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domingo, 6 de março de 2022

Espetáculo ‘Fêmea’ explora a violência doméstica naturalizada contra a mulher e faz apresentações no Sesc Interlagos

Dirigida por Carmem Soares, peça da Cia do Despejo investiga o teatro gestual e a dança para refletir sobre a marginalização social feminina

 

Companhia também realiza uma oficina de serigrafia em bolsas de algodão cru com frases de empoderamento


Crédito: Antonio Simas Barbosa

 

Com o objetivo de refletir sobre o que é ser mulher nos dias de hoje, a Cia do Despejo fez uma ampla pesquisa em teatro gestual e dança para desenvolver o espetáculo “Fêmea”, que faz duas apresentações gratuitas no Sesc Interlagos nos dias 12 e 19 de março, às 16h.


Atenção: a entrada no Sesc Interlagos só é permitida mediante a apresentação do comprovante de vacinação contra Covid-19 (físico ou digital) e de um documento com foto. Para os maiores de 12 anos, é preciso ter duas doses da vacina. Já as crianças de 5 a 11 anos devem apresentar o documento evidenciando uma dose.


A obra, dirigida por Carmem Soares, é construída a partir dos corpos femininos e suas interações com diversos objetos-símbolo associados à figura da mulher. Essa fisicalidade foi criada por meio do estudo da motricidade de animais usados para adjetivar negativamente as mulheres, como porca, galinha e vaca. As movimentações incorporadas afloram as distorções existentes entre a maneira como são comparadas, vistas, tratadas e seus corpos reais presentes. 


Serviram como influências dramatúrgicas a escritora Carolina Maria de Jesus e sua obra "Quarto de Despejo"; o livro “Presos que menstruam: a brutal vida das mulheres - tratadas como homens - nas prisões brasileiras”, da jornalista Nana Queiroz, e os documentários “Estamira”, de Marcos Prado, e “Meninas”, de Sandra Werneck.  Além de referências autobiográficas da equipe de criação.


Para dar o tom do espetáculo, a música é executada ao vivo e explora sonoridades afro-brasileiras em composições autorais. As potentes vozes femininas se juntam aos instrumentos melódicos e percussivos, como a alfaia, o djembe, o violão e o agogô. Há também a constante exploração de sons de elementos da natureza e dos arquétipos animais, como água, lama, madeira, grunhidos de porcos, sinos de vacas e sonoridades do mangue.


“Nossa pesquisa também contemplou os cantos ancestrais, como o vissungo, que se originou entre os negros escravizados na região de Minas Gerais. Ouvimos muito Clementina de Jesus, que tem um disco unindo diversos cantos vissungos. O grupo Clarianas, que explora os cantos caboclos, foi outra referência – a Naruna Costa até nos cedeu uma canção”, comenta Aline Machado, uma das atrizes-criadoras do trabalho. 


As cenas bastante imagéticas evidenciam as violências sofridas pelas mulheres, o que possibilita a criação de um espaço de acolhimento, potencializado por um bate-papo com o público logo após as apresentações. 


O cenário e o figurino evidenciam ainda mais a temática. As atrizes vestem bermudas, sutiãs com fecho frontal e corpetes pós-cirúrgicos, em referência aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Conforme a peça avança, seus corpos e vestimentas ganham tons de vermelho, simbolizando tanto a violência quanto a emancipação feminina.  


Já o cenário se divide em três espaços: o ambiente doméstico, formado por mobílias como fogão, cadeiras e relógio; o “não-lugar”, que fica vazio e é onde as atrizes encontram seu local de fala; e a área dedicada às musicistas.  


No elenco estão Aline Machado, Carolina Gracindo e Ingrid Alecrim. As musicistas são Aryani Marciano, Beth Sousa e Helena Menezes e o dramaturgista é o Felipe Dias Batista. 


Serigrafia para mulheres

Seguindo a proposta de manter uma forte rede de apoio feminina, no dia 19 de março, das 10h às 13h, a Cia do Despejo realiza uma oficina de serigrafia em bolsas de algodão com frases de empoderamento. As inscrições acontecem diretamente no Sesc Interlagos no próprio dia. São disponibilizadas 20 vagas.   


SOBRE CARMEM SOARES – DIREÇÃO

Carmem Soares é moradora do Grajaú, mulher cis, lésbica, periférica. É atriz, diretora, educadora e produtora. E Licenciada e bacharelada em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes e Mestra em Arte Educação pelo Instituto de Artes da UNESP. 

É idealizadora do A Casala Espaço Cultural e do Projeto La Fancha - Casa Restaurante e integrante da Cia Teatral As Truparteiras.


SINOPSE

"Fêmea" é um espetáculo de teatro gestual que apresenta cenas imagéticas. A narrativa é construída através de corpos femininos, da relação da casa com esses corpos e da musicalidade entoada ao vivo.  

As cenas elucidam violências cotidianas a que estão submetidas tantas mulheres em nossa sociedade e investigam quais aspectos são entendidos como determinantes do que é "ser mulher" em nossa cultura. Os elementos postos em cena podem trazer memórias afetivas sob a lente poética que amplia perspectivas possíveis da mulher sobre as situações em que é posta. Aos poucos, as histórias pessoais apresentadas ganham processos emancipatórios possíveis e interdependentes.


FICHA TÉCNICA

Diretora: Carmen Soares

Dramaturgista: Felipe Dias Batista

Atrizes Criadoras: Aline Machado, Carolina Gracindo e Ingrid Alecrim

Musicistas Criadoras: Aryani Marciano, Beth Sousa e Helena Menezes

Sonoplasta (efeitos sonoros digitais): Nina Oliveira

Técnica e Operadora de Som: Wayra Arendartchuk

Criadora de Luz: Carolina Gracindo

Iluminador: André Mutton

Orientadoras de Corpo: Ana Paula Bouzas e Mariana Arantes

Orientadora Musical: Valquíria Rosa

Costureira: Duda Viana

Cenotécnica: Ingrid Oliveira

Cenógrafa: Carolina Gracindo

Figurinista e Concepção de Maquiagem: Ingrid Alecrim

Produtor de Palco: Felipe Dias Batista

Assessoria de Imprensa: Verônica Domingues e Bruno Motta - Agência Fática

 

SERVIÇO

Fêmea, da Cia do Despejo
Teatro do Sesc Interlagos

Av. Manuel Alves Soares, 1100 - Parque Colonial, São Paulo – SP | Por conta da pandemia de Covid-19, a capacidade do teatro será reduzida pela metade e será obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação
Temporada: 12 e 19 de março, às 16h
Classificação: 12 anos
Grátis



Oficina de serigrafia em bolsas de algodão cru com frases de empoderamento feminino
Grátis
Sesc Interlagos

Av. Manuel Alves Soares, 1100 - Parque Colonial, São Paulo – SP | Por conta da pandemia de Covid-19, a capacidade do teatro será reduzida pela metade e será obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação
Data: 19 de março, das 10h às 13h
Inscrição: direto no Sesc Interlagos, no próprio dia 19
Vagas: 20
Classificação: 12 anos
Facebook:
@ciadodespejo
Instagram: @ciadodespejo

 

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