvimento do feto. Quem tem histórico anterior ou casos na família precisa fazer exames específicos, como pesquisa de mutações no Fator V de Leiden, na Protrombina, e polimorfismo 4G/5G, além da pesquisa de anticorpos irregulares (SAAF) e deficiências em proteínas envolvidas com a coagulação (como as proteínas S e C).
Estilo de vida e hábitos pouco
saudáveis – Tabagismo; uso de drogas; consumo de álcool;
obesidade; sedentarismo, uso indiscriminado de medicamentos e tudo o que se
traduz em maus hábitos pode contribuir para o aborto. Inclusive, o pai tem
papel importante neste quesito: a qualidade do espermatozoide – que é
prejudicado por esses fatores – está associada ao aborto de repetição.
“Por tudo isso, é imprescindível que sejam
realizados exames para diagnóstico de possíveis alterações e um pré-natal
adequado. O sonho de ter um bebê pode ser realizado sem traumas e também é
preciso pensar na saúde da mulher, física e emocional, que precisa ser
preservada”, finaliza Dra. Mariana Rosario.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e
Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
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