Condição afeta 1 em cada 250 recém-nascidos
O
torcicolo congênito é pouco conhecido, mas relativamente comum. A principal
característica da condição é a inclinação da cabeça do bebê para o lado do
músculo do pescoço afetado, com uma rotação para o lado oposto. Em geral, o
torcicolo congênito se manifesta no primeiro mês de vida.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em neurologia
e prematuridade, o diagnóstico, em geral, é realizado
clinicamente.
“O bebê apresenta uma limitação dos movimentos do pescoço. Além disso, o ombro
fica elevado devido à contratura do músculo e a cabecinha inclina-se para o
lado”.
Traumas no parto
A origem do torcicolo congênito pode estar ligada a questões pré-natais, como o
tocotraumatismo cervical (lesões causadas no bebê durante o trabalho de parto),
mal posicionamento uterino e hereditariedade.
Outra possível causa é a diminuição da passagem de sangue para o músculo
esternocelidomastoideo, músculo que sustenta o pescoço.
Um estudo brasileiro apontou que o parto cesáreo e o uso de fórceps também
aumentam o risco. Essa pesquisa também mostrou que em 75% dos casos, a mãe é
primigesta, ou seja, eram bebês fruto da primeira gestação.
Outras manifestações
É comum também a presença de um nódulo no músculo do pescoço, em
aproximadamente 20% dos casos.
“Um ponto de atenção é que esse nódulo costuma aparecer entre dez e 14 dias
após o parto. Ele pode crescer e chegar até o tamanho de uma amêndoa. Depois,
ele começa a diminuir e pode desaparecer até o oitavo mês de vida”, diz
Walkíria.
Em muitos casos, o bebê que apresenta o torcicolo congênito também apresenta
displasia no quadril. “Por isso, sempre que há o diagnóstico dessa condição, é
preciso investigar se há também alteração no quadril”, ressalta a especialista.
Consequências do torcicolo congênito
Os bebês com o torcicolo congênito preferem dormir de bruços com o lado do pescoço afetado para baixo. Entretanto, essa posição é potencialmente perigosa, pois pressiona os ossos faciais em desenvolvimento.
“Essa pressão constante pode causar o remodelamento desses ossos. Como resultado, o bebê pode desenvolver uma diminuição da atividade de formação dos tecidos, chamada de hemihipoplasia facial”, diz Walkíria.
“Outra consequência grave é a plagiocefalia. Trata-se de uma deformidade no crânio devido ao bebê dormir sempre do mesmo lado. A cabeça perde o formato mais redondo e fica com uma aparência achatada”, explica a fisioterapeuta.
Fisioterapia é essencial
A boa notícia é que com o tratamento fisioterapêutico, 90 a 95% dos bebês melhoram antes do primeiro ano de vida. Essa taxa pode subir para 97%, caso a fisioterapia seja iniciada antes do bebê completar seis meses.
Contudo, aqui vai um alerta: o diagnóstico e o tratamento tardios podem gerar complicações, como escolioses cervicais e/ou torácicas compensatórias e dores crônicas.
De acordo com Walkíria, a fisioterapia tem como objetivo realizar correções ativas da posição do pescoço no dia a dia, bem como melhorar a contratura muscular. “A fisioterapia é de suma importância para evitar a intervenção cirúrgica, além de ser um tratamento não traumático e eficaz”.
“Vale ressaltar que o tratamento deve continuar em casa, com a realização diária e constante dos exercícios indicados pelo fisioterapeuta. Isso pode fazer toda a diferença na resolução do torcicolo congênito mais precocemente”, finaliza Walkíria.
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