Especialistas afirmam que menos quantidade e mais qualidade são as novas prioridades ao viajar e podem auxiliar na saúde mental
Quase dois anos
após o início da pandemia, pessoas ao redor de todo o mundo optaram por viver
de uma nova forma, que é menos acelerada, com menos aglomeração e valorizando
mais os detalhes e momentos. Essas mudanças se estendem também na hora de
viajar e a popularização do “slow travel” é prova disso. O estilo de viagem
voltado para relaxamento e autoconhecimento é tendência e pode, inclusive,
auxiliar na saúde mental.
De acordo com a
psicóloga Bettina Corrêa, da Iron Telemedicina, após quase dois anos de tantas
restrições de contato e de possibilidades de sair, as pessoas estão buscando
viver uma rotina próxima à que tinha antes da pandemia, mas é possível perceber
mudanças.
“A Covid-19 tirou
de nós a capacidade de planejamento e de controle da rotina e muitos adoeceram
psiquicamente nesse período. Ao ter a mínima liberação, recupera-se a sensação
de que estamos no controle das nossas vidas e há um movimento para retomar as
atividades, como viajar, mas muitos já não buscam mais por aglomeração ou ir a
tantos eventos”, afirma.
A influenciadora e
especialista em viagens, Ana Stier, explica que o “slow travel” é tendência
justamente porque acompanha essa mudança da sociedade. O estilo de viagem é
ideal para quem busca momentos mais calmos e desacelerados e que,
consequentemente, ofereçam uma verdadeira imersão cultural.
“Muitos jovens têm
desenvolvido a síndrome de FOMO, que é uma abreviação de fear of missing out,
ou seja, medo de estar perdendo algo. Ela gera ansiedade, angústia e depressão
e pode estar ligada a este costume de querer viajar a muitos destinos, já que a
internet está cheia de locais turísticos que ‘não podemos perder’. O ‘slow
travel’ vai na contramão disto”, conta.
Ana fala ainda sobre o sentimento de “precisar tirar férias das férias” e como é possível se livrar dele.
“A resposta está
sempre no como viajamos… Menos destinos para cumprir um protocolo (ou uma
foto), menos Wi-Fi, e mais conexões reais, humanas. O conceito de slow travel é
um convite para uma nova mentalidade de experiência. É se questionar: ‘isso faz
mesmo sentido pra mim?’ Seja na tomada de decisão de um restaurante, seja para
um passeio turístico”.
Por fim, a
especialista relata que acredita que esta forma de aproveitar viagens é uma
oportunidade para autoconhecimento e autocuidado.
“É claro que ainda iremos
conhecer pontos turísticos. É natural ir à Paris e querer visitar a Torre
Eiffel, mas esse estilo de viagem é também sobre passear na cidade, fazer um
piquenique, olhar à volta, andar de bicicleta... Um passeio em que nós
aproveitamos menos destinos, mas com mais profundidade, acaba se tornando mais
gostoso e enriquecedor”, finaliza.
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