Como a maioria dos setores econômicos do Brasil, a pandemia de covid-19 impactou fortemente o franchising, que se reinventou, acelerando a digitalização dos negócios (a Lei geral de Proteção de Dados Pessoais contribuiu neste sentido), experimentando novos formatos e explorando como nunca todos os canais existentes para chegar ao consumidor.
As projeções da ABF – Associação Brasileira de Franchising atestam que
no final de 2021, o faturamento do setor atingiu os níveis de 2019, bem como
que, diariamente, são abertas 25 unidades franqueadas em nosso país.
Hoje, não temos projeções específicas para o setor de franquias
referente 2022. Os levantamentos divulgados no final do ano passado para o
varejo apontavam o crescimento de cerca de 1% neste ano. A plataforma EMIS do
Grupo ISI Emerging Markets emitiu relatório recente prevendo 3,8% de aumento de
vendas do varejo brasileiro para 2022. Quanto ao segmento de “food servisse”,
fortemente afetado pela pandemia, de acordo com estudo da ABIA – Associação
Brasileira da Indústria de Alimento, a perspectiva para 2022 é uma elevação no
faturamento entre 15% a 20%.
Vale lembrar que a última projeção do PIB do Brasil está em 1% positivo
segundo Banco Central e 0,3% conforme o FMI.
Um ponto a ser destacado é o expressivo avanço do e-commerce. Conforme
dados da Sondagem do Comércio, efetuada pela Fundação Getúlio Vargas, as vendas
realizadas por meio do comércio eletrônico representavam 21,2% do faturamento
total do varejo em 2021, contra 9,2% no momento anterior à pandemia de
Covid-19. Os especialistas defendem que esta é uma realidade que veio para
ficar e tomar mais mercado.
Observamos no ano passado movimentos de consolidações no mercado.
Agentes do setor dizem que ainda existe espaço para mais fusões e aquisições no
varejo e, portanto, no setor de franquias. Ademais, igualmente permanece
aquecido o mercado de IPOs, com franqueadoras em processo de abertura de
capital.
O atual alastramento da ômicron é uma dificuldade no curto prazo e
aumenta o sentimento de incerteza para o futuro, muito embora os elementos não
indicam que os entes governamentais determinarão novo lockdonwn. Por outro
lado, a crise macroeconômica e o desemprego tornam as franquias atrativas,
especialmente as chamadas microfranquias, em vista de suas vantagens, tais
como, modelo de negócio testado, baixa taxa de mortalidade, marca consolidada,
entre outras. Além do mais, em razão da crise, há muitas oportunidades de
trespasse de unidades franqueadas.
Neste ano alguns desafios continuarão a existir, como as constantes
negociações com os locadores dos pontos comerciais e shopping centers, inflação
alta que afugenta o consumidor, dificuldades no fornecimento, restrição de
crédito e alta nos custos fixos. Felizmente as pequenas empresas no regime do
simples serão atendidas em programa de regularização de tributária, cuja
aderência deverá ocorrer até 31 de março de 2022.
Por fim, uma tendência para os próximos anos é uma maior preocupação das
redes com compliance, aliada aos conceitos de ESG – preocupação ambiental,
social e governança.
Daniel Cerveira - advogado, sócio do escritório Cerveira, Bloch, Goettems, Hansen & Longo Associados Advogados Associados, pós-Graduado em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, consultor jurídico do Sindilojas-SP, autor do livro "Shopping Centers - Limites na liberdade de contratar", Editora Saraiva, professor dos cursos MBA em Varejo e Gestão de Franquias da FIA – Fundação de Instituto de Administração e da Pós-Graduação em Direito Imobiliário do Instituto de Direito da PUC/RJ.
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