Podendo acontecer dos 15 aos 50 anos, o tumor pode acabar passando despercebido ou sendo mascarado por um processo inflamatório. Oncologista comenta sinais para ficar de olho e importância do tratamento precoce
Dentre os tipos de câncer que mais afetam a
população do gênero masculino, certamente o de próstata figura entre os mais
lembrados. Contudo, ainda poucas são as menções a um outro tipo de tumor que,
apesar de menos incidente, responde por cerca de 5% de todos os tumores
malignos detectados entre eles - e em sua grande maioria atinge os mais jovens:
o câncer de testículo.
Esse tipo de neoplasia afeta de forma mais
frequente homens com idades entre 15 e 34 anos. Nessa fase, segundo dados do
Ministério da Saúde, existe a chance de o tumor ser confundido, ou até mesmo
mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso envolvendo o testículo.
“É comum que a descoberta do tumor aconteça durante
a higiene com aumento do volume do testículo ou nódulo geralmente indolor, por
isso o autoexame na região é a melhor forma de garantir a detecção de qualquer
alteração”, comenta Pamela Muniz, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção
congênita em que o testículo nasce fora da bolsa escrotal, ou seja, fora da
posição normal, pertencem ao grupo com maior chance de desenvolver a doença.
Outros fatores de risco incluem história familiar ou pessoal prévia de câncer
de testículo e a infertilidade.
Outros fatores como vasectomia, litíase e trauma
escrotal não são fatores de risco para câncer de testículo.
Fique atento aos sinais
Entre os sinais mais comuns da doença estão: o
aumento ou a diminuição do testículo e o aparecimento de um nódulo duro que, na
maioria das vezes, não provoca dor. Pode-se notar ainda a sensação de um peso
ou dor na região abdominal. Esses achados podem ser percebidos após trauma
local, ainda que não haja uma relação de causa-consequência estabelecida entre
esses fatores.
“Quando falamos de forma geral sobre câncer
masculino é natural que as pessoas relacionem o termo apenas à ocorrência de
tumores da próstata, principalmente por conta das campanhas globais de
conscientização, como o Novembro Azul. Apesar disso, é fundamental que as
pessoas passem a conversar também sobre outros tipos de tumores que afetam
exclusivamente o gênero masculino, como é o caso do câncer de testículo e do
pênis”, frisa a especialista.
Como é feito o diagnóstico
Após exame clínico para verificação da presença de
nódulos palpáveis ou alterações que sugiram câncer, um dos principais exames
para confirmação diagnóstica é a ultrassonografia da bolsa escrotal, que
identifica a lesão. Também são solicitados exames laboratoriais para a
identificação de marcadores tumorais que contribuem para estratificar o risco
da doença em questão e definir o melhor tratamento complementar após a
cirurgia, como a alfa-fetoproteína, beta-HCG e DHL.
É realizada também uma avaliação sistêmica completa
para o rastreio de metástases e, portanto, exames de imagem do tórax e do
abdome são habitualmente solicitados.
A orquiectomia (retirada do testículo) é um
procedimento considerado diagnóstico e terapêutico assim que confirmados nódulo
ou massa no exame físico e de imagem.
Tratamento
Mesmo que o nódulo seja pequeno, o tratamento
costuma ser sempre cirúrgico, optando pela retirada para análise
anatomopatológica ao microscópio.
"Após a cirurgia, pode existir ainda um tratamento posterior com quimioterapia, radioterapia ou até mesmo o seguimento clínico com exames. É muito importante que esse paciente faça o acompanhamento regular indicado pelo especialista. A partir disso, pode-se investigar a presença da doença em outros órgãos e agir o mais rápido possível para oferecer o melhor ao paciente", comenta Pamela.
É importante lembrar que apesar de raro, o câncer
de testículo é altamente curável. "Com o tratamento precoce, as chances de
cura podem chegar a mais de 95%. O maior risco de recidiva da doença está nos
primeiros 2 a 3 anos do diagnóstico, embora o acompanhamento próximo se
mantenha ao longo dos primeiros 5 anos", comenta a oncologista.
Câncer de testículo pode
afetar a fertilidade?
Antes do início do tratamento contra o câncer, é
importante levantar questões sobre a vontade de ter filhos. Uma das
alternativas é considerar o armazenamento de sêmen, em um banco apropriado,
para o uso futuro.
A oncologista Pamela Muniz alerta que como a
fertilidade poder ser afetada, é muito importante conversar com o médico para
as melhores alternativas de preservação antes de qualquer abordagem
terapêutica. "Antes do tratamento, é fundamental que o tema da fertilidade
seja abordado: divida com seu oncologista suas preocupações e esclareça todas
as dúvidas. O médico tem esse importante papel de não somente indicar o melhor
tratamento, mas também de orientar e desmistificar questões pouco comentadas
impactadas pela doença em si e pelos seus tratamentos específicos",
finaliza.
Grupo Oncoclínicas
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