Negacionismo e dopamina: Neurocientista Fabiano de Abreu revela como o sentimento “da moda” é explicado por uma mudança nas funções cognitivas e vicia as pessoas em busca de autoafirmação.
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A
palavra “negacionismo” está na boca do povo. Amplamente comentada, a expressão
tem sido usada para destacar a posição de algumas pessoas a respeito da
pandemia que o mundo vive há pouco mais de um ano. Mas, qual é o real sentido
do vocábulo para a ciência?
Se por um lado a expressão está cada vez mais empregada pelas pessoas, por outro é importante compreender como ela se aplica no corpo humano e seus efeitos, revela o PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu: “O negacionismo libera a dopamina, o hormônio da recompensa. Quando a pessoa defende aquele argumento, ela quer demonstrar a todo custo que possui razão, e por isso quando ela é liberada pelo cérebro, a pessoa passa a ter sensações de felicidade, alegria e bem estar. Além do desejo de defender seu argumento, ela também passa a se nutrir daquele sentimento positivo”.
É o que explica, por exemplo, a atitude de alguns negacionistas na internet: “Quando elas estão em baixa, precisam encontrar métodos para levantar sua moral e esse meio virtual é deles. Afinal, ao atacar os outros e buscar, ainda que de forma negativa, uma maneira de sobressair e colocar o seu nome em evidência”.
E
o negacionismo, nesses casos, está plenamente ligado à necessidade de ser visto,
observa Abreu: “Quando você nega algo e expõe isso, você está também diante de
um caso de narcisismo. A dopamina nesses casos acaba sendo liberada, pois você
quer provar ter razão naquele argumento. E esse hormônio é viciante, daí você
terá necessidade cada vez maior de nutrir dele. Ao defender seu argumento na
internet, você coloca para todos seu lado narcisista. E, enquanto isso a
dopamina liberada vai te ajudar a sair das situações negativas que você estava
vivendo”, completa.
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