A necessidade de uma reforma tributária é perceptível no Brasil. Além de encarecer cada vez mais nossos produtos e reduzir o poder de compra da população, o excesso de impostos traz diversas consequências drásticas para a economia brasileira – desestimulando investimentos internos e externos e, principalmente, abrindo portas para a ilegalidade, ao estimular uma crescente onda de sonegações e fraudes. A situação é drástica e, para evitar mais prejuízos à curto e longo prazo, precisamos abordar o tema com a atenção que ele demanda.
Mesmo em um cenário de forte crise global, 2021 foi
o ano no qual a nossa Receita Federal mais arrecadou impostos. Foram cerca de
R$ 1.685 trilhão acumulado neste período – um recorde que representa um aumento
de 18,13% em relação a 2020, segundo dados do próprio órgão. Como justificativa
para este marco, está, principalmente, a estabilidade do sistema de arrecadação
aplicado no país.
O Brasil mantém a média histórica da carga
tributária em torno de 40% desde 2012. Mesmo com uma carga tributária
considerada alta, o esperado retorno em serviços públicos e investimentos é
muito baixo, em razão da inexistência de políticas públicas eficientes.
Considerando o volume que se paga de tributos versus
o baixo retorno dos serviços públicos, abre-se as portas para possíveis fraudes
e práticas de sonegação.
A fraude ou sonegação pode ocorrer de forma direta
ou indireta, sendo a primeira quando o contribuinte quer praticar qualquer ato
ilícito para deixar de pagar tributos.
Além disso, o reconhecimento de fraude pode
acontecer quando a Receita Federal não concorda com movimentos de planejamento
tributário, considerando as operações realizadas pelo contribuinte como
fraudulentas.
Há uma diferença substancial nas duas situações
narradas, sendo que na primeira há vontade do contribuinte em manipular ou até
mesmo descumprir a legislação tributária, já no segundo caso, não há nenhuma
intenção de burlar a legislação, mas sim tão somente encontrar meios de
diminuir a carga tributária dentro dos contornos legais.
Na prática, o planejamento tributário representa
alternativas legais para conseguir diminuir a carga tributária e dar
continuidade à operação empresarial.
Em um momento de incerteza como o atual, é
compreensível que diversas empresas optem por analisar sua operação e verificar
a pertinência de realizar algum tipo de planejamento, mesmo sabendo que a
Receita Federal pode ou não concordar posteriormente.
Uma possível reforma tributária que traga regras
mais claras e com percentuais menores, pode evitar este tipo de situação, que
gera desgaste, riscos e insegurança jurídica.
Outro movimento recorrente no cenário de ausência
de crescimento econômico é a opção da empresa em declarar seu débito e não
recolher, fazendo com que seu nível de passivo tributário aumente, cuja
resolução será tentar a liquidação a médio e longo prazo.
As três situações, que ocorrem com frequência,
revelam a complexidade da legislação tributária e a alta carga dos impostos
dificulta como fatores principais para estimular a fraude, seja por meio direto
ou mesmo pela realização de planejamento tributários.
Desta forma, é necessário a imediata reforma
tributária integral tanto para simplificar a legislação tributária e a forma de
apuração, bem como, a redução significativa das alíquotas ou do campo de
incidência para fins de arrecadação.
Por fim, o objetivo é simplificar o sistema
tributário com foco na desoneração da produção e consumo.
Angelo
Ambrizzi - advogado especialista em Direito Tributário pelo
IBET, APET e FGV com Extensão em Finanças pela Saint Paul e em Turnaround pelo
Insper e Líder da área tributária do Marcos Martins Advogados.
Marcos
Martins Advogados
https://www.marcosmartins.adv.br
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